Ex-presidente da Ogilvy & Mather, Roman conviveu com o principal personagem de seu livro por 26 anos e produziu a primeira biografia do ex-chefe. "Para entender Ogilvy, era necessário primeiro perceber que o homem era um ator. Em festas em que todos estavam vestidos a rigor, ele costumava roubar a cena ao usar um kilt (típico saiote escocês)", escreve o autor.
Nascido nos arredores de Londres em 1910, David Ogilvy já foi definido como "papa da publicidade", "celebridade da propaganda" e "pai da propaganda moderna". Em sua longa e atribulada vida - ele morreu em seu castelo, na França, em 1999. As entrevistas que concedeu, as conferências que proferiu e os quatro livros que escreveu (entre eles uma autobiografia) acabaram por borrar definitivamente esses limites.
Neto de banqueiro e filho de um corretor de valores falido, David Ogilvy cresceu em um ambiente que definia como "pobreza elegante". Frequentou escolas de elite à custa de bolsas de estudo e foi admitido em Oxford, universidade que abandonou logo no primeiro ano. Mudou-se então para a França, trabalhando como aprendiz de cozinheiro. Depois de uma rápida volta à Inglaterra, onde conseguiu um emprego como vendedor de fogões, decidiu tentar a sorte nos Estados Unidos. Lá trabalhou no instituto de pesquisa Gallup e atuou como agente do serviço secreto britânico durante a Segunda Guerra Mundial. Depois da guerra, refugiou-se na zona rural da Pensilvânia, onde se tornou fazendeiro amish. Foi apenas aos 38 anos, quando percebeu que não tinha o menor jeito para a vida no campo, que resolveu arriscar na publicidade.
Em 1957, época em que as campanhas publicitárias para televisão ainda engatinhavam nos Estados Unidos, o publicitário David Ogilvy, fundador da agência Ogilvy & Mather, achou uma maneira original de promover uma marca de margarina fabricada pela Lever Brothers, hoje Unilever. O produto, rejeitado pelas donas-de-casa americanas, precisava daquilo que em publicidade se chama endorsement - um testemunho positivo de uma figura de grande empatia. Ogilvy escolheu a ex-primeira-dama Eleanor Roosevelt, que desde a morte do marido, Franklin Roosevelt, se tornara uma militante dos direitos humanos, participando da criação da Organização das Nações Unidas.
Dono de um brutal talento de persuasão, Ogilvy conseguiu colocar a ex-primeira-dama, então com 63 anos, sorrindo no vídeo e dizendo que adorava aquela margarina com torradas. A partir daí, o produto teve um vertiginoso crescimento de vendas e consolidou a divisão de produtos alimentícios da britânica Lever Brothers nos Estados Unidos. Mais tarde, Ogilvy contou em uma entrevista como conseguiu convencer Eleanor Roosevelt a trabalhar como garota-propaganda. "Peguei o telefone, liguei para ela, ofereci US$ 35 mil de cachê e sugeri que ela doasse o dinheiro", disse. "Mas eu sinto vergonha desse comercial. Explorei a inocência da senhora Roosevelt", acrescentou.
fonte: Portal Exame [via AdNews]
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