Bandido "boa gente"

Detento 'salva' vida de diretor sequestrado

Josmar Jozinoj

Vítima de sequestro-relâmpago na semana passada, R., diretor de Núcleo de Segurança da Penitenciária Adriano Marrey, em Guarulhos, Grande São Paulo, só não foi executado na rua graças a um detento da unidade onde trabalha. Os assaltantes encontraram uma arma com o agente e decidiram matá-lo. A vítima suplicou para não morrer e disse que era funcionário do presídio. O ladrão ligou para um telefone celular na cadeia. Do outro lado da linha, o preso ordenou: "Poupa o doutor ."

R. foi abordado pelos ladrões na zona leste. Os criminosos o revistaram e encontraram uma arma com a vítima. Um dos assaltantes perguntou: "Você é polícia? Então vai morrer." Assustado, o agente respondeu: "Não sou polícia, trabalho na Adriano Marrey."

O ladrão duvidou de R. e retrucou: "Eu já fiquei preso lá e nunca te vi. Vou ligar para o "jet" (chefe da prisão). Se estiver mentindo já sabe, é xeque-mate (execução)", advertiu o assaltante, com a arma em punho, apontando para a cabeça do diretor de Segurança.

O criminoso ligou para os "jets" da Penitenciária Adriano Marrey, conhecidos como Ney e Testa. O primeiro preso, ligado a uma grande escola de samba da zona norte da capital, disse para o ladrão: "O funcionário trabalha aqui sim. Não sobe (não mata) ele não".

A ordem foi cumprida. Mas os assaltantes levaram o carro, a arma e R$ 800,00 do agente. E ainda se desculparam: "Aí, doutor, fica na maciota (tranquilo). A gente vai devolver o carro hoje mesmo". A promessa também foi cumprida. O presídio é um dos maiores redutos de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e abrigava, ontem, 2.009 homens.

(Fonte: JT Online)