11.2.09

Apelo

Existe uma maneira, Senhor Presidente, para se resolver de maneira rápida a questão Battisti, evitando-se que, com tantas mentiras e imprecisões espalhadas por setores entreguistas da imprensa, ela envenene a opinião pública e provoque uma gangrena.

O Brasil não pode aceitar que um premiê italiano, mal visto e tantas vezes acusado de corrupto, numa Itália cujo prefeito de sua capital, Roma, é conhecido por sua antiga militância neofascista, assim como são neofascistas confessos deputado e membros do governo pertencentes à Liga separatista do Norte, nos diga que medidas devem ser tomadas com relação ao ex-militante italiano Cesare Battisti.

Berlusconi é o pai da Diretriz do Retorno, que tanto mal tem causado aos nossos emigrantes na Europa, e acaba de instituir a delação, a deduragem como lei para os médicos italianos, obrigados a denunciarem todo emigrante clandestino que for ao consultório ou hospital, para ser rapidamente expulso. É com ele, que muitos de nossos jornalistas, alguns de renome, decidiram colaborar, mesmo se o clima já é mal cheiroso na Europa.

Não podemos simular surdez diante das palavras do deputado neofascista Ettore Pirovano, da Liga do Norte, de que “o Brasil é mais conhecido por suas dançarinas (putas) do que por seus juristas” numa ofensa a nossos advogados, magistrados e ao nosso povo, nem podemos tolerar a petulância do partido Aliança Nacional de levar ao Conselho da Europa a questão Battisti, com o apoio do Grupo Europa de Nações de direita e extrema-direita, num gesto digno da época colonial.

Nem podemos aceitar que um país estrangeiro tente criar conflitos e incompatibilidades entre órgãos institucionais brasileiros, numa clara intervenção na nossa política interna, fomentando divergências, fazendo ameaças e chantagens, utilizando-se de jornais, revistas e jornalistas que, por interesses políticos e pessoais, reforçam as pressões italianas com o objetivo de provocar uma crise política no Brasil e atingir seu prestígio de Presidente do País.

Silvio Berlusconi representa hoje a Europa próxima da extrema-direita, num clima que faz pensar nos anos 30 do século passado, quando se fazia a caça a judeus, ciganos e comunistas. Berlusconi reinventa Mussolini e faz a caça aos imigrantes, entre eles os brasileiros, os africanos, os árabes, os ciganos, os rumenos e ainda tem tempo para correr atrás de um antigo militante dos anos 70, de uma época italiana ainda mais podre que a atual, quando os julgamentos e processos era feitos ao interesse do governo, chefiado por um premiê mafioso.

Senhor Presidente Lula, dizem que nos próximos dias, o STF que concede habeas-corpus a corruptos com facilidade, será severo com o ministro Tarso Genro e optará pela extradição de Battisti, anulando a validade do seu ato de lhe conceder o refúgio. O que menos interessa é a vida de um homem, para os que se comprazem com a idéia de ver contestada a decisão ministerial e o Presidente obrigado a assinar o ato de extradição depois de ter afirmado caucionar a decisão de Genro.

Senhor Presidente, eu dizia no início desta carta haver uma maneira rápida e simples para se pôr um fim a essa questão Battisti, e aos desejos de uns poucos de atingir e diminuir sua popularidade. Minha sugestão, tenho certeza, terá o apoio da grande maioria dos 84% que apóiam e confiam no seu governo.

Antes que o STF tente instaurar a cizânia dentro do governo, aumentando a ressonância dos frustrados da oposição, já em campanha eleitoral, Vossa Excia. pode esvaziar as intromissões italianas na nossa soberania e as tentativas maquiavélicas para comprometer a sábia maneira como tem dirigido o País.

É simples - conceda hoje ou nos próximos dias o indulto que lhe é permitido pela Constituição ao fugitivo Cesare Battisti, garantindo sua permanência de Battisti no Brasil, ratificando a decisão já tomada pelo ministro Tarso Genro. Não havendo mais o que julgar, bastará uma petição para se suspender a encenação programada pelo STF. Se o STF insistir e quiser considerar seu gesto como inconstitucional, então será evidente haver uma intenção golpista alimentando a inexplicável dimensão a que chegou o caso Battisti.

Não tenha receio quanto a repercussões negativas de seu gesto. Será considerado pelo povo, já farto das ofensas feitas por políticos e imprensa italianos, como a bordoada necessária na cabeça da serpente. Passada uma semana, não se falará mais nisso e tudo se esquecerá na alegria do Carnaval. Senhor Presidente, dizem que a França perdeu o Mundial porque o Zinedine Zidane não suportou as ofensas, do tipo putas brasileiras do deputado neofascista italiano, que lhe fazia o italiano Materazzi e revidou. Se tivesse continuado a jogar soberano no seu jogo, a vitória teria sido dos franceses e dos argelinos.

Não se preocupe com a reação do Silvio Berlusconi, apesar das ameaças e micagens Berlusconi fechou o bico e escondeu a viola no saco, quando o presidente francês Nicolas Sarkozy usou o direito do perdão ou do indulto em favor de uma mulher quase morta de medo de ser extraditada para uma prisão italiana. E, veja bem, Marina Petrella não era Cesare Battisti, participante de um grupúsculo extremista e acusado injustamente de crimes não cometidos. Marina Petrella era uma verdadeira participante da Brigada Vermelha.

Senhor Presidente, usando do seu direito de dar indulto a Cesare Battisti terá salvado uma vida, terá salvado um princípio, terá honrado nossa soberania e receberá o agradecimento de todos quantos resistiram à ditadura militar em nome da legalidade, da independência e da liberdade, e de todos quantos amam o Brasil e participam do seu esforço para torná-lo uma grande nação.

Presidente Lula da Silva indulte, salve o nosso companheiro Cesare Battisti.

Rui Martins, um simples cidadão em defesa de um companheiro italiano.

fonte: Direto da redação
dica do Luiz Carlos Martins

8 comentários:

Anônimo disse...

Vai gostar de bandido assim lá em Bangu I.
Tá pensando que a gente é otário pra ficar acreditando nesse papo besta?
Devolve o cara! Aqui já tem bandido que "chega"!

Anônimo disse...

Já não chega a quantidade de bandidos que temos por aqui.... Um a mais ou a menos não faz muita diferença.
Boi branco anda com boi branco. O lugar dele é aqui entre nós. Dentro de algum tempo pode ser o candidato a algum cargo eletivo representando alguma das facções criminosas daqui.
Fiquei decepcionado com a inclusão deste "artigo" num blog tão sério!

Éverton Vidal Azevedo disse...

Gostei do texto. Apóio e vou levá-lo (talvez publicar, pode?).

Abraço.
Inté!

Rogério disse...

E os cubanos deportados no PAN? Foram para o "paredón" ou o magnífico e sábio governo brasileiro teve garantias reais de que eles teriam um tratamento digno em seu país de origem? E que crimes eles cometeram mesmo? Ah já sei! O crime deles foi nascer em Cuba? Se pelo menos os infelizes tivessem algumas amizades dentro do partido da estrelinha, a história deles seria um pouco diferente.

Anônimo disse...

Nossa, quanto argumento esdruxulo por aqui...

Legal, vamo então esquecer a anistia e tudo mais e dar prisão perpétua pra todo mundo que lutou contra a ditadura, aquela cambada de bandido safado, que tal, hein?

Sim, o governo fez uma cagada gigante com os cubanos no pan, isso é fato, mas por causa disso vai fazer mais burrada?

Anônimo disse...

Haver governos é ruim - pior somente se os não houvessem. Mas alguns governos não hesitam em assumir e demonstrar a sordidez impune com que pretendem manejar a vida de quem quer que seja, ou melhor, do que quer que seja
E - aqui vai um teste de percepção - o governo italiano é um dos primeiros que se nos é imaginado quando pensamos nisso. Portanto, entregar a vida de um homem(entendam: a vida, aquela coisa que o Jesus dos Evangelhos dizia que queria em abundância!) a um governo com intenções nem tanto humanitárias não parece coincidir com as intenções de um país considerado generoso, acolhedor, menos ainda quando essa opinião é emitida por gente que diz seguir um rapaz que, sendo punido injustamente, acolheu um homem que era - aos olhos de todos, inclusive do próprio - justamente crucificado.

Pavarini disse...

muito legal ver opiniões diferentes s/ um mesmo tema. creio ser desnecessário colocar na lateral do blog uma "advertência" tipo "as opiniões manifestadas em artigos assinados não representam necessariamente a opinião etc.".

gostando ou não, somos o país da impunidade. morris cerullo pisou na bola c/ o fisco e foi p/ as grades, da mesma forma que o casal hernandes.

aqui no país "abençoado por deus", o severino lembrou corretamente nesta semana que o povo não tem memória.

de forma emblemática, evangélicos formam um contingente muuuito grande em dois lugares: prisões e hospícios.

Pavarini disse...

saiu hj no uol:

A Itália adota uma postura "insultante" com o Brasil no conflito em torno do ex-ativista Cesare Battisti, porque não se trata de um país desenvolvido, e mente quando diz que vivia um Estado de Direito nos anos 70. A análise é do filósofo italiano Antonio Negri, que passou mais de dez anos preso por seu envolvimento com a militância de esquerda na Itália.

Negri é co-autor, com Michael Hardt, do livro "Império", publicado no Brasil em 2001 e umas das obras mais importantes e polêmicas sobre o processo de globalização. Com Giuseppe Cocco, publicou "Global - Biopoder e Luta em uma América Latina Globalizada", em 2005.

Leia no link abaixo a entrevista completa:
http://noticias.uol.com.br/politica/2009/02/15/ult5773u622.jhtm

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