5.11.08

Trabalhando de graça pro Pava?

Se vamos perguntar por que as pessoas colaboram na rede, caberia também, na seqüência, saber porque os bares ficam lotados às sextas-feiras e as pessoas vão à praia ou festas bater papo.

Participamos do evento na RioInfo sobre o futuro da internet. Sala cheia de amigos, fala-se de tudo até que o professor da UFRJ Henrique Antoun lança a provocação.

“Vem cá, o usuário que colabora é colaborador ou apenas um otário?”.

É uma pergunta que todo mundo, no fundo, se faz. Por que alguém vai perder tempo colocando “pitacos” no Wikipedia? Informando de engarrafamento por celular?

Enquanto ele está ali por esporte, o dono do site está à vera, ganhando dinheiro. Será que não teremos no futuro a revolução dos otários? E farinha pouca meu pirão primeiro.

Tenho algumas intuições sobre o assunto. Desenvolvi duas teorias:

1) O desespero do elevador

Cena: todo mundo calado dentro do elevador… ele pára… silêncio e todo mundo começa a falar. Por quê?

Me parece que, no desespero, as pessoas sentem necessidade da interação para resolver seus problemas. Como não há ninguém para ajudá-los, começa-se a tentar uma alternativa.

A colaboração, a meu ver, é a necessidade de solucionarmos problemas que ninguém pode oficialmente nos ajudar. Você comprou um carro, mas deu problema e você não sabe como solucionar. A montadora desconhece e você quer saber a opinião de outros consumidores iguais a você.

Você tende a pedir ajuda e fica mais aberto para ajudar, não necessariamente nessa ordem. Mas e o outro lado de quem ajuda? Aí vem a segunda teoria:

2. O complexo de praça do interior

Me parece que o grande motivador é o combate ao anonimato. Todo mundo se sente solitário e anônimo na grande cidade e precisa sair da sombra. A colaboração é quase um reencontro da praça do interior, no qual pessoas com o mesmo interesse sentam no fim de tarde para conversar.

Se vamos perguntar por que as pessoas colaboram na rede, caberia também, na seqüência, saber por que os bares ficam lotados às sextas-feiras, as pessoas vão à praia ou festas bater papo.

Ou seja, o ser humano é basicamente um ser interativo que precisa do outro para se afirmar e se confirmar enquanto ser social.

Não resta dúvida que não se bate papo sempre na mesma praia ou no mesmo bar. Algo pode mudar e acontecer que determinado site seja abandonado por outros, por facilidadades, que podem até passar por algum tipo de “recompensa”.

Mas é ver…

Eu responderia assim a questão levantada pelo Henrique Antoun. E você?

* por Carlos Nepomuceno (nepomuceno@pontonet.com.br), professor, pesquisador e co-autor do livro Conhecimento em Rede (Editora Campus), coordenador do ICO, Instituto de Inteligência Coletiva e diretor da Pontonet. Mais dele no blog CNepomuceno e no Twitter.


fonte: Adnews

2 comentários:

Volney Faustini disse...

A revolução dos mercados continua. Adeus comando e controle. Adeus ordens e obediência. Adeus torres de marfim e o povo distante e impotente.

Com a internet, vem a rede ... rede social, as pessoas, as conversas, o poder das palavras - e a revolução dos mercados.

Otário é quem está alijado desse processo - todos nós sabemos. Mas por que se preocupar com aqueles que por aqui não passam??

Mais sobre trabalhar de graça e a revolução - tá explicadinho aqui (do jeito que protestante gosta - em 95 teses) em português pra ninguém falar que não entendeu:

http://www.cluetrain.com/portuguese/index.html

Volney Faustini disse...

Agora uma piadinha (sem ganhar nada):
Despespero do elevador : pra mim, esperava que viesse algum argumento contra gazes ... he he

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