15.6.09

Direito ao sono!

Que agonia! Todo sábado à noite eu já começo a pensar que domingo será pouco para o sono que tenho. Passo domingo, o dia inteiro, chateado, pois, não vou poder dormir na segunda. Até que o dia chega, desagradável como só uma segunda-feira poderia ser.

Alguém já viu alguma coisa boa na segunda? Feira de pastel começa na terça. Dia de verdura, carne, fruta em mercado é quarta-feira. Até Robinson Crusoé, seu amigo era sexta-feira. O amigo de todos nós. Dia ingrato. Jogam-me da cama, no auge do sonho mais legal da semana. Afinal alguém dormiu de calças jeans e no outro dia decidiu sacanear todo mundo. O mundo seria muito mais produtivo se segunda-feira começasse às 14 horas.

Lafaerge escreveu um belo manifesto (com o qual estou em total acordo), intitulado: Direito a preguiça. Um livro que fala do direito do trabalhador à preguiça. É um direito nato. Imagine: você nasce, cresce, reproduz e morre. Em todas essas fases está contemplada a preguiça. Vejamos você nasce – sua rotina são peitos, leite, algum adulto idiota fazendo gracinha pra você, e aí você sorri, pra quê? Para ele sair logo, e? E dormir! Ok. Primeira fase concluída, direito a preguiça garantido. Aliás, nessa época, dormir é incentivado por todos. Você dormindo é um bem ao mundo e a você. Acostumam-te mal desde pequeno depois querem que você acorde cedo para falar com alguém mal humorado que também acordou cedo, mas cuja esposa dormiu de calça jeans.

Na segunda fase – quando você está crescendo –, começa a sacanagem. Você acorda cedo para ir aos estudos, perde a melhor fase do sono e ainda escuta seus pais falarem: você só estuda, tem a vida boa. Mas e o maldito direito ao sono? Bom, ok, você ainda pode dormir bastante.

Agora na etapa da reprodução. O seu direito ao sono é quase inexistente. Aliás, sono é realmente aquela cochilada após a reprodução. Fora isso, você tem toda uma cultura de sono reprimida e apagada brutalmente. Ou seja, na reprodução só quem tem direito ao repouso é o saco. E olha lá ainda. É o cumulo. Essa era a fase onde precisaríamos de todo o tempo do mundo. É-nos cobrado a árdua tarefa de produzir o tempo todo. Produzimos trabalho, produzimos lazer, produzimos matéria prima pro mundo e o que nos é fornecido? As contas das fraldas. E o pior ainda, essa é a fase onde todo o homem, em algum ponto, acorda numa segunda-feira e se vê em um profundo dilema: Se eu dormir mais cinco minutinhos, ainda chego antes que meu chefe?

Depois de toda essa fase de danação, dos compromissos da vida adulta, sem ter direito a um repouso digno, vem a última etapa: A morte. O sono eterno, a preguiça eterna. Mas ai já não interessa mais, o legal do direito ao sono digno é acordar, se espreguiçar e ver no relógio 2 horas da tarde e saber que a única coisa que você precisa fazer é escovar os dentes e coçar a bolsa que cerca o seu mais precioso tesouro.

Resumindo: O direito ao sono é concedido ao ser humano quando o mesmo é careca, feio pra danar, banguela, e só quer saber de mamar. Ai, só restam dois caminhos: se você é burro irá desenvolver uma atividade, estudar, ter cabelos, suar para conseguir o que é preciso e o direito ao sono lhe é retirado. Se você é inteligente, continua careca, banguela e, principalmente, continua mamando nas tetas do governo (Bolsa preguiça ou cartão corporativo). Nesse caso, o direito ao sono lhe é mantido. E no fim de tudo, você tem direito a aposentadoria do sono. E mesmo assim, alguns cyber punks podem te roubar ou tentar fazer sexo com seu tumulo.

O que de proveitoso você tirou para sua vida lendo esse texto? Nada! Mas pense, eu poderia estar dormindo, sonhando com carneirinhos, em berço esplêndido. Mas não! Estou emputecido aqui, pedindo apenas que você concorde comigo.

Tá, dica útil do dia: ao acordar conte até 10 e você percebera que no 1 você vai pensar em voltar a dormir. No 2, você vai querer quebrar o despertador. No 3, você vai querer matar o trabalho. No 4, Você vai querer matar seu chefe. No 5, você planeja “matar” seu chefe e explodir seu trabalho. No 6, você está pensando na execução. No 7, você percebe que não tem coragem. No 8, você vê que se não acordar vai perder o busão. No 9, realiza que é um bosta completo, um tremendo banana. No 10, você está pronto pra começar seu dia.

Paulo Câmara, no blog The World Owner.

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