E, bem, eu também-em-em adiantei um pouco na biografia de Santo Agostinho, que na imagem ao lado "refuta os hereges" - refuta a pauladas, pelo visto.
Pois é, numa virada de sábado para domingo esse foi meu programa. (Melhor que o Altas Horas, de qualquer jeito.)
Acontece que Agostinho manjava mais de órgãos sexuais que todos vocês aí juntos. E desde os 16 ânus. A leitura é divertidíssima, porque o biógrafo, Garry Wills mal esconde sua admiração pelo biografado, e unge com ares de magnanimidade atos banais do futuro santo. "Confissões, transliterado em vez de traduzido para o inglês Confessions, perde a complexidade de uma palavra da qual Agostinho intuiu toda uma teologia"? Eu não quero nem saber.
Na maior parte de sua vida, Agostinho foi gente como a gente.
Odiava escola e matava aula para ir ver lutas de cães com ursos ou brigas de galo. Para passar assim ao largo do colégio, na cidade de Tagasta, mentia desavergonhadamente ao professor e aos pais. Junto com os amigos malandros, roubava frutas para dar aos porcos. Perdeu a virgindade aos 16, no máximo. Há sérios rumores de que, ao engravidar uma moça, convenceu-a a usar abortivo; criança, naquele momento, viria apenas bagunçar o coreto, e dessa forma o santo nos prova que planejamento familiar é uma praga antiga.
Agora vejam só: do que mais o homem se arrependeu, na vida adulta, foi - da conivência no aborto? Não, da rapinagem desenfreada de frutas! Em O testemunho, deteve-se cuidadosamente sobre essa parte do passado. Escreveu algumas coisas sobre amizade, juntou com explanações sobre a psicologia do riso, e concluiu ser inocente: "A provocação mútua de meus parceiros de crime proveram o atrito que acendeu meu desejo de agir assim."
Eu sei... (Descontados os exageros, Agostinho em Tagasta é um livro que Hannah Arendt podia ter escrito. Se vocês me entendem.)
Os coleguinhas de delito de Agostinho, que não souberam desenvolver depois um tratado qualquer que lhes aliviasse da culpa, muito justamente queimam no inferno até hoje.
E para vocês que viraram pro domingo em bordéis, a lição é: ainda dá tempo de acabar santo.
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