Se quero ser palhaço profissional? Daqueles do nariz vermelho e pasta d’água na cara? Daqueles que soltam água pelos olhos e tomam tombos quixotescos? Daqueles que explodem e saem chamuscados, mas voltam limpinhos dois minutos depois? Não sei, mas talvez sim. Ou melhor, sim. Desses mesmos. Tudo o que quero na vida é ser palhaço.
Tudo bem, você é mesmo engraçadinho. Devia até ser da turma do Stand Up Comedy. Faltava você no CQC. Só mesmo o Tom pra ver graça numa situação dessas. Tom, conta aquela história do dia que o muro caiu quando você encostou nele? O Tom e suas tiradas…
Todas as frases acima não me motivaram a querer ser palhaço. São apenas um apanhado do que ouço e leio de amigos e familiares todos os dias. Até um certo tio, meu antagonista intelectual por afinidade, amor e carinho, salienta meu humor, segundo ele, de péssimo gosto (o que, pra mim, já é um elogio e tanto). De bonachão a parlapatão, todo adjetivo palhacístico já recebi. Mas não são os comentários dos que me cercam a minha motivação pra dizer que tudo o que quero na vida é ser palhaço.
Já assisti muito a George Savalla, saudoso Carequinha, ao magnífico Waldemar Seyssel, o Arrelia, ao Mazzaropi, aos bons tempos dos Saltimbancos Trapalhões. Já vi os palhaços do Circo Vostok e também do Circo Moscow. Por vídeos, vi os palhaços voadores do Cirque du Soleil. Sempre rio e choro com Chaplin. Já vi rapazes vestidos de palhaço vendendo balinhas no semáforo e dentro de ônibus, em troca de uns trocos. Já vi, e até usei, nariz de palhaço em manifestações estudantis. Vi por toda a infância o Bozo perguntando se eu estava feliz. Vi e aprendi muito com os famosos palhaços europeus. Sim, esses palhaços têm algo a ver com o fato de que tudo o que quero na vida é ser palhaço.
Mas nas palavras do palhaço Richard Righetti, o palhaço é o derrotado. Diz ele: “Se, no mundo do circo, entra o cara e joga os malabares; o palhaço é aquele que entra e não consegue jogar. O palhaço vem mostrar não suas habilidades, mas suas inabilidades. Ele mostra não o herói, o astro, mas revela o público, aquele que nada pode. Quem assiste, olha e pensa: ‘O palhaço sou eu’”. Por essa definição do Righetti, tudo o que mais quero na vida é ser palhaço. Leia +.
Tom Fernandes, no blog Minha Língua.
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