Hoje todo mundo “bloga” – e assim, entre aspas mesmo. O formato surgiu há mais de uma década como versão digital de diários de viagem (blog é contração de weblog – e “log” é o termo em inglês para essas narrativas), chamou a atenção ao dar voz a uma geração especializada em falar sobre si mesma e mudou a internet ao permitir que qualquer um, mesmo sem conhecimento técnico, pudesse se autopublicar.
Tudo isso aconteceu e, no entanto, o blog não evoluiu como formato. E a grande novidade da internet no século 21 – a autopublicação – foi incorporada por quase todos os endereços da atual paisagem digital. YouTube, Flickr, Twitter, redes sociais, podcasts e agregadores de RSS são a base daquilo a que chamamos de web 2.0 (do conteúdo gerado pelo usuário).
Ao mesmo tempo, a chamada blogosfera cultivou seus autores, gente que viu ali chances de fazer sucesso – artístico, financeiro, profissional. Esses blogueiros regeram momentos-chave da cultura digital no Brasil.
Unidos em torno de um formato – eles se linkavam, discutiam e faziam do blog uma ponte para encontros presenciais –, os blogueiros causaram um ruído grande e organizado na rede, formando a entidade blogosfera.
Mas quando todos publicam online, seja onde for, esse movimento se quebra, certo? E o blog segue firme como ferramenta – hoje é possível blogar sem que seu site sequer pareça um blog.
“O blog não evoluiu rápido o suficiente e por isso agora ele parece lento demais”, diz o ex-blogueiro Steve Rubel, que matou seu blog para adotar outro estilo de publicação. A aposentadoria de Rubel fez que muitos decretassem a morte do formato.
Exagero. Como sistema de publicação, ele persiste, mas agora orbita em um espaço em que há mais vozes e ruídos – desorganizados – em ambientes diferentes.
Uma foto no Flickr é tanto autopublicação como um link no Twitter ou mesmo um post num blog. A diferença é que os dois primeiros são mais rápidos. E que o blog, agora, não é mais o único nem o principal - é só a plataforma mais voltada para textos e para reunir tudo o que se publica de forma descentralizada pela web.
Foi assim que nasceu o www.alessandrolandia.com, do jornalista Alessandro Martins, que prova a sobrevida do blog nos novos tempos. Ele publica só links que posta em seus outros blogs. Para ele, é uma volta às origens. “Ainda é a ferramenta mais versátil”.
fonte: Estadão
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