25.5.09

Isso aqui é trabalho meu filho...

Fui demitido. Justa causa.

Como estagiário, aprendi milhões de coisas e fui muito bem sucedido nas minhas funções. Juro que não entendo o porquê de me demitirem…

Eu tinha várias funções que fazia com excelência, entre elas:

1. Tirar xerox: 3.1 segundos por página.
2. Passar café.
3. Comprar cigarro e pão: 1 minuto e 27 segundos. Ida e volta.
4. Fazer jogos na Mega-Sena, Dupla-Sena, Lotofácil, Loteria Esportiva…

Eu era muito bom. Mesmo. Fazia tudo certinho, até que peguei uma certa confiança com o pessoal e resolvi fazer uma brincadeirinha inocente.

É impressionante o nível de stress em um ambiente de trabalho.

Quis dar uma amenizada na galera, deixar o povo feliz e fui recompensado com uma bela de uma demissão por justa causa. Puta sacanagem!

Vou contar toda minha rotina desse dia catastrófico.

Era quinta-feira, 26 de março, quando cheguei ao trabalho. Nesse dia, passei na padaria no meio do caminho. Demonstrando muita proatividade, comprei pão e 3 Marlboro. Já queria ter na mão sem nem mesmo me pedirem. Quando abri a agência (sim, me deixam com a chave porque o pessoal só começa a chegar lá pelas 11h), já vi uma montanha de folhas para eu xerocar na minha mesa. Xeroquei tudo, fiz café e deixei tudo nos trinques (minha mãe que usa essa gíria rs). Como tinha saído um pouco mais cedo no outro dia, deixaram um recado na minha mesa: “pegar o resultado da mega-sena na lotérica”.

Como tinha adiantado tudo, fui buscar o resultado. No meio do caminho, tive a ideia mais genial da minha vida e, consequentemente, a mais estúpida. Peguei o resultado do jogo: 01/12/14/16/37/45. E o que fiz? Malandro que sou, peguei uns trocados e fiz uma aposta igual a essa. Joguei nos mesmos números, porque, na minha cabeça claro, minha brilhante ideia renderia boas risadas. Levei os 2 papeizinhos (o resultado do sorteio e minha aposta) para o trampo novamente.

Ainda ninguém tinha dado as caras. Como sabia onde o pessoal guardava os papeis das apostas, coloquei o jogo que fiz no meio do bolinho e deixei o papel do resultado à parte.

O pessoal foi chegando e quase ninguém deu bola pros jogos. Da minha mesa, eu ficava observando tudo, até que um cara, o Daniel, começou a conferir. Como eu realmente queria deixar o cara feliz, coloquei a aposta que fiz naquele dia por último do bolinho, que deveria ter umas 40 apostas. Coitado, a cada volante que ele passava, eu notava a cara de desolação dele. Foi quando ele chegou ao último papel. Já quase dormindo em cima do papel,vi ele riscando 1, 2, 3, 4, 5, 6 números. Ele deu um pulo e conferiu de novo. Esfregou os olhos e conferiu de novo, hahahaha. Tava ridículo, mas eu tava me divertindo. Deu um toque no cara do lado, o Rogério, pra conferir também. Ele olhou, conferiu e gritou:

-”PUTAAAA QUEEEE PARIUUUU, TAMO RICO, PORRA”. Subiu na mesa, abaixou as calças e começou a fazer girocóptero com o pau.

Óbvio que isso gerou um burburinho em toda a agência e todo mundo veio ver o que estava acontecendo.

Uns 20 caras faziam esse esquema de apostar conjuntamente. Oito deles, logo que souberam, não hesitaram: correram para o chefe e mandaram ele tomar bem no olho do cú e enfiar todas as planilhas do Excel na bunda da mulher dele. No meu canto, eu ria que nem um filho da puta. Todos parabenizando os ganhadores (leia-se: falsidade reinando, quero um pouco do seu dinheiro), com uns correndo pelados pela agência e outros sendo levados pela ambulância para o hospital devido às fortes dores no coração que sentiram com a notícia.

Como eu não conseguia parar de rir, uma vaquinha veio perguntar do que eu ria tanto. Eu disse:

- Esse jogo que ele conferiu eu fiz hoje de manhã.

A vaca me fuzilou com os olhos e gritou que nem uma louca:

-PAREEEEEEEEEEM TUDO, ESSE JOGO FOI UMA MENTIRA. UMA BRINCADEIRA DE MAU GOSTO DO ESTAGIÁÁÁÁÁÁÁRIO !!!!!!!

Todos realmente pararam olhando pra ela. Alguns com cara de “quê?” e outros com cara de “ela tá brincando”. O cara que tava no bilhete na mão, cujo nome desconheço, olhou o papel e viu que a data do jogo era de 26/03. O silêncio tava absurdo e só eu continuava rindo. Ele só disse bem baixo:

- É… é de hoje.

Nesse momento, parei de rir, porque as expressões de felicidade mudaram para expressões de ‘vou te matar’. Corri… corri tanto que nem quando eu estive com a maior caganeira do mundo eu consegui chegar tão rápido ao banheiro. Me tranquei por lá ao som de “estagiário filho da puta”, “vou te matar” e “vou comer teu cú aqui mesmo”. Essa última foi do peladão !

Eu realmente tinha conseguido o feito de deixar aquelas pessoas com corações vazios, cheios de nada, se sentirem feliz uma vez na vida. Deveriam me dar uma medalha por eu conseguir aquele feito inédito. Mas não… só tentaram me linchar e colocaram um carimbo gigante na minha carteira de trabalho de demissão por justa causa. Belos companheiros!

Pelo menos levei mais 8 neguinho comigo ! Quem manda serem mal educados com o chefe. Eu não tive culpa alguma na demissão deles. Pena que agora eles me juraram de morte…agora tô rindo de nervoso.

Falei aqui em casa que fui demitido por corte de verba (consegui justificar dizendo que mandaram mais 8 embora, rs) e que as ligações que tenho recebido são meus amigos da faculdade passando trote.

Eu supero isso, tenho certeza.

É, amigos, descobri com isso que não se pode brincar em serviço mesmo…

vi no Di menor

3 comentários:

Felipe disse...

Fui atraído até esse blog na ilusão de que seria edificado de alguma forma com um conteúdo no mínimo com princípios cristãos e me deparo com tal atrocidade aos leitores cristãos. Você deve estar coçando a cabeça agora e falando: Putz, que crente idiota, preconceituoso e mal humorado. Maldito religioso.
Mas cara, não se pode sair da mesma fonte água suja e limpa, da mesma forma que ou um blog tem um conteúdo edificante ou um lixo como esse post que acabou de escrever.
Cara! Não rola ler essas asneiras lotadas de atitudes depravadas e ainda milhões e milhões de palavrões. Tudo bem que eu até sorri um pouco mas a expressão que predominou durante a leitura do artigo foi de espanto do tipo: Como um cara que se diz cristão escreveu isso!
Cara, Deus te abençoe. Não leve a mal, não leve essa crítica tão a sério mas que no mínimo você possa repensar e reciclar seu pensamento. Afinal, temos de não nos conformar com este mundo mas transformar pela constante RENOVAÇÃO da nosso mente.

Um abraço.

Eliézer disse...

Olá Felipe !

Esse não é um texto humorístico somente, se o fosse, o postaria na quinta-feira, que é o dia para postagens desse tipo nesse blog. Aproveitei o gancho do tema trabalho para apresentar algo para descontrair e para refletir também. O interessante é que você se escandalizou mais com a linguagem que com o absurdo da situação da história em si que apresenta os sentimentos vís que norteiam as ações dos homens.

Vil foi a ingenuidade do estagiário. Vil foi a atitude dos pretensos ganhadores que, por dinheiro, se sentiram no direito de atacar e denegrir o chefe e sua família. Vil foram as comemorações desvairadas. Vil é a maneira como os trabalhadores daquela agência se relacionam uns com os outros. Vil é o depósito coletivo na esperança de possuir um dinheiro que em suas mentes seriam a "carta de alforria" de seus sofrimentos.

Não, não foi um cara "cristão" que escreveu isso. Olhe bem no fim do texto, há um link conduzindo ao site onde o texto original (um pouco mais vil nas palavras, por sinal) foi lido. No entanto, o escritor desse "causo" não poderia ter sido mais feliz em atirar no que viu e acertar no que não viu: ridicularizar a vã vaidade humana, que deposita suas esperanças de bem-estar e revanche em cima do vil metal.

Nessa história, contudo há uma declaração do estagiário que acredito ser a essência reflexiva que margeia o declarado tom humorístico da história:"Eu realmente tinha conseguido o feito de deixar aquelas pessoas com corações vazios, cheios de nada, se sentirem feliz uma vez na vida." que é essencialmente a constatação nua e crua do vazio existencial de cada ser humano ali. A percepção de sua própria nulidade é patente a estes, mas nada fazem para melhorar a situação, acreditando que de fora para dentro (o dinheiro da loteria) fará a diferença.

Quanto a linguagem, ela se adequa às circunstâncias do contexto. Haveria outro modo de ser mais explicito no tema que da maneira como foi escrito? Refleti bem antes de postar esse texto, inclusive pensando que haveriam reações como a sua. Tentei antes adaptar o texto, mas o resultado foi como colocar uma criança para retocar a Monalisa. O texto perdeu o impacto. Adaptá-lo seria como uma peça do Plínio Marcos sem palavrão ou pinturas renascentistas sem mulheres nuas.

Assumi o risco. E além de entreter como literatura, espero que sirva até mesmo para nós, que nos gabamos tanto de não depositar nossas esperanças no "mundo" ficarmos alertas quanto a nossa vocação coletiva para um triunfalismo mesquinho da fé cristã, desmerecendo e deprezando "chefes e esposas" com nossos atos de exposição pública de nossa pretensa superioridade religiosa, onde no fundo, o se expressa mesmo, é a nosso preconceito pela crença diversa da nossa. Isso também é atitude vil, como de qualquer outro ser humano corrompido pelo pecado.

Recebo seus votos pela benção de Deus na minha vida, desejando o mesmo para você. No entanto peço que veja além da forma, veja o conteúdo. Renovar nosso entendimento é para experimentação pessoal da boa, perfeita e agradável vontade de Deus. O que de melhor poderíamos experimentar que não seja o preenchimento do nosso vazio existencial por Deus, enquanto o mundo assegura que o dinheiro pode preencher esse espaço melhor que Ele, através de histórias absurdas como essa?

Paz e bem para sua alma!

Felipe disse...

Sem dúvida o propósito foi bem exposto pela sutil forma que foi tratado ou para outros mais desatentos pelo escândalo da forma com que foi escrito.
O que é bom não necessita de retoques ou críticas mas aquilo que fere os princípios de determinado estilo de vida ou pensamento deve sim ser repensado e exposto até acharmos uma via para que se aperfeiçoe demonstrações de opinião como esta.
Eu só atentei para o que estava fora dos parâmetros do que acreditamos e temos em comum.
Como eu disse, não leve a crítica tão a sério mas, que você possa notar que esta forma de expressão não é só apelativa como acaba violentando nossos pensamentos e as chances de levarmos a moral da história a sério ou até percebê-la.
Talvez o que você fez aqui se compare com uma peça de teatro que traz sim uma mensagem interessante e que pode ser usada em nosso contexto mas conta com alguns atores que ficam completamente nus na cena. Reproduziríamos a peça fielmente numa Igreja em nome da mensagem nela contida ou adaptaríamos embora com perdas para que não contradigamos nossa fé?
Um abraço e que Deus abençoe. Que sejas um canal de bençãos para mais e mais vidas e que através do seu blog pessoas possam ser alcançadas por Cristo e Suas boas novas.
Que o Senhor multiplique em ti o fruto do Espírito.

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