12.6.09

Deus é pop

Com mais de 20 tatuagens estampadas no corpo, dois piercings no nariz e um alargador de orelha, a paulistana Fernanda Soares Mariana, de 19 anos, parece estar montada para um show de rock. Apenas a Bíblia que ela carrega nos braços sugere outro destino. E Fernanda, a despeito do visual, está pronta mesmo é para encontrar Jesus. “A igreja não pode julgar. Ela tem de estar lá para transformar sua vida, e não sua aparência”, afirma. A igreja que Fernanda escolheu não a julga pelo figurino.

Numa noite de domingo, no templo da Bola de Neve Church do Rio de Janeiro, o que se vê são fiéis vestindo bermudas e camisetas com estampas de surfe. Boa parte exibe tatuagens como as de Fernanda. No altar, uma banda toca música gospel, enquanto a vocalista grita o refrão “Jesus é meu Senhor, sem Ele nada sou”. Na plateia, cerca de 300 pessoas acompanham o show em catarse, balançando fervorosamente ao som da música. A diaconisa Julia Braz, de 18 anos, sobe ao palco de cabelo escovado e roupa fashion. Põe a Bíblia sobre uma prancha de surfe no púlpito e anuncia: “O evangelismo tá bombando!”. Amém.

Cultos voltados para os jovens, como a igreja da Bola de Neve, revelam um fenômeno: mostram que o jovem brasileiro busca formas inovadoras de expressar sua religiosidade. Em 1882, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche assinou a certidão de óbito divina com a célebre afirmativa: “Deus está morto”. Para ele, os homens não precisariam mais viver a ilusão do sobrenatural. Nietzsche não foi o único. O anacronismo da fé religiosa era uma premissa do socialismo. “A religião é o ópio do povo” está entre as frases mais conhecidas de Karl Marx. Para Sigmund Freud, a necessidade que o homem tem de religião decorreria de incapacidade de conceber um mundo sem pais – daí a invenção de um Deus.

A influência de Marx e de Freud no pensamento do século XX afastou gerações de jovens da fé. Mas a derrocada do socialismo e as críticas à psicanálise freudiana parecem ter deixado espaço para a religiosidade se manifestar, sobretudo entre os jovens. “Aquilo que muitos acreditavam que destruiria a religião – a tecnologia, a ciência, a democracia, a razão e os mercados –, tudo isso está se combinando para fazê-la ficar mais forte”, escreveram John Micklethwait e Adrian Wooldridge, ambos jornalistas da revista britânica The Economist, no livro God is back. Para os jovens, como diz o título do livro, Deus está de volta. Ou, nas palavras da diaconisa Julia, “está bombando”.

Uma pesquisa feita por um instituto alemão mostra que 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos se dizem religiosos e 65% afirmam ser “profundamente religiosos”

Uma pesquisa inédita do instituto alemão Bertelsmann Stifung, realizada em 21 países, revela que esse renascimento da religião está mais presente no Brasil que na maioria dos países. O estudo mostra que o jovem brasileiro é o terceiro mais religioso do mundo, atrás apenas dos nigerianos e dos guatemaltecos. Segundo a pesquisa, 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos se dizem religiosos e 65% afirmam que são “profundamente religiosos”. Noventa por cento afirmam acreditar em Deus.

Milhões de jovens recorrem à internet para resolver seus problemas espirituais. Na rede de computadores, a diversidade de crenças se propaga como vírus. “Na minha geração só sabia o que era budismo quem viajava para o exterior”, diz a antropóloga Regina Novaes, da Universidade de São Paulo e ex-presidente do Conselho Nacional de Juventude. “Hoje, com a internet, o jovem conversa com todo o mundo e conhece novas religiões. A internet virou um templo.” Mais talvez do que isso, ela se converteu no veículo ideal de uma religião contemporânea e desregulada, que pode ser exercida coletivamente sem sair de casa e sem submeter-se a qualquer disciplina.

trecho da matéria de capa da Época deste final de semana.

7 comentários:

luiz henrique matos disse...

Variações sobre o mesmo tema... E, como prova da pesquisa citada, esse tipo de capa vende revista a rodo.

Lubi disse...

Gostei desse pôuste.
Mesmo ateia e como estudante de psicologia, indo para a linha de freud.

Talita do Vale disse...

Não julgo, mas também não posso dizer que simplesmente aceito.

O Brasil, como já ouvi de muuuuitos missionários é um grande celeiro.
As pessoas já tem uma necessidade de Deus, possuem uma grande espiritualidade.

Muitos se aproveitam disso e fazem o que estão fazendo, o que muitas vezes impede da verdade ser realmente vista.

Como disse o carinha q comentou ainda ha pouco, esse tipo de capa vende revista a rodo [2]

afonsomfneto@hotmail.com disse...

Não é de hoje que as editoras, atropelam os compêndios de jornalismo e d eimprensa, e piór: de suas próprias conciências, e mesclam a imagem de Jesus (q tanto desprezam) com qualquer outra coisa, simlpismente para venderem mais revistas, jornais e assim tentarem pagar a 'luz ' da gráfica, ou o reparcelamento no Banco

Sandra Letícia disse...

È, num dá p ignorar q é isso q os leitores quere. de uma certa forma, a gente contribui p isso.
só é complicado, porque a imagem da igreja, e principalmente de Cristo, tem cada vez menos credibilidade. O ceticismo acaba ganhando força.

Karla Barros disse...

Até as pedras estão clamando! O conglomerado Globo está "divulgando" a igreja evangélica, tanto no Jornal Nacional como na Época. Claro que devem existir razões políticas para tal, mas não deixa de trazer à pauta o assunto "ser cristão".
E aí a gente já vem com nosso estereótipo de que "imagem é tudo" - nosso evangelho "particular" em que a pessoa precisa se revestir de uma imagem (de preferência aquela "padrão" criada pela moral vigente) para seguir à Cristo, e não deixar esse papel para o Espírito Santo.
O que não se percebe ainda é que hoje acontece o mesmo que aconteceu na época de Cristo: que andou com os pecadores e bateu na liturgia da igreja. Igreja que disseminava clausura, rigor e exclusão. O que será que os sacerdotes daquela época pensavam de Jesus? Um louco? aproveitador? manipulador de massas? herege?
Ele era diferente... Ele amava as pessoas e não as regras. Ele se preocupava em ajudar, em curar, em dar alento... E não como elas se vestiam, o que faziam para sobreviver.
As pessoas precisam de Deus. Elas anseiam por isso e estão correndo atrás, do jeito que dá, do jeito delas! A religião é o ópio quando vc precisa de um delírio para enfeitar a vida, e para controlar os outros. Mas as pessoas sempre vão buscar a Deus. A criatura sente falta do convívio com seu criador, de um relacionamento pessoal com ele.
Seria bom se comessassem a pregar o evangelho de Deus nas igrejas, e não teorias, G's, e outras invenções, sonhos e maluquices.

afonsomfneto@hotmail.com disse...

A Rede Globo tenta fazer de tudo pra provar que a BRIGA dela NÃO é com os Evangélicos, mas sim com a Rede Record e a Igreja Universal do Reino do Edir Macedo
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Mas todos sabem que a Rede Globo é declaradamente católica todo dia nos seus telejornais eles mostram uma festa de 'santo' católico, quermesse, tudo
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O Padre Marcelo tem Missa Eletrônica garantida lá também
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Se bem que num passado não muito distante, o Pr Nilson do Amaral Fanini, da Igreja Batista do RJ, também abria as manhãs de Domingo da Globo nacional, com uma palavra bem....mais muito bem lith...parece que Deus tirou ele dali
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Para tentar se aproximar e agradar aos Evangélicos que só crescem, e com isso pode cre$cer o $IBOPE$ dele$, os altos executivos da Globo colocam músicas da Aline Barros nas novelas
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Lançam CD gospel pelo selo deles
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E mais recentemente, fizeram UMA semana de reportagem ELOGIANDO os evangélicos e seus trabalhos sociais.
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Willian Booner afirmou nesta série de reportagem que os evangélicos somam 15% da população Brasileira
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UMA MENTIRA DESLAVADA E DESMENTIDA PELO IBGE E PELA PRÓPRIA REVISTA DELES A ÉPOCA, QUE AFIRMA SER 23,8% (vide post abaixo)
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SETORES MAIS SÉRIOS DO JORNALISMO, AFIRMAM QUE OS EVANGÉLICOS REPRESENTAM MAIS QUE 45% DO TOTAL DA POPULAÇÃO, E ISSO PELOS CÁCULOS APURADOS DO IBGE
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O PRÓXIMO PASSO DA REDE GLOBO PARA CONQUISTAR OS EVANGÉLICOS
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SERÁ OFEREER HORÁRIOS PARA IGREJAS E PASTORES ,COMO JÁ FAZEM COM A GLOBO INTERNACIONAL NOS EUA

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