19.8.09

Conselho da Vovó

Minha vó Vitalina rezava todas as noites, ajoelhada aos pés da cama, ao lado de uma lamparina acesa numa pequena xícara velha com azeite espanhol. Era religiosa demais, acreditava cegamente no Deus cristão, mas nunca ia à igreja. Usava avental xadrez remendado, tomava café no bico do bule, e fumava cigarro de palha. Não tinha nenhuma cultura formal. Morreu aos noventa e quatro anos sem sequer saber quem foi Van Gogh, sem jamais ter ouvido a Nona do Beethoven. Com certeza, nunca leu Sartre, nem Nietzsche, nem Platão. Mas tinha uma sabedoria que marcou muito a minha vida. Um dia, enquanto colhíamos grãos maduros de café no quintal da casa dela, eu lhe fiz uma pergunta a respeito de amor e sexo — um assunto palpitante para o meu coraçãozinho infiel e eternamente apaixonado, que então só tinha sete anos de idade e uma montanha de dúvidas...

Eis a resposta que ela me deu:

— Meu filho, quando a tentação do pecado passar por você, e for uma tentação muito gostosa, você tem um único caminho a tomar: olhe para os lados, pense em Deus...

E peque!

Fonte: Mude

2 comentários:

berna disse...

EU FIZ ISSO E ME DEI MAL. ESSA VÓ(Z) É DO CÃO.

Anônimo disse...

Realmente! Temos que sair do moralismo puritano-vitoriano.

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