30.8.09

Marcha soldado, cabeça de papel (8)

Para Jesus! Uma Marcha com Donos e Palanques?

Há cerca de um quarto de século, um ministro anglicano no interior da Inglaterra, diante da divisão do Corpo de Cristo e do avanço do Secularismo, teve a feliz idéia de convidar colegas de outras Igrejas para fazerem uma passeata pública, como demonstração de unidade e expressão de fé. Já que a semana que precede o Dia de Pentecostes (no calendário das Igrejas Históricas) é dedicado à unidade dos cristãos, tal evento deveria acontecer sempre no sábado da semana anterior à festa dedicada ao Espírito Santo.

O evento foi denominado de ‘Marcha para Jesus’, e ele deveria ser espontâneo e informal. Organizações como a Jocum, a Primus e a Ichthtus compraram a ideia, e, em 1987, na cidade de Londres, promoveram o primeiro grande evento de massas. Em poucos anos a ideia se propagou por todo o mundo, arrastando multidões cada vez maiores, no que foi jocosamente chamado de “a procissão dos crentes”...

Como tudo no Brasil parece acabar em pizza, samba ou malandragem, eis que a nossa “Marcha” virou marca registrada, patenteada por uma esperta “denominação” pseudo-pentecostal de íntima convivência com o Poder Judiciário daqui e doutras terras. No Brasil a “Marcha” tem dono. Como é um evento único, e uma forma de peitar a sua concorrente a “Marcha do Orgulho Gay”, muita gente tem dela participado, embora a reboque do “apóstolo”, da “bispa”, ou de seus representantes.

E, o que é pior, um ato que em todo mundo é apartidário, aqui virou palanque para os políticos apoiados por seus organizadores, inclusive em ano eleitoral. Políticos a fim de faturar o voto evangélico, e que fazem acordos com os seus organizadores, mas que, conforme seja, não teriam problema em subir nos trios elétricos da colorida marcha concorrente.

O falecido ex-presidente da França, general Charles de Gaulle, afirmou certa vez não ser o Brasil “um país sério” (o que muito nos ofendeu). Mas que às vezes parece que o velho general tem razão, isso parece.

Que Jesus não seja um pretexto, não tenha donos e não seja usado como cabo eleitoral! Cada dia marchemos unidos pelo Evangelho de salvação e transformação.

Robinson Cavalcanti, bispo anglicano.

2 comentários:

Charles A. Müller disse...

Este comentário daria um post (eu “pavablogando”? rs), mas cabe (apertado) aqui. Achei legal o Pavablog tocar novamente no assunto, pois realmente a Marcha tem sido desvirtuada em nosso país. Mas quero testemunhar que nem todos são cabeças de papel, que existem bons exemplos que merecem citação. Após duas edições e dez anos de "pausa", ocorreu a Marcha para Jesus aqui na cidade de Joinville, SC. Quando começaram a noticiar, cheio de dúvidas, eu fui pesquisar a respeito na Internet. Realmente os fatos sobre a Marcha no Brasil não eram animadores, aqui mesmo no Pavablog abundaram críticas, algumas justas. Para ver o "outro lado", fui conversar com os pastores que organizavam a Marcha daqui e ouvi uma lista de princípios:
1) Mais que interdenominacional, a Marcha seria "não-denominacional", nenhuma igreja iria "assinar" ou "dominar" o evento, seria algo simplesmente atribuído a Igreja (no sentido amplo, Corpo de Cristo).
2) Qualquer sacerdote que tivesse a palavra não falaria em nome de sua denominação e sim, dos cristãos da cidade. Para evitar "ciumeiras e críticas" a Palavra seria trazida por um pastor de fora da cidade.
3) É comum em eventos públicos a presença de autoridades, que estariam não em seus próprios nomes (políticos) ou de seus partidos e sim em função dos cargos, em nome das instituições governamentais que representam. Mesmo assim, a palavra seria limitada a 3 minutos. Assim, evita-se que o púlpito se torne um palanque (regra respeitada, estavam um Coronel da PM, que não falou, um representante do legislativo estadual, que não falou, uma vereadora e o prefeito, que falaram brevemente).
4) Nenhuma mensagem política, ideológica ou partidária seria pregada. A única bandeira é Jesus. Celebrar e adorar Jesus é o propósito de unir tanta gente.
5) Que o povo seria orientado para que não fique rastro de lixo nas ruas.
Com a promessa que não haveriam "donos ou palanques", passei a orar e me voluntariei para participar (editando o blog oficial e cobrindo a Marcha, como repórter). Graças a Deus, deu tudo certo e nenhum dos princípios estabelecidos foi quebrado. Creio que atingimos a mesma visão dos criadores da Marcha, lá em Londres em 1987. Glórias a Jesus, que até o clima abençoou com um belo dia de Sol (dia seguinte voltou a famosa chuva de Joinville).
É claro que havia gente que foi só para ver "show gospel" (não entendem ainda o que é louvor), gente "pipocando" ("quero gritar muito", disse um jovem que entrevistei) e quem foi só "pra acompanhar os amigos". Mas a grande maioria das 20 mil pessoas que estavam lá, entre católicos, protestantes tradicionais e evangélicos, estava para clamar a Deus pela cidade e para adorar ao Senhor Jesus.
Algo que é importante lembrar, até na palavra usada pelos pastores, "a Marcha para Jesus não teria sentido se fosse um evento por si só, afinal 'marchamos para Jesus' todos os dias, em nossas casas, templos, na rua, na escola, no trabalho". “Como não marchar, como não testemunhar e externar a alegria que Cristo representa em nossas vidas”, disse outro pastor. O evento acabou consolidando um movimento nesta cidade, no sentido de unir a Igreja, respeitadas as diferenças denominacionais, na essência do Evangelho. Nos EUA, o "Jesus Day" é marcado por marchas e também por grande mobilização de voluntários em ações sociais. Aqui iniciamos com uma campanha do agasalho, continuidade de um evento realizado em Dezembro do ano passado (com apoio de vários ministros de louvor, que não cobraram cachê, arrecadando toneladas de alimentos para as vítimas das enchentes em SC). Para o próximo ano está em estudo uma campanha para doação de sangue (a meta é "não deixar faltar sangue no hemocentro"). Atualmente, a "marcha contínua" está no combate à gripe, onde as igrejas locais são usadas não somente como pontos de oração, mas também de orientação à população.
Convido o Pavarini (e equipe), o bispo Robinson e os leitores a visitarem o blog, para maiores detalhes: http://www.marchaparajesusemjoinville.com.br/blog/

Alexandre Cassiano disse...

Não entendi o sentido de ''desvirtuado'' que foi colocado sobre a Marcha..já que algo que não tem um foco específico dificilmente cresce, ao meu ver deixa claro uma pontinha de ''dor de cotovelo'' pois indiscutivelmente a Marcha no Brasil é um sucesso de público e de crítica, e atinge diretamente o foco, o seu objetivo que é colocar o povo na rua com o objetivo de declarar o senhorio de Jesus sobre essa nação. Discordo do Bispo Robinson que existe uma disputa com a ''marcha gay'', afinal a Marcha pra Jesus é realizada a muito mais tempo. Também não existe como colocado um monopólio na organização da marcha, mas sim uma responsabilidade, pois a igreja tem a autorização de presidir a marcha no Brasil, e tem essa condição, pq pagou o preço de realizar esse evento no Brasil, tornando ele a maior mobilização de rua feita pelo nome de Jesus no planeta. Cadê o ''berço'' da Marcha na Inglaterra?? Uma passeata dos sem terra aqui no Brasil tem muito mais gente que a Marcha na Inglaterra...sobre os polícos no palanque, concordo que eles vão até lá para aparecer sim, mas também para atestar o poder que a igreja tem, e esse poder precisa ser utilizado para a cura e para a salvação desse país. Os outros líderes evangélicos, que entendem essa visão de reino tem o espaço para falarem também, e não são poucos não, pois a marcha é também para destacar a unidade da igreja ( cumprindo o seu objetivo original na Inglaterra). Entendo que a a Marcha pra Jesus, é e sempre será pra Jesus, é só olhar os frutos, os milagres, as vidas transformadas. Aos irmãos que tem as impressões erradas sobre a Marcha, venham no dia 02/11 para SP e participem. O tempo da igreja só fazer filantropia e distribuir cestas básicas já acabou, o tempo agora é de vivermos em unidade, e buscarmos o benefício da nação, pois o sentimento da transformação é de dentro pra fora. Fica o meu e-mail a disposição: alexandrecassiano@uol.com.br

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