Blogueiros: novos magnatas da comunicação do século 21

A Internet, sem dúvida, representa a grande revolução dos últimos tempos em todos os campos, sobretudo, no das comunicações. Nunca o mundo esteve tão instantaneamente conectado como agora, no auge da Internet. Uma bomba que acabou de explodir em Peshawar, no Paquistão, vira notícia nos sites de todo o mundo, com riqueza de detalhes, algo simplesmente inimaginável há 30 anos, com as redações dos principais jornais equipadas com máquinas Olivetti manuais e máquinas de telex – o máximo em termos de tecnologia, na época.

Agora, as redações estão conectadas com o mundo através de Internet, TVs a cabo, telefones celulares e blogs. Os blogs, aliás, são hoje símbolos da liberdade e da irresponsabilidade. Ao mesmo tempo em que servem como focos de resistência contra governos opressores e agem com mais velocidade do que as redações dos veículos mais conceituados também colocam informações no ar sem checar adequadamente as fontes.

Não podemos esquecer que os “blogueiros” nos Estados Unidos muitas vezes “furaram” a mídia tradicional na cobertura da eleição presidencial. E na China e em Cuba foram alguns abnegados que conseguiram denunciar a opressão dos governos chinês e cubano. Entretanto, por serem países totalitários, seus esforços foram sufocados pelos controles governamentais que censuram a Internet.

No mundo livre, porém, eles proliferam feito cogumelos. Alguns com interesses específicos, geralmente pouco explorados pela mídia tradicional, outros com o objetivo de competir com a grande imprensa. Se há um aspecto democrático por trás da iniciativa, não há como negar que fica difícil verificar a veracidade das informações veiculadas. Daí, é um tal de correr para apagar o fogo ateado por algum blogueiro irresponsável que, em busca de seus quinze minutos de fama, não hesita em divulgar fatos, no mínimo, duvidosos que podem destruir até mesmo a carreira de políticos e empresários.

Esse movimento guerrilheiro vem atingindo em cheio a grande imprensa. As verbas publicitárias minguam e colocam em xeque vários empregos. Os mais exaltados consideram isto algo positivo, por servir como um inibidor da empáfia da mídia tradicional, que deseja (e muitas vezes consegue) interferir nos destinos de países e companhias.

Porém, são as grandes companhias de comunicações que têm condições de pagar os melhores salários e, consequentemente, atrair os melhores profissionais para seus quadros, enriquecendo a reportagem, os textos e as análises publicadas e abrindo espaço para que várias correntes de pensamento exponham suas idéias de maneira democrática, mesmo que os magnatas da mídia discordem dos pontos de vista de alguns analistas. Mas, por ser o veículo de comunicação um produto, é preciso agradar todo tipo de consumidor, oops, de leitor.

Já os blogueiros, na maioria das vezes, são mais ostensivos. Só permitem a colaboração de pessoas que comungam de pensamentos como os deles e censuram descaradamente quem se atrever a discordar de suas idéias.

Traduzindo, o que deveria ser uma maneira democrática de discordar está transformando-se numa ditadura de pensamento pulverizada por pequenos blogs que pretendem destruir a grande imprensa. Talvez estejam eles pensando em se tornar os novos magnatas da comunicação do século XXI.

Antonio Tozzi, no site Direto da Redação.

"censura de quem se atreve a discordar das idéias"? "blogs que pretendem destruir a grande imprensa"? como assim, bial?