11.11.08
Padres no altar
Entre a batina e a aliança : das mulheres de padres ao movimento de padres casados no Brasil
Tese de Doutorado em História, defendida por Edlene Oliveira Silva na Univesidade de Brasília - UnB
Padres Casados MPC, institucionalizado no Brasil na década de 1980. Para tal, a investigação debruçou-se sobre a construção histórica do celibato clerical desde a sua instituição no baixo medievo, durante o período da chamada Reforma Gregoriana (1050-1226), até o século XX, quando o movimento em tela se constituiu. Consolidado no princípio da Idade Moderna pelos cânones do Concílio de Trento (1537-1563), o celibato eclesiástico tornou-se o principal símbolo identitário do clero latino ao santificar e fortalecer a hierarquia eclesiástica, justificando sua superioridade em relação aos leigos e aos demais sacerdotes de outras denominações religiosas. Em Trento os sacramentos do matrimônio e da ordenação sacerdotal católica passam a ser consagrados como caminhos excludentes. O concubinato e o casamento de padres serão penalizados pelo direito canônico e pela legislação monárquica portuguesa até meados do século XIX, fato que não impediu que a lei do celibato fosse constantemente transgredida em segredo. Questionado publicamente pela primeira vez durante o Concílio Vaticano II (1962-1965), o celibato clerical foi mantido e assegurado pela Encíclica Sacerdotalis Caelibatus (1967), gerando um considerável fluxo migratório de sacerdotes que resolvem abandonar o ministério eclesiástico para casar-se. Ocupando um entre-lugar, entre a batina e aliança, padres egressos casados de todo o mundo se organizaram na tentativa de preservar os vínculos sacramentais que os uniam e lutar por objetivos comuns. No Brasil, o MPC congregou os anseios de milhares de padres casados, criando um espaço de diálogo entre os egressos, a sociedade e a Igreja. Por meio de uma extensa análise dos principais meios de divulgação do movimento e de entrevistas com os líderes do MPC esta pesquisa procurou entrever de que forma os egressos brasileiros construíram suas representações, articuladas por várias vertentes, mas sempre interpeladas pela força simbólica do imaginário religioso. Na trama de discursos forjados pelo MPC e pela Igreja, tradição e modernidade se intercalam na defesa ou crítica ao celibato.
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