“A linguagem humana é profunda como o mar, e as palavras dos sábios são como os rios que nunca secam.”
Provérbios 18.4
Charles Darwin continua polêmico 200 anos após seu nascimento e 150 anos depois da publicação de A Origem das Espécies. Afinal, como sabemos, é difícil, principalmente para o pensamento religioso aceitar que o ser humano, visto como elemento de um ecossistema, não é autônomo e independente em relação às outras espécies.
Da mesma maneira, o jesuíta Pierre Teilhard de Chardin, precursor do evolucionismo cristão, foi um cientista e teólogo proibido pela igreja. Só depois da morte, em 1955, aos poucos suas pesquisas e produção saíram do ostracismo. Hoje é leitura obrigatória quando em teologia se discute criacionismo e evolução.
Assim, as discussões sobre a origem da vida continuam a gerar polêmicas, principalmente porque muitos leitores da Bíblia tomam o relato de Gênesis, em seus três primeiros capítulos, como literalidade absoluta. Por isso, as ideias de Darwin causam tanto desconforto hoje como quanto em 1858, quando apresentou a teoria da evolução à comunidade científica.
Quase 70 anos depois daquele desconforto, em 1926, Teilhard de Chardin, com 45 anos de idade, vivendo e trabalhando como paleontólogo em Tientsin, na China, escreveu à sua prima Margueritte Chambom: "Estou decidido a relatar o mais simplesmente possível a experiência ascética e mística que vivo e ensino há algum tempo. Não pretendo abandonar o rigor do cristianismo. Mas quero ir adiante".
Na época de Darwin, outra leitura sobre a origem da vida, defendida pelo pastor William Paley, ameaçou ganhar força: dizia que a adaptação dos organismos vivos era fruto de um projeto inicial, de um desenho inteligente. Paley procurava, dessa maneira, construir uma ponte entre as duas compreensões da origem da existência. A leitura de Darwin, porém, era radical: os seres vivos se desenvolveram a partir de mudanças aleatórias e as particularidades do humano se deram por razões adaptativas.
trecho de De Charles Darwin a Teilhard de Chardin, texto de Jorge Pinheiro no site Via política.
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