8.3.09

Hipocrisia evangélica: meu alvo preferido

Recebi e-mail de um leitor do blog dizendo que apesar de concordar com minhas opiniões em relação ao povo evangélico, não apóia minha posição de publicar os textos que publico, pois eles [os textos] são um pouco preconceituosos.

As palavras foram as seguintes:

"Em relação à opinião, na maioria deles eu concordo (Mas não me sinto a vontade de incentivar esse tipo de mensagem por vários motivos. Em relação ao conteúdo, é por causa de brigas entre religiões que famílias, amigos, cidades e países fazem guerras. Além de normalmente conter um "cheirinho" de preconceito em relação a escolha espiritual de cada um. Sinceramente, sou mais adepto de textos que falam da hipocrisia humana e instantaneamente nos fazem pensar em todos os aspectos de nossa vida, inclusive o religioso."

Eu respondi o e-mail, mas depois ainda fiquei "ruminando" sobre o assunto. (Adoro essa palavra, "ruminando", como sinônimo de pensando ou analisando!)

E resolvi compartilhar com vocês algumas de minhas elucubrações, até para esclarecer melhor o porquê de eu pegar tanto no pé das ovelhinhas de Jesus.

Sobre brigas entre religiões

Eu não tento converter ninguém ao ateísmo.

Se você for meu amigo e compartilharmos uma garrafa de vinho e um papo animado, provavelmente você vai me ouvir falar animadamente sobre as coisas que me empolgam. O ateísmo é uma coisa que me empolga. (Cada louco com a sua loucura.)

Também me empolgo com Poderoso Chefão, as aventuras de Marty Mc Fly, roupas e sapatos, bijoux lindas a preço de banana, blogosfera, Beatles, meus sobrinhos, luas cheias… E umas tantas outras coisas. Mas sim, como qualquer ser humano normal, eu gosto de conversar sobre os assuntos de meu interesse. E como qualquer blogueiro/escritor normal, gosto de "falar" com meus leitores sobre coisas que me interessam e que possam também interessar a eles. Afinal, escolhemos os blogs que lemos e se você está aqui não deve ser para olhar meus lindos olhos verdes… Se quiser ver meus lindos olhos verdes, é melhor ir AQUI !

Então, isso é o que eu faço: eu escrevo. Escrevo a favor do que gosto e acho certo e contra o que não gosto e acho errado. Eu não entro na sua casa e jogo sua bíblia fora, não faço passeatas em frente a colégios cristãos para que não haja mais orações nas escolas, nem respondo perguntas de meus sobrinhos sobre deus e religião, muito menos brigo com meu irmão porque ele é evangélico ou me revolto quando na ceia de Natal meu pai conduz uma oração!

Eu escrevo, apenas. Não são os meus textos que vão incitar brigas religiosas entre famílias. No máximo, vão incitar brigas verbais entre eu e leitores que não concordem comigo! Além do mais, se as únicas armas de rixas religiosas fossem as palavras escritas, o mundo estaria um pouco mais perto da perfeição.

Sobre meu suposto preconceito contra as escolhas espirituais de cada um

Preconceito é quando formamos um conceito sobre determinada pessoa sem ao menos conhecê-la ou conhecer suas idéias. Eu não tenho pré-conceito contra os evangélicos. Eu tenho um pós-conceito. Especialmente quando se trata de determinados tipos de evagélicos: quando vejo um crente, líder de célula, que gastaria metade do seu salário anual para ir a um congresso do Apóstolo Renê Terra Nova, eu sei, mais ou menos, como funciona a escala de prioridades de tal indivíduo.

Eu sei a motivação que faz com que os cristãos evangélicos lhe convidem para participarem do café colonial que a igreja deles está promovendo. Eu vi maridos que não tinham um tostão para comprar uma lembrancinha de aniversário para a esposa, mas arranjavam dinheiro para ir a todos os congressos que a igreja promovesse. Eu vi pastoras dizendo que quando o homem trai, a culpa é toda da mulher.

Eu convivi com jovens que reprimem sua sexualidade e acabam casando apressadamente, sem a devida condição financeira. Eu vi mulheres que usam o culto de domingo para exibir o novo sapato e não param para pensar que muitas das suas irmãzinhas sustentam a família com pouco mais do valor pago por aquele calçado.

Eu vi pessoas orando com imposição de mãos e dando uma empurradinha no incauto que recebia a oração (afinal, quem consegue derrubar alguém enquanto ora pela pessoa tem o maior status). Eu conversei com gente super angustiada porque não conseguia falar em línguas. Eu estava presente nas muitas reuniões da liderança da igreja (os santos, os 12 do pastor, os escolhidos por Deus para guiar aquele rebanho) em que a fofoca bateria qualquer salão de beleza.

Eu vi e vivi muita coisa nos 4 anos em que fui membro de uma igreja neo-pentecostal. Portanto, com relação aos evangélicos, eu posso até generalizar, mas eu não tenho preconceito. Apenas compartilho minhas opiniões baseada naquilo que presenciei e vivi. Na verdade, assim como os evangélicos dizem que amam o pecador, mas não amam o pecado, eu poderia dizer que eu amo os evangélicos, só não amo suas crenças. Mas acredito na recuperação deles. Acredito que eles possam ser reabilitados a viver em sociedade. Eu sou a prova viva!

Sobre textos que falem da hipocrisia humana de modo geral

Foco. Foco. Foco. Quem gosta de escrever e procura ler dicas para escritores ou blogueiros, sabe que isso é lugar-comum: tenha um foco.

Se posso focar, por que vou generalizar?

Então, minha escolha em termos de hipocrisia é falar sobre a hipocrisia dos evangélicos! É a hipocrisia que mais tenho conhecimento de causa. Enxergo outras hipocrisias, é claro, a vida é cheia de situações em que a hipocrisia reina, o mundo é repleto de hipócritas, mas a minha hipocrisia preferida é a dos "irmãozinhos" da Igreja.

Juliana Dacoregio, no blog Heresia loira.
texto publicado em julho do ano passado.

2 comentários:

Unknown disse...

O que vemos na religiosidade contemporânea é uma negligência do ser humano em função do rito, isso se assemelha muito ao movimento religioso nos tempos de Jesus, que excluía o pobre e os abandonavam a sua própria sorte.
Gosto de pensar a fé, como um ação do toque de Deus na humanidade, na possibilidade de eu poder tocar naqueles que não possuem nenhuma possibilidade de achar razão na vida e dar-lhes um motivo para continuar.
Gosto de pensar a religiosidade semelhantemente ao filme corrente do bem, onde eu procuro amar ao próximo de tal maneira que ele também ame o outro passando adiante.
Mas infelizmente o que temos é uma religiosidade hipócrita, como você bem colocou, ter fé é levantar uma bandeira, uma instituição, hoje estou num processo semelhante a Bonhofer (acho que é assim), de um cristianismo a-religioso.
Ainda precisamos caminhar muito para entendermos realmente a proposta de Jesus para a humanidade, pois se há guerras é justamente por nossa negligência, se há corrupção é por nossa omissão e se há sofrimento da humanidade, fome e outras mazelas é por nossa falta de ação e aí meu amigo é como diz Tiago, se tens fé, me mostra com tuas obras., pois e te mostro minha fé pelas obras que faço.

Abraços e muito lúcido o seu texto.

Pr. Paulo disse...

Meu caro,

Gosto demais do seu blog e em uma escalade zero a dez, segundo o meu humilde conceito eu dou um dez. Em relação ao seu comentário sobre a Hipocrisia evangélica concordo em gênero, número e grau; só quero frisar que entre tanto besteirol em nome da fé existem pessoas sérias que estudam a Palavra de Deus e procuram interpreta-la de acordo com os prícipios da hermenêutica afim de chegarem ao mais próximo possível da vontade divina. No mais te desejo sucesso e sempre estarei a espera de uma nova postagem que muito tem me ajudado no meu amadurecimento e crescimento espiritual, afinal são os questionamentos que nos fazem obter melhores respostas. Que Deus te abençoe muito e que a tua fé em Jesus Cristo possa ser renovada sempre ( afinal ninguém vai para o céu através do Macedo, do Hernandes, do Soares e tantos outros que promovem suas igrejas e a eles mesmos ). Caso deseje acesse o meu site www.paulohads.com.br e veja o artigo Panem et Circenses, onde também manifesto um pouco da minha insatisfação com tanta hipocrisia no meio evangélico, veja também os maravilhosos artigos do Pr.Isaltino que tratam da mesma questão. Finalizando eis a minha identificação: Paulo Henrique, 41 anos, casado, pai de 2 filhos, pecador (redimido pela graça),pastor batista e crente em Jesus Cristo ( o único de quem nenhum de nós poderemos acusa-lo de pecado ).
Forte Amplexo

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