
Lembrei-me de quando celebrei o primeiro memorial da Ceia do Senhor (Eucaristia), na minha curtíssima experiência pastoral protestante. Pouco tempo atrás. Era na semana em que a nossa faixa de Gaza carioca pegava fogo. Ali, durante o culto, preguei um sermão sobre memória e esperança, que dizia o seguinte no final:

O corpo e o sangue de Jesus são símbolos de esperança. Mas são também símbolos da memória. Precisamos de memória! Precisamos de memória social! Precisamos lembrar que os hebreus sofreram injustiça, que Jesus sofreu injustiça, mas que muita gente hoje ainda continua sofrendo injustiça aos nossos olhos e nós não fazemos nada além de virar a página do jornal e esperar mais um dia chegar.
A mim e a você Jesus disse “fazei isto em memória de mim” (v. 19), porque ele quer ser lembrado. Ele será lembrado cada vez que lembrarmos dos injustiçados da cidade, do estado, do país e do mundo. Cabe a todos nós vivermos esta esperança cada vez que comermos deste pão e bebermos deste cálice. Lá, no pão, estavam as marcas das injustiças. Lá, no cálice, estavam as marcas do derramamento de sangue, da violência. Dois problemas contra os quais lutávamos ontem, lutamos hoje e lutaremos sempre, com memória e esperança. Que para tanto Deus nos ajude. Amém.
As injustiças continuam. E Jesus ainda quer ser lembrado. Porque esses corpos aí, cariocas ou palestinos, são os corpos daquele que acabou injustiçado na cruz. O que mais importa agora, portanto, é que a esperança renasça em nossa memória.
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