Sarney não é Edmar Moreira. As semelhanças são apenas simbólicas. O império feudal do dinossauro maranhense não tem castelos e sem imagens espetaculares um caso desses fica difícil de explicar para o telespectador médio. A não ser quando há uma "vontade editorial" (expressão usada pelo ombudsman da Folha, Carlos Eduardo Lins da Silva). Em 2002, quando a PF estourou uma empresa da sua filha e genro em São Luis (MA), as fotos da montanha de dinheiro tiveram efeito limitado – Roseana Sarney saiu do páreo presidencial, mas o caso foi encaminhado à justiça maranhense. Foram inocentados.
Para abalar Sarney só um tsunami de grandes proporções. Sarney é um poderoso chefão, o capo da mídia brasileira. Além de afiliado da Rede Globo é o queridinho dos demais grupos de mídia eletrônica e dos respectivos coronéis interioranos. Foi ele, na condição de presidente da República, com a ajuda entusiasmada de Antonio Carlos Magalhães, seu ministro das Comunicações, quem começou a farta distribuição de concessões de radiodifusão a parlamentares. A pedido das grandes empresas de mídia, sobretudo eletrônicas, Sarney segurou ao longo de 14 anos a criação do Conselho de Comunicação Social. E quando o Conselho foi criado à sua revelia, deu um jeito para fechá-lo dois anos depois.
Sarney abalou-se com a matéria da Economist por vaidade. A imagem de dinossauro estraga a sua figura enfatiotada pelos jaquetões, confronta a imagem que tem de si mesmo. Além disso, não pode esquecer que a sua força começa no próprio quintal, por isso não pode dar trégua ao bando adversário.
Se a reportagem da Economist focalizasse com destaque o império midiático de Sarney ou a vergonhosa questão das concessões, a bola-de-neve poderia enfim rolar. No sexto parágrafo de uma matéria de oito, a aberração fica amenizada.
Edmar Moreira foi esmagado porque é apenas uma lagartixa. Sarney é um dinossauro. Vai sobreviver porque não é único.
trecho de Sobre lagartixas e dinossauros, texto de Alberto Dines no Observatório da Imprensa.
10.2.09
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Um comentário:
Os 'dinossauros da política' nunca deixaram de mandar... esses nunca foram extintos, e no Brasil, ainda vale a máxima: 'Manda quem pode, obedece quem tem juízo'...
Parece que com esse poder, nem o 'quarto poder' pode...
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