22.12.08

Max responde (41)

Estou de saco cheio no meu emprego... – S.L.

Ah, uma refrescante expressão que os mortais entendem. De modo geral, o que gera esse tipo de insatisfação é a falta de perspectiva – aquela incômoda sensação de que amanhã será igual a ontem. Isso ocorre quando a pessoa pensa em um emprego, em vez de pensar em uma carreira. Um emprego é sempre uma relação de curto prazo, porque pode terminar a qualquer momento. Uma carreira é feita de decisões pessoais, sem a participação da empresa, que visam ao total esvaziamento do saco no longo prazo. Sugestão: estude, aperfeiçoe-se, participe de seminários, conheça profissionais que poderão auxiliar na construção de seu futuro. Se você pensar apenas em trocar de emprego, sua situação continuará a mesma.

Concluí Biblioteconomia, e penso fazer uma pós em Ciência da Informação, para aumentar minha empregabilidade... – B.M.

Epistemologicamente, são cursos congêneres. A ciência da informação é a aplicação de recursos tecnológicos à biblioteconomia, que hodiernamente abrange tanto os livros analógicos quanto o universo digital. Se sua graduação foi adequada, você já aprendeu isso. Seria melhor você fazer um MBA, que lhe agregaria conhecimentos de administração e aumentaria suas chances de trabalho em outros setores, porque o mercado para biblioteconomistas ainda é restrito no Brasil.

O que seria mais indicado: uma viagem de turismo ao exterior para aperfeiçoar o inglês ou um curso no Brasil? – W.H.T.

Quando o entrevistador lhe perguntar “What are your earnings?”, a origem de sua fluência será irrelevante se você não conseguir diferenciar earnings de earrings. A vantagem do curso é que você terá professores para corrigir seus erros. A vantagem de ir para o exterior é que você se divertirá bem mais. Se você não for com a falsa impressão de que conseguirá facilmente um emprego ao regressar, então vá, aprenda e se divirta.

Mudei de uma multinacional para uma empresinha, que tinha – entre outras barbaridades – um sanitário para 24 funcionários. Forcei minha demissão e gostaria de saber como explicar em entrevistas por que fui demitido. – P.J.D.

A média de sanitários per capita (ou outras partes anatômicas) não seria uma boa explicação. E dizer que você forçou a demissão seria um suicídio profissional. Você pode usar o argumento de sua falta de adaptação a métodos ultrapassados, por exemplo. Mas evite fazer críticas ou piadas sobre sua ex-empresinha. O entrevistador pode até rir, mas não vai contratá-lo.

Meu marido e eu levamos um susto quando lemos que cursos técnicos geram mais empregos que faculdades e cursos posteriores de nível mais alto. Estamos tentando dar a nosso filho uma educação acadêmica diferenciada... – N.G.F.

Muitos pais incentivam os filhos a concluir quanto antes um curso superior, mesmo que, para isso, seja necessário pular o estágio intermediário, o do curso técnico. Essa preocupação, sem dúvida louvável, acabou criando um hiato no mercado de trabalho. Estão faltando técnicos, e sobrando bacharéis. Por isso, técnicos se empregam mais facilmente, numa aplicação da lei da oferta e da procura. Mas não se assustem demais. Uma formação realmente diferenciada (em faculdade de primeira linha, com prestígio junto a recrutadores das empresas) ainda se constitui em uma vantagem.

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