15.2.09

Os “cyber inquisidores”: o velho papo sobre sexo

Há um engano entre os que se autonomeiam “modernizadores da igreja” em pensar que estão a adaptar seus pacotes de idéias, que chamam teologia, à nossa pós-modernidade. O que na verdade fazem é colocar uma máscara de carnaval em uma freira de convento.

As mesmas “santas idéias”, que não fazem sentido nem para o mais purificado monge, são travestidas como se fossem novidade para atrair os olhares apressados da humanidade do século XXI.

Levou tempo para que a igreja falasse sobre sexualidade, mas quando se resolveu abrir a boca não saiu nada diferente. O discurso, sem dúvida, se aproveitou da linguagem modernosa e massificada da internet, mas preservou a mesma conversa puritana que nossos tataravós, e os tataravós deles, ouviam à missa e, no caso dos protestantes mais enraizados, nos cultos.

Toda a ideologia de pureza sexual é na verdade uma espécie de inquisição psicológica. É diversão dos cristãos procurar agulha no palheiro. Enquanto toda a Bíblia se completa em um conjunto que fala de um Deus de amor, de graça, aqui no nosso tempo preferem pegar o megafone e fazer barulho para questões secundárias, com concepções bem imprecisas, mas que viram uma doutrina fomentada pelo velho modo de se fazer cristianismo: à moda dos homens.

Criamos adolescentes paranóicos tentando limitar suas vontadezinhas devastadoras. Eu disse tentar, porque não há remédio para um rapaz na altura dos seus 17 anos, somente os calmantes manipulados e as frutas naturais, se me entendem.

A igreja, cumprindo com seu generoso papel, vêm até a internet, com suas imagens lindamente trabalhadas em um Macintosh, colocar um monte de minhoca na cabeça de nossos saudáveis adolescentes, dizendo que não podem isso ou aquilo.

Essa mensagem bonitinha é eficaz quando se precisa criar uma nova geração de jovens paranóicos que não vão parar de se aliviar com os calmantes manipulados ou com as frutas naturais, mas que com certeza vão viver o tempo todo com medo de um suposto Deus inquisidor que espera o primeiro pulo de cerca para cortar o bilau do rapazinho inquieto.

Thiago Bomfim, na Livraria do Thiago.

5 comentários:

Roger disse...

E com esse círculo vicioso...

"Hoje, um rapazinho temeroso que crê num Deus inquisidor... amanhã, um adulto inquisidor, que crê num Deus temeroso"

Sammis Reachers disse...

É como digo lá no submarino, devemos emergir e liberar geral. Mas o capitão enlouqueceu: passa os submersos dias e ler Manning e Schultz (Minduim), e diz que ninguém precisa mais de Cristo, já que o mundo nos b@sta.

E que o inferno é uma fábula medieval, e a haver salvação, ela abarcará a todos. Emersos e submersos. E até o pessoal da Atlântida, que definitivamente não se rotula.


Me cansam.

Anônimo disse...

Rapaz,

Nunca pensei que ao falar do "cuidado" da igreja para com as questões do sexo despertaria questões tão profundas como o sentido da vida, graça, salvação...

Isso só confirma o quanto os cristãos têm a mente naquilo.

Deveríamos então mudar o nosso discurso de salvação para todos, inclusive aos gentios, para uma listinha de regras de castidade.
Claro, usaremos papel brilhante e colorido, Twitter e YouTube, afinal tem que se modernizar.

Pavarini disse...

thiago,

qdo a galera desce o nível dos comentários (como rolou em alguns posts da livraria), de certa forma sinaliza que vc tocou fundo os caras. sem trocadilhos, obviamente... rsrs

aguardo ansioso o dia em que alguém vai ameaçar "contar tudo p/ o seu pastor". =)

abraço

Anônimo disse...

Pava,

Torço demais para que isso não caia nos ouvidos de ninguém de lá, mas sei que já andaram lendo.

Aliás, tirei da minha descrição ( http://livrariadothiago.com/thiago-bomfim ) o vínculo, atitude que considero injusta já que bebo muitas inspirações daquele "tanque".

Entretanto, considero necessário para que os leitores só ataquem a mim, e não àquela instituição, que não está isenta de culpa, rs.

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