Maria Manso, da Rede Globo; Heloísa Gomide, da Globonews; Sílvia Damasceno, da Record; Daniel Lian e Francisco Palitos, da Jovem Pan. Estes foram alguns dos profissionais agredidos por grupo de fiéis da Igreja Renascer em Cristo que, descontrolados pelo desabamento da sua sede mundial, na Avenida Lins de Vasconcelos, no Cambuci, tentavam impedir a cobertura da mídia.
“Fomos um dos primeiros a chegar (equipe da Rede Globo). Maria (Manso) estava relatando o incidente quando nós (repórter César Menezes e equipe) estávamos buscando uma casa para narrar, de cima, o desabamento. Fiquei sabendo que estavam batendo, dando soco na Maria e vim correndo. Quatro homens fizeram uma roda e deram socos nela. Gritavam que não queriam a mídia lá”, relata o jornalista da TV Globo.
Maria Manso ficou “chocada”, conta César Menezes. A equipe da Globo ficou tão receosa que começou a fazer as entradas, para o Fantástico, a quatro quarteirões do incidente. Heloísa e Sílvia contam que também foram empurradas.
A população se estendia a sete quarteirões ao redor da Igreja Renascer por volta das 19h, quando a equipe de resgate tentava realizar seu trabalho. Havia muitos populares; os quarteirões estavam lotados; as lojas fechadas. Fiéis da Igreja se dividiam em modos de ação. Alguns clamavam a Jesus para que os "maus-elementos", que não estavam lá na hora do resgate de boa-fé, fossem embora e deixassem a equipe dos Bombeiros e enfermeiros trabalharem.
Muitos foram convocados para ajudar, levando água para quem estava trabalhando e consolando fiéis que tinham vítimas no local. Outros, com medo de que a imprensa fizesse um trabalho "contra" a Igreja Renascer, agrediram os jornalistas como método de prevenção. Vira-e-mexe, um grupo de cerca de dez pessoas ultrapassava o cordão de isolamento da Polícia Militar e tentava fazer um cordão humano na frente da igreja como forma de manifestação da fé e, também, numa clara oposição aos jornalistas.
Marcelo Moreira, da TV Bandeirantes, apesar de não ser agredido, bateu boca com os fiéis, buscando defender o seu trabalho. Pedia, insistentemente, para que a polícia retirasse aqueles fiéis e era prontamente atendido. Conta à reportagem que o jornalista free-lancer Paulo Teixeira também foi agredido e teve sua câmera roubada.
Daniel Lian, repórter da Jovem Pan, passou o pão que o diabo amassou. Foi um dos primeiros do veículo rádio a chegar. “Eu tomei tapa. Um fiel desligou meu telefone”, conta Lian. O técnico de áudio e externas Francisco Palitos, ao tentar ultrapassar o cordão de isolamento com os equipamentos de áudio, também levou. “Levei soco, cotovelada, empurrão”.
O que pensa a população sobre a mídia?
O fato é que, no meio de tanta gente, para um seleto grupo de fiéis da Igreja Renascer a imprensa não era bem-vista, era odiada. A repórter do Comunique-se tenta falar com um grupo de fiéis. Uma delas atende prontamente. Um casal, contudo, responde agressivamente. “Por favor, nos deixe em paz”. Ao fundo, ouve-se uma voz: “A mídia só noticia; não ajuda nada”. Os fiéis estavam perplexos com o que aconteceu e não sabiam como agir. Muitos lamentavam, outros oravam, outros agrediam.
Desabamento deixa dez mortos
O desabamento do teto da sede mundial da Igreja Renascer deixou dez mortos e 93 feridos. Na hora do incidente, às 18h50, cerca de 400 fiéis estavam na Renascer. Era intervalo de culto. Em 99, segundo o Estadão, o Contru, órgão que regula o uso de imóveis em São Paulo, havia lacrado a sede da Igreja Renascer por problema no teto, que estava corrompido por cupim. Na época, o fundador da Igreja, Estevam Hernandes, disse que o problema havia sido resolvido. Hernandes está nos Estados Unidos, onde cumpre pena por entrar irregularmente US$ 56 mil naquele país.
fonte: Comunique-se
20.1.09
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16 comentários:
pavarine, estou orando para nao julgar. agora, eu tou indo mais para o lado do "nao quero saber", nao sou eu. cada um responde por si. estou tentando ir na linha do ed rene. mas na verdade, nao quero julgar mais, afinal, cada um se entenda com deus. cansei...
olha , realmente a midia na maioriam das vezes só atrapalha poi 99,99 % do trabalho da midia é sessacionalista , 10 pessoas perderam a vida e todos só fazem lembrar do0 erro cometido pelo apóstolo e pela bispa , gostaria de lembrar que eles já estão pagando pelo erro , más me diga onde estão todos os padres pedófilos e todos os politicos corruptos deste pais ? só DEUS pode julgar e certamente todos pagarão por seus erros , quanto a midia , deveria existir um codigo de etica ou será que uma noticia está acima do sofrimento e da dor de alguem ? certamente deveria ser revista esta tal " liberdade de imprenssa "
Pava... independente das Religioes, da ignorância do seus Fiéis... Placas de igrejas, Escandalos, Teologia, Corrupção, quem acabou morrendo nao foi nada disso... foram pessoas.
alguns comentários esparsos, pela ordem de chegada.
desconheço essa linha do ed rené de "não quero saber". rs
embora compartilhe do seu cansaço, no dia em que me calar certamente algumas pedras vão se tornar blogueiras. =)
abs
missionário jorge,
se existisse independência e coragem na chamada "mídia cristã", muitos casos tristes não assumiriam as proporções atuais.
lembrando a frase clássica do rui barbosa, "a imprensa é a vista da nação". no caso dos cristão, continuamos míopes e caminhando p/ a cegueira. e isso não deverá render novo livro do saramago s/ o tema. =)
big abraço
anônimo 2,
como tb rola no âmbito pessoal, os revezes nos proporcionam oportunidades de reflexão. as múltiplas facetas que estão sendo descortinadas certamente vão nos ajudar. no entanto, não devolvem as vidas que se foram. triste.
abraço
Pava:
Na noite de domingo quando assisti àquelas cenas na TV, apesar da tragédia em si, vislumbrei a possibilidade desse terrível evento despertar a consciência do Estevam e a Sônia das lambanças que vêm promovendo em nome de Jesus, obviamente sem creditar, como muitos alegam, isso ser uma espécie de "juízo divino" sobre eles. Simplesmente vejo como uma fatalidade onde Deus nada tem a ver com as ingerências humanas nesse caso. Inclusive me menifestei sobre isso no meu blog.
Entretanto, ao ler a nota emitida por eles, fiquei irado. Pedem "milagres" à Deus como forma de "enxugar as lágrimas". Ora, será que a fé em Deus e em Sua Palavra, como professam, não são suficientes nessa hora para aplacar a dor ? Não basta esta tragédia para por um ponto final nesse ciclo de desastres que se tornou o ministério Renascer ? Como têm coragem de cobrar de Deus uma "indenização" em forma de milagres como compensação pela dor sofrida ?
Deus tenha misericórdia do povo que ali congrega, pois não perceberam ainda que aquela liderança não se furta em pedir indenização de Deus visando o seu proprio deleite como descreve Pedro em sua carta, ignorando voluntariamente as conseqüencias de tratar as coisas espirituais com leviandade.
eliézer,
o simples fato de açular os fiéis contra a mídia após a eclosão das maracutaias apostólicas já denota que há algo errado.
um dos posts programados p/ hj s/ o assunto mostra a frase dita ontem por um apresentador da tv gospel: "Satanás está criando mentiras sobre o desabamento".
de novo esse tipo de discurso? agora só falta ressucitar o kixapágua...
abraço, querido.
Se perguntarmos para o Jorge Linhares sobre isso o que será que ele diria??
Fatalidade ou castigo divino?(enrascada)
Tenho la minhas duvidas...
Fatalidade...
Meu caro amigo, creio que por suas palavras você não tem a menor noção o que ocorreu neste triste domingo.
Eu estava lá a vivenciei tudo, o drama, a solidariedade, e o descaso dos jornalistas que em momento algum se prontiveram a ajudar, e sim incentivavam pessoas que ao meu ver conhecidas deles causarem tumultos para terem algo que registrar e burlar o bloqueio de segurança o qual tinha apenas o intuito de deixar o espaço livre para o resgate trabalhar.
Portanto sugiro que antes de publicar alguma coisa procuro saber mais sobre ela.
Felipe Faria
Pôxa. Já li em outros blogs, sobre essa mesma matéria, profissionais da mídia dizendo que "não é bem como está escrito", que não houve essa agressividade toda.
Contudo, tendo em vista o que rolou no caso da prisão do Estevam e da Sônia por evasão de divisas (recebia e-mails de fiéis "espada pelo apóstolo" todos os dias devido aos meus comentários em comunidades do Orkut), creio que é bem possível, sim, que os membros da Renascer tenham sido meio truculentos acima do normal com os repórteres la no Cambuci (SP).
Sobre a tragédia, realmente foi um acidente,mas esse tipo de acidente sempre tem um culpado. O negócio é enterrar os mortos, consolar os que choram e esperar a averiguação do caso (se houver, é claro).
meus sentimentos pelos momentos de tristeza vivenciados, felipe.
está registrada a sua versão: jornalistas incentivaram conhecidos p/ provocar tumultos c/ o intuito de ter o que registrar.
abs
Que loucura! O jornalismo é crucial para a democracia. É essencial para a verdade. Desconfio de que a reação violenta contra a mídia no dia do incidente tenha suas raízes na instigação da Renascer contra a mídia desde a época dos problemas jurídicos e criminais dos donos da Renascer.
Um cristão consciente ajudaria a mídia a ter acesso aos fatos e à verdade. Afinal, os cristãos não deveriam estar compromissados com a verdade e a justiça?
Se realmente houve, por parte dos fiéis da Renascer, essa violência contra a imprensa, não fico nada surpresa, afinal, o perfil dos membros da Renascer é meio obtuso, alienado. São pessoas acostumadas a seguir fielmente - pra não dizer cegamente - aos líderes desta igreja, sem analisar, contestar, apenas acreditam cegamente e deixam-se insuflar pelo famigerado discurso de que são inocentes, perseguidos, vítimas da sociedade, de Satanás, da mídia... enfim, eles nunca têm culpa, são sempre as vítimas e veem inimigos em todas as partes.
E o que dizer da falta de transparência nas informações divulgadas pelos líderes? Não acreditei quando os vi afirmarem que havia 60 pessoas dentro do templo, pois o culto das 19 ainda não havia começado, e logo em seguida o segurança disse haver 400pessoas, o que ficou confirmado. Na segunda-feira, um dos "bispos" disse que a última reforma do telhado fora em 1999, enquanto que outro disse que foi em novembro de2008. Eles próprios caem em contradição!
É incrível, mas essa igreja consegue sempre exposição na mídia, e não é pelos melhores motivos.
Jairo disse...
É realmente terrível o que tem passado essas vítimas e seus familiares. Algumas reações da liderança serão referência para alguns de seus pares: rapidamente disponibilizaram uma conta para doações de reconstrução. A imprensa chiou, mudaram rapidamente o tema da campanha: doações para socorro às vítimas. Como não tinham uma conta disponível usaram a mesma disponível no site para entrega de ofertas de barganha, aquelas que dá pra resgatar em forma de milagres sabe. Não dará um ótimo vídeo institucional sobre superação daqui a alguns anos?
Caríssimo,
Eu Monica Pocker, jornalista da Rádio CBN fui a primeira repórter a chegar no local, 10 minutos após o desabamento. Não porque estava de plantão, mas porque moro a duas quadras de distância da Igreja. Desci imediatamente já tenho amigos que frequentam esta congregação. Coloquei o crachá da CBN a fim de não estar lá apenas como curiosa. Não tive problema algum senão com um rapaz que passou falando que isso não era hora de fazer perguntas, o que é perfeitamente compreensivel. Lamento obviamente por todos os colegas agredidos. Eu presenciei a agressão à reporter Maria Manso, cujo alvo era mesmo o equipamento.
A reflexão que faço é sobre nossa percepção das coisas. Será que de fato não estamos só e tão somente preocupados em noticiar um fato que nem passa por nossa cabeça que o exercício de nosso trabalho muitas vezes pode ser mal interpretado e de fato incomodar?
Ainda que isto não seja louvável, é legítimo. Vi dezenas de pessoas ensanguentadas, jogas no chão da inclinada rua Robertson, helicóptero tentando pousar e cada vez mais pessoas sainda de dentro do templo, extremamente feridas. Confesso que não consegui nem fazer meu trabalho nem ajudar, tamanho o desespero das pessoas. Mas aproximei-me de um bombeiro e perguntei em que poderia ajudar. Foi quando entrei no ar informando o episódio e pedindo ajuda às demais corporações de bombeiros da grande São Paulo, já que os da capital não dariam conta, segundo so bombeiros. Nisso, acabei fazendo o meu trabalho e consequentemente ajudando de alguma forma. Porém vale ressaltar que me sentiria um urubu sobre a carniça se não parasse um minuto para refletir sobre a melhor forma de exercer meu trabalho, sem agredir as pessoas.
Com todo respeito,
Monica Pocker
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