Pela primeira vez, a The George Washington University realiza no Brasil o Seminário de Estratégia de Comunicação e Marketing, que reunirá Peter Giangreco (leia texto nesta página), Bem Self, Scott Goodstein e Jason Ralston, estrategistas da campanha eleitoral de Barack Obama.
Com abertura do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (DEM-SP), e de Christopher Arterton, reitor da The Graduate School of Political Management e consultor democrata, o seminário acontecerá nos dias 15 e 16 de outubro, no Hotel Renaissance, em São Paulo.
Nas palestras, os estrategistas falarão sobre como foi realizada a comunicação da campanha de Obama. Tanto Self quanto Goodstein apresentarão como a rede foi usada para arrecadar fundos e atrair milhões de voluntários nos EUA.
Além das estratégias das campanhas norte-americanas, também serão discutidas a comunicação e as eleições brasileiras. Participam das mesas de debates o ministro Carlos Ayres Britto, Antônio Lavareda, consultor de comunicação da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso, Luiz Gonzalez, fundador da empresa Campanhas, e Ivo Correa, diretor de políticas públicas e relações governamentais do Google Brasil.
Com o seminário, a The George Washington University prepara sua chegada ao Brasil, onde vai atuar na área de consultoria. Com o apoio do Instituto Endeavor, Fundação Brava e Enox, o encontro será realizado para cerca de 350 pessoas.
Internet e redes sociais são aliadas
Especialista em marketing direto, o estrategista norte-americano Peter Giangreco foi um dos responsáveis pelas campanhas de Barack Obama, Al Gore e Bill Clinton. Na sua palestra, vai falar sobre mailing e microtargeting no painel “As lições da campanha presidencial americana: a comunicação após o fenômeno Obama”. Confira trechos da sua entrevista ao propmark.
Obama
“Há duas principais diferenças entre a campanha eleitoral de Obama e as outras eleições presidenciais, como as de Al Gore e Bill Clinton. Uma delas é a crença do ‘Yes, we can’ de Obama e o seu discurso para a convenção dos democratas em que dizia que ‘não existem os estados azuis [democratas] ou os estados vermelhos [republicanos], existem os Estados Unidos da América’. Foi uma mensagem especial de mudança que veio ao encontro da vontade de mudança dos americanos. E as pessoas passaram a acreditar que mudanças em Washington poderiam acontecer. Obama conseguiu deixar bem claro suas boas ideias e era isso que as pessoas estavam querendo, pois estavam cansadas do ‘my way or highway’ (meu jeito ou rua) de Bush. Aliás, este jeito de Bush afastou o mundo dos Estados Unidos. Outro ponto forte de Obama é que ele não tem medo de brigar, vide por esta polêmica da reforma no sistema de saúde que ele quer fazer e está enfrentando resistência. Mas, por outro lado, tanto Clinton quanto Obama trataram em suas campanhas sobre mudança, além de serem jovens na época em que se candidataram e serem fora do circuito Washington, o que chamou a atenção das pessoas.. Outro ponto em comum entre eles é que ninguém os conhecia antes de suas candidaturas e foi por meio das campanhas que se tornaram populares.”
Internet
“Essa foi uma plataforma que diferenciou a campanha de Obama das anteriores a ele, pois foi por meio dela que conseguimos angariar US$ 5 milhões via online, além de recrutar e mobilizar milhares de voluntários para fazer ligações telefônicas em prol da candidatura do Obama. Mas a principal função da internet nessa campanha foi poder organizar todas essas pessoas. Posso dizer que ela foi revolucionária para o engajamento das pessoas.”
Mídias tradicionais
“A TV ainda mantém seu poder e a internet não vai substituí-la ou nenhuma outra mídia. Afinal, todas as mídias são uma forma de atingir as pessoas. Trinta anos atrás era do mesmo jeito: rádio, jornais e revistas falavam com as pessoas. Só que o que diferencia as campanhas de hoje das do passado é a integração de todas as mídias. E quem souber fazer corretamente esta integração sai na frente. Mas apesar de todo o suporte da comunicação, reunir as pessoas nos comitês políticos ainda é fundamental. Apesar dos voluntários terem ajudado com ligações feitas através da internet, sabemos que aqueles que as fizeram dos comitês passaram entre três e quatro horas telefonando, enquanto as que fizeram de suas casas dedicavam apenas alguns minutos para isso.”
Rede social
“A rede social é maravilhosa! É incrível como consegue reunir milhares de pessoas que compartilham do mesmo estilo de vida, preferências e coisas que gostam. Essas comunidades virtuais nos permitem nos aproximar das pessoas que têm a ver com o que estamos comunicando e no caso de campanha política, conseguimos muitas informações sobre o perfil do eleitor, o que é muito bom.”
Eleições brasileiras
“Eu tenho só um pouco de conhecimento sobre o sistema político brasileiro, mas posso dizer que algumas coisas diferem do dos Estados Unidos, como a língua. Lá, fazemos a campanha em duas línguas: inglês e espanhol. Aqui é somente em português e isso é uma diferença relevante, pode-se dizer. Mas eu quero me aprofundar mais no assunto enquanto eu estiver no Brasil. Eu sei que haverá eleições presidenciais no ano que vem. Já adianto que o mais importante em qualquer eleição é achar um parâmetro para traçar suas metas. E não adianta os candidatos mentirem na internet porque os eleitores sabem o que é ou não verdade e tem outro porém: o que não for verdade se espalha rapidamente pela web como forma negativa.”
fonte: Propaganda & Marketing
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