3.3.09

A nova direita

NÃO FAZ MUITO tempo, a esquerda tinha conseguido estabelecer alguns sólidos pontos de partida do debate político. Aplicar pena de prisão não diminui a criminalidade, porque o crime não é apenas ação de um indivíduo, mas falha de toda uma sociedade. O desemprego não é culpa do desempregado, mas de um sistema econômico que produz injustiça. O progresso material só significa progresso social e político se houver uma justa e solidária distribuição da riqueza. E por aí vai.

Essas posições foram desafiadas e derrotadas. Nos últimos 30 anos, enquanto movimentos e grupos sociais reivindicavam mais liberdade, uma esquerda tradicional respondeu de maneira tradicional: liberdade só com igualdade primeiro. Recusou-se a ver que havia ali um problema real, que a promoção da igualdade não produz automaticamente pessoas autônomas. Ao invés de aceitar o desafio de pensar uma nova relação entre liberdade e igualdade, boa parte da esquerda perdeu-se em discussões bizantinas como a das causas da queda do decrépito bloco soviético.

Enquanto isso, a direita se apresentou em nova roupagem, como paladino da liberdade e mãe da democracia -quando se sabe que a democracia de massas foi em larga medida uma conquista do movimento operário contra a direita, que entrava em pânico só de pensar no voto universal secreto. A nova direita ocupou um a um os espaços disponíveis nos meios de comunicação de massa e na esfera pública, em um combate cotidiano contra as teses de esquerda então dominantes. Venceu e transformou a sua vitória em poder institucional.

O resultado foi uma guinada nos pontos de partida do debate político. O que se pede hoje de todos os lados é mais prisão, mais responsabilização dos indivíduos, mais progresso material puro e simples. E por aí vai. É nisso que consiste a atual hegemonia da direita.

A nova direita vê a forma atual da democracia como imutável, como o “fim da história”. Avalia toda tentativa da esquerda de transformar a democracia como um ataque à liberdade. Mas, ao mesmo tempo, não vê problema em aceitar -como fez a Folha a propósito da ditadura militar brasileira- o revisionismo histórico e gradações no autoritarismo.

A atual crise econômica pode alterar esse quadro. Esse é o maior temor da nova direita hegemônica. Mas isso só tem chance de acontecer se a esquerda for capaz de fazer o combate de ideias no espaço público sem continuar a pressupor que seus pontos de partida seguem inquestionáveis. Convencer pessoas que já estão convencidas é puro conformismo.

Marcos Nobre, no blog do Luiz Nassif.

em questão de horas, recebi vídeos do jair bolsonaro, li na veja carta afirmando que "em 2010 estaremos livres dessa praga". o pt, no caso. como se não bastasse a dupla azevedo & mainardi...

do outro lado do espectro, tarso genro falou que a ação de movimentos sociais ocorre, "em determinadas circunstâncias, de uma maneira mais arrojada". tudo isso p/ mostrar simpatia ao movimento dos sem terra após o assassinato de 4 seguranças em duas fazendas pernambucanas. tá louca?

no seio murcho do rebanho os contornos são ainda + aterradores. o pastor batista daniel blair afirmou que "obama veio do mar – sua terra natal é o Havaí – e é rápido como um leopardo, tem os pés de um urso e a boca de um leão”. traduzindo: "ele tem mostrado muitas características da besta”. apocalipse now.

já o pastor james david manning disse que obama é "bissexual, como uma bicicleta, que anda para os dois lados". pronto. o cabra inaugurou a marcha a ré em bicicletas... rsrs

vou ali vomitar e já volto.

5 comentários:

Anônimo disse...

""Aplicar pena de prisão não diminui a criminalidade, porque o crime não é apenas ação de um indivíduo, mas falha de toda uma sociedade.""

Claro, o cara rouba e coloca a culpa na "sociedade".

Se pobreza fosse a causa da violência, todos os pobres seriam criminosos, e não teriamos universitarios filhinhos de papai queimando indios.

Anônimo disse...

O "pastor" Daniel Blair acusa Obama, e se ele , o tal "pastor" fot a BRUXA DE BLAIR hein? Ora, nunca se sabe...

Anônimo disse...

Pavarini amei o anuncio no seu blog:

"Poderosa Novena das Rosas
de Santa Teresinha do Menino Jesus. Saiba Como Rezá-la e Obter Graças".

Se rendeu ao capitalismo?? RsRs, não falais mais mal do Bi$po Macedo.

Abraços, Joelson

http://gracaplena.blogspot.com

Pavarini disse...

faaala, joelson.

sou bastante beneficiado pelo capitalismo e pela "globocolonização", como diria o frei betto.

o adsense sempre "apronta" umas dessas comigo. enquanto escrevo, tem lá uma oferta assim: "Deixe Sua Pele Macia Como Veludo".

"pele macia" ou "novena das rosas". vc decide! =)

big abraço

Anônimo disse...

Os partidos de esquerda desculpam sistematicamente a criminalidade com o a pobreza e o desemprego. Parece terem receio de uma atitude mais enérgica na luta contra o crime. Será que ficaram traumatizados desde os tempos do fascismo? Esta postura está a desorientar o seu próprio eleitorado natural: os mais pobres que são também os mais desprotegidos face à criminalidade. Assim, os partidos de esquerda têm muita responsabilidade relativamente ao crescimento da extrema direita que tem um discurso bem mais sensato sobre o combate crime. Barack Obama prometeu ser implacável no combate ao crime e defender ao mesmo tempo os mais desfavorecidos. Não me parece que isso seja incompatível.

Há 50 anos a pobreza em Portugal não era menor que a de hoje e a criminalidade violenta era praticamente inexistente. Se mais pobreza implicasse mais criminalidade, então não teria sido assim. As estatísticas nem reflectem a nossa realidade porque muitas vítimas já nem se queixam porque sabem que os criminosos são rapidamente postos em liberdade, mesmo quando são capturados e depois ficam sujeitos a represálias. Pela mesma razão, vítimas e testemunhas escondem a face quando são entrevistadas pela televisão.

Já há algum tempo um Mayor de Nova Iorque decidiu que não se deveria menosprezar a pequena criminalidade nem os pequenos delitos, porque a sensação de impunidade se instala nos jovens delinquentes, estes vão facilmente progredindo para infracções cada vez mais graves até que a situação se torna incontrolável. Implementou então a célebre "Tolerância Zero" que, como se sabe, deu óptimos resultados, reduzindo num só ano a criminalidade em Nova Iorque em cerca de metade.

A actual política portuguesa de manter na rua os criminosos, mesmo depois de várias reincidências, faz (como dizia o Mayor ) crescer a sensação de impunidade: o criminoso continua com as suas actividades criminais, vai subindo o nível dos seus delitos e serve de exemplo para que outros delinquentes mais jovens sigam o mesmo caminho.

Esta política errada está a atrair ao nosso país a criminalidade europeia (e não só), que se apercebe dos nossos cada vez mais "brandos costumes", daí a não ser estranho que quase metade dos condenados sejam estrangeiros.

Dificultar a obtenção de uma licença de porte de arma não tem qualquer efeito sobre os criminosos violentos. Quem acredita que eles tiram uma licença de porte de arma e a compram num armeiro legal? Não! Compram-na nos mercados do submundo do crime e muitas delas são até superiores às das polícias. O tempo em que os delinquentes faziam sobretudo uso de armas furtadas já lá vai, por isso dificultar a obtenção de uma arma legal serve para o criminoso se sentir mais seguro e impede a autodefesa da vítima, que pode sentir arrombarem-lhe a porta e nada poder fazer porque não tem com que se defenda. Há um ditado americano que diz: "mais vale ter uma arma e nunca precisar dela do precisar de uma e não a ter".

Vão-me dizer que ter uma arma em casa é perigoso e que já há "crianças" com 15 anos que aparecem na escola com armas. A esses respondo que os pais ou tutores deveriam ser severamente punidos.

Além disso, uma "criança" de 15 anos tem obrigação de saber muito bem o que representa uma arma ao contrário de uma outra de 5, por isso a palavra "criança" significa hoje tão só e apenas "menor de idade". Já não tem o mesmo sentido de há 30 anos.

Zé da Burra o Alentejano

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