
“Como gari, senti na pele o que é um trabalho degradante. Vivi situações que me impulsionaram a entender melhor o nosso meio psicossocial”, explica ele, que desenvolveu a tese sobre a “invisibilidade pública”, isto é, profissionais como faxineiros, ascensoristas, empacotadores e garis não são “vistos” pela sociedade, que enxerga a função, não a pessoa. Uma das situações experimentadas por Fernando foi atravessar os corredores da faculdade uniformizado. Ninguém nem sequer olhou para ele ou o cumprimentou. “A invisibilidade e a humilhação repercutem até na maneira como você anda, fala, olha. Eles não conseguem nos olhar de frente e, quando olham, piscam rapidamente. O modo de andar lembra movimentos de robô”, conta ele.
O objetivo não é só conquistar condições melhores para os varredores. “É preciso reinventar a divisão de trabalho para que não exista uma pessoa responsável por limpar nossa sujeira. Se não, não conheceremos democracia de verdade ou uma sociedade de iguais. O trabalho de gari parece natural hoje como a escravidão era há 300 anos.”
Leia mais
2 comentários:
Dois pensamentos:
1. A Parábola do Samaritano continua atual .
2. O racismo brasileiro é predominantemente social. O pobre é mais discriminado que o negro. Agora, infeliz de quem for negro e pobre...
Fico triste ao pensar na venda das imagens de "sucesso" e "bênção" tão comuns em igrejas evangélicas. Essas imagems se encontram não somente nas neo-pentecostais, mas nas históricas também.
Postar um comentário