19.6.09

Jornalismo é espírito

Na quarta-feira o STF votou, por 8 a 1 (uhú!), o fim da obrigatoriedade de diploma de jornalismo para exercer a profissão. Eu trabalho numa redação, uma das maiores do país, e sinceramente não vi ninguém chorando por lá. Mas no Twitter eu vi. Ah, como vi gente se lamentando. “Ai, porque é um absurdo”. “Ai, porque isso é desvalorização da educação no país”. “Ai, porque agora qualquer um pode ser jornalista…”

Aaaahh, a tradicional arrogância da classe. A maior prova dela é uma porção de gente ter se ofendido com a comparação do ministro de jornalista com cozinheiro. Gente escrota. Desde quando ser jornalista é melhor do que ser cozinheiro? Quem devia se ofender é o cozinheiro, po.

Amigo que não é jornalista, tem algumas coisas que você precisa saber. A primeira delas é que o mercado de jornalistas está repleto de gente que exerce a profissão de maneira formidável e não é formado, desde muito tempo. A segunda é que a faculdade de jornalismo no Brasil forma pequenos especialistas em grandes generalidades com vagas noções de técnicas de redação. A terceira é que… sei lá, não tem terceira. Sou jornalista, não sei contar.

Pra ser jornalista, e eu sempre achei isso, não adianta ter faculdade. Jornalismo é espírito. Envolve gostar de estar bem informado, ser curioso, em alguns casos gostar ou saber escrever, gostar de ler, ter visão global de fatos, saber editar, uma série de coisas. Leia +.

Ana, no blog Olhômetro [via Alunos da Metô]

3 comentários:

Leone Lacerda disse...

Jah imaginou se fosse obrigatório curso de música pra músicos? Ou de literatura pro autor poder publicar seu livro?

Luís Delcides disse...

Têm muitos diplomados que não servem para ser jornalistas. Logo, têm muitos jornalistas que não precisam ser diplomados.

Karla Barros disse...

Não concordo. Assim como foi preciso criar formação de pedagogia (num formato excepcional) para professores do ensino fundamental que não possuiam, era plausível formular algo semelhante para regularizar a profissão de quem exerce o jornalismo, mas não é formado. Na minha opinião a decisão é um retrocesso na educação e não a desvalorização da profissão.

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