17.1.09

Livros só mudam pessoas (7)

Vamos falar sobre sua experiência de leitura.

Pavarini: Sou filho de professores. Então, desde criança meu pai e minha mãe me levavam em banca de revistas e era o único lugar onde eu tinha a liberdade de escolher tudo que eu queria. Então, desde criança eu sempre me vi com um gibi na mão. Sempre foi muito legal.

Então essa experiência foi boa, positiva na sua vida?

Pavarini: Absolutamente positiva. Não me lembro de, em nenhum momento, alguém ter me mandado ler, era natural para mim. Em casa sempre meus pais recebiam livros das editoras, então eu vivia no meio de livros. Sempre foi diversão.

Quais foram suas influências de leitura, tanto pessoal como profissionalmente, fora seus pais que, desde criança, já te davam essa liberdade de ler?

Pavarini: Primeiro, eu tive a felicidade de ter muitos pastores cultos. Então, na igreja, de alguma forma, eu olhava o cara fazendo uma citação em latim ou falando um negócio em francês ou uma frase de um filósofo, então isso foi bem interessante. Eu tive uma formação legal dentro de igreja. Sempre andei no meio de pessoas muito cultas e que me incentivavam a ler.

Não preciso nem perguntar a freqüência que você lê? Acho que você lê o dia inteiro.

Pavarini: mais ou menos, eu leio, separando um tempo pra livro mesmo, pelo menos uma hora e meia por dia. Não tô contando jornal, internet nem revista. Pelo menos umas dez horas por semana. Esse ano (2008) eu li muito menos do que eu gostaria, li acho que 45 livros. Foi uma marca medíocre em relação ao que eu esperava.

Puxa, que inveja, viu! (risadas)

Pavarini: Lá no meu blog tem a lista completa. A meta é de ler, pelo menos, um livro por semana. Eu vou chegar, no final do ano, vai dar uns 52 livros. Mas no ano passado, acho que foram 70. Teve ano de eu ler quase 100 livros.

E tem algum momento em que você lê por necessidade?

Pavarini: Todo dia (risos). Não tem jeito, eu leio... Cada livro tem um momento, por exemplo, de manhã, quando estou com a mente bem fresca, pego aquele livro chato, no qual preciso me concentrar um pouquinho mais, uma leitura mais "difícil". À noite, se vou ler alguma coisa, tem que ser alguma coisa mais leve, enfim, cada tipo de livro em um horário... Mas acho que a palavra-chave é disciplina. Não tem essa coisa assim de “Ah!, é sempre um grande prazer”. É um grande prazer, eu adoro, sou viciado, mas eu me programo para ler, eu vivo disso, eu vivo de escrever, eu vivo de ter inspiração para textos, de ter boas idéias para meus clientes. Então é necessidade... não dá pra ficar um dia sem ler.

Você tem uma biblioteca em casa, qual a quantidade de livros que você tem em casa?

Pavarini: Eu mudei há dois meses para um apartamento novo e eu fiz uma limpeza nos meus livros. Eu tinha, eu imagino que tinha em torno de dois mil e quinhentos livros. Hoje, eu estou, eu acho que talvez em torno de mil, mas eu ainda quero diminuir isso pra, se for possível, até pela metade. Eu dôo bastante livro, muito, muito. Mas eu tenho tido muito cuidado: aquilo que eu li e não gostei, nem doar eu dôo. Eu passo para alguém que vai vender num sebo. Quando o livro não é bom, nem para ser doado serve... não faço isso.

Mas por que você diminui assim a quantidade de livros na sua casa?

Pavarini: Porque tem obras que você lê e elas são descartáveis e não pretendo voltar a abri-las. Se eu não vou voltar a abrir o livro, eu não quero tê-lo comigo. Schopenhauer disse uma vez que “mais importante do que ler, é a arte de não ler”. Mesmo eu selecionando bastante, tem muita coisa que eu leio que eu não usar nunca mais. Então, esse livro eu dôo, não quero ocupando espaço...

trecho da transcrição de entrevista que concedi em novembro p/ duas estudantes de Letras da UniverCidade, campus Méier, no Rio de Janeiro. elas tiraram nota 10 no trabalho. =)

3 comentários:

Anônimo disse...

Mesmo concordando com você em muitos pontos ainda acho que você "malha" muito os pastores e a igreja pra quem teve uma influência tão positiva de ambos.

Pavarini disse...

julio querido,

por coincidência, bem na hora que postou seu comentário estava escrevendo s/ isso numa entrevista que deve ser publicada nos próximos dias. pretendo reproduzi-la aqui no blog.

abraço

Leonardo Jr. disse...

Qual seria a atitude que demonstra mais amor pela Igreja?

1) A crítica, a Denúncia?

2) O Silêncio, o "cruzar de braços"?

Você decide!

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