31.3.09

O mundo possível de Camus e Sartre

Humanismo: uma releitura existencial de Albert Camus e Jean Paul Sartre

Tese de Mestrado em filosofia defendida por Roberto Carlos Favero na Universidade do Vale do Rio Sinos

Humanismo, uma releitura existencial de Albert Camus e de Jean-Paul Sartre é o tema da presente dissertação, que consiste no exercício filosófico de criar um mundo possível nessa vida. Acreditar no mundo e no verdadeiro humanismo é o que nos falta. Nós perdemos, completamente, o senso de valorizar, respeitar e dar condições necessárias, para que o ser humano se realize na sua plenitude e com referenciais éticos. O racional tornou-se o irracional; o humano, o inumano. Acreditar no homem significa, principalmente, suscitar acontecimentos, atitudes, ainda que corriqueiras, mas que visem a redescobrir a essência do humanismo. É necessário, pois, urgentemente, uma redefinição em nosso próprio conceito de humanismo que nos impulsione a um compromisso humanizador.A proposição básica dos filósofos, Camus e Sartre, é que: como é impossível salvar tudo, salve-se, ao menos, o corpo de cada indivíduo. Que homem algum seja vítima, carrasco e omisso perante o próprio homem. Ambos nos pedem um mundo, onde não se mate, onde o mal, o terrorismo, a violência, a exclusão social e os pré-conceitos não sejam legitimados. Sartre apresenta-nos a liberdade como valor absoluto.

O existencialismo coloca o homem perante uma alternativa: assumir a liberdade e realizá-la,na angústia de sua condição, sendo responsável por negar a liberdade e procurar refúgio na sua má-fé. Para Camus, apesar de o homem estar em toda parte, onde ele existe estão seus gritos, ameaças e esperanças. Cabe a ele tomar consciência disto e, imediatamente, revoltar-se. O autor de A Peste prega a revolta e a insurreição. A revolta é o protesto humano contra o mal, o absurdo e o nada. Ambos filósofos enfatizam a auto-consciência e a auto-responsabilidade do ser humano frente ao mundo. Depositando, assim, total confiança e credibilidade no homem e nas suas possibilidades de realizações e transformações. Precisamos intensificar nossas habilidades para lidar com o real, olhando de forma mais ampla e crítica para a realidade. Procurar não só dentro de nós mesmos, mas interagindo, permanentemente, com o social. O ethos, que tenha amor, dá um novo sentido de viver. Amar o outro, seja o ser humano, seja cada representante da sociedade, é dar-lhe razão de existir. Esse amor respeita a alteridade, se abre a ela e busca a solidariedade para todos. Busca-se a inclusão social sendo esta a nossa tarefa a ser executada, incansavelmente, todos os dias.Se há algo que deve ser aniquilado é a barbárie e deve haver a superação de todas as formas de violência, neste mundo humano e anti-humano. Exige-se uma nova compreensão de esperança. Esperança não como resignação e espera, mas como possibilidade de futuro.

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