13.1.09

É sempre bom se sentir amado

Deu no New York Times: cisma na Igreja Episcopal americana. Uma ala conservadora da referida igreja - que tem mais de 2 milhões de fiéis nos Estados Unidos - anuncia a fundação de uma dissidência. O motivo? A decisão de ordenar bispo Gene Robinson, gay assumido, e abençoar a união entre homossexuais.

Ora, ora. Quem me lê sabe que vivo a combater as iniciativas que considero preconceituosas ou hipócritas das igrejas. Mas sabe também que reconheço e aplaudo quando igrejas e religiosos assumem atitudes corajosas e humanistas.

Aliás, essa minha obsessão por assuntos ligados à religião só pode indicar - freudianamente - uma tendência carola enrustida. Enquanto o milagre de Deus não se manifesta aos meus olhos, e antes que eu caía de joelhos, convertido, seguirei questionando os fundamentalismos, o preconceito, o reacionarismo, a beligerância, os dogmas e a falta de bom senso de muitos grupos religiosos.

E continuarei aplaudindo as iniciativas "progressistas". Como a daqueles padres e freiras em São Paulo que distribuem camisinhas. Ou a da Igreja Episcopal e do bispo gay que abençoa o amor onde quer que ele exista. Ou a das mulheres católicas a favor da legalização do aborto, compadecidas, como boas cristãs, da situação de inúmeras mulheres sujeitas a abortos mal feitos. Mesmo que isso continue a me custar ofensas e mais ofensas na caixa de mensagens, palavras e olhares de desapontamento, pena e desilusão, e muitas tentativas insistentes de conversão.

Incrível, isso! Toda vez que sento num avião, o passageiro ao lado me dá um santinho, ou uma oração, ou ainda um livro religioso. Parece que tenho uma placa de "ateu" pregada na testa. Volta e meia me dizem: "Jesus te ama". E confesso que me sinto muito bem com isso. É sempre bom se sentir amado, não?

Tony Bellotto, no blog Cenas urbanas.

recomendo a leitura das dezenas de comentários no blog, especialmente as manifestações do rebanho.

2 comentários:

Alysson Amorim disse...

Um comentário mais desanimador do que o outro. Pelo menos nesse particular o fundamentalismo é democrático: existe fundamentalismo para todos os gostos! Inclusive para ateus.

alexprocesso disse...

"...seguirei questionando os fundamentalismos, o preconceito, o reacionarismo, a beligerância, os dogmas e a falta de bom senso de muitos grupos religiosos." .



Sobre os caras te "perseguirem" com "santinhos" e tal, sei bem como é... vivem me perguntando se sou ateu porque, em minhas aulas, critico a (não)laicidade do Estado, que mantém símbolos religiosos em estabelecimentos públicos.

É isso aí: nossa luta continua, companheiro!!!!

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