23.11.09

Geisy desnudou a Uniban

Há muito mais a ser observado por debaixo do vestido de Geisy Arruda do que um par de coxas rechonchudas. Ao desfilar, toda faceira, a sua estética de moça de folhinha de oficina mecânica pelos corredores e escadarias da Uniban, ela acabou expondo, mais do que qualquer outra coisa, a indecência do ensino universitário brasileiro.

Sem querer, prestou um favor inestimável a todos os que não suportam mais ver um comércio qualquer ser chamado de universidade. Geisy, rapariga humilde da cidade periférica de Diadema, empregada de um mercadinho, deixava seu salário na Uniban, supondo que aquilo lhe daria o futuro que, em tese, ela planejara. Se não foi um futuro, dá-lhe agora, é verdade, um presente ao gosto da mídia, o que, enfim, se ela souber administrar, pode lhe render alguma coisa. (Aliás, os formidáveis marqueteiros da Uniban bem que poderiam aproveitar a ocasião para criar um anúncio de oportunidade: “Só a Uniban faz você famoso de um dia para o outro”).

Há uma entrevista imperdível do professor Fausto Castilho, fundador do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, no caderno “Aliás” do Estadão de domingo, 15 de novembro. Diz ele, a certa altura, quando indagado sobre o “o caso Uniban”: “Olha, começo não reconhecendo pelo mero proprietário de uma firma comercial a apropriação do título de reitor”. Pronto.

Foi uma das únicas abordagens dedicadas ao assunto numa entrevista impecável de uma página inteira. Pôs o dedo na ferida. Universidade, reitor... de repente, banalizou-se tudo nessa verdadeira mina de ouro chamada “titulação”. Esse comércio caro e inútil, que movimenta milhões, engambela milhares, emprega centenas e faz milionários alguns amigos de políticos.

O comportamento arruaceiro e nazistóide dos colegas de Geisy – e o comportamento dela, também, ao ir à aula paramentada de mina de pagode ou mulher-melancia do funk –, demonstra que naquele ambiente não há nada do “laboratório da evolução” que se espera de uma verdadeira universidade. Trata-se, aparentemente, a Uniban, de um agrupamento de indivíduos de recursos parcos, tentando disfarçar sua marginalidade com o lustro de um diploma universitário, financeiramente mais em conta e, operacionalmente, menos sacrificado.

Daí, quem sabe, essa disposição para atitudes, que se supõem improváveis num ambiente civilizado, praticadas a partir de uma total ignorância do significado de uma instituição de ensino. Como disse com precisa e cruel dureza o professor Castilho, diante da insistência do repórter em misturar o assunto universidade com o assunto Uniban: “Isso é fait divers, não tem importância”. Ou seja, aconteceu na Uniban, como poderia ter acontecido no Maracanã ou no Carandiru.

É o mesmo padrão, são circunstâncias similares, não tem nada a ver com ensino universitário. É triste, porque é esse o critério de ensino que recheia as estatísticas do governo Lula e faz a alegria de seus ministros.

O governo crê que o potencial de competitividade do Brasil passa pela diplomação de cada vez mais gente, sem nenhum critério, sem nenhuma qualidade, sem nenhuma fiscalização. No fundo, uma euforia besta: a profissão que mais cresce no Brasil é a de garota de programa universitária.

Aliás, à semelhança de Cuba, para orgulho do comandante Fidel, que, certa vez, teria declarado: “No es que las universitárias cubanas sean putas; en verdad, las putas cubanas es que son universitárias”. Não é fantástico?

Uma bela inversão de valores que acaba justificando tudo para engrossar estatísticas demagógicas. Isso explica porque no Brasil qualquer um gradua, pós-gradua, mestra e doutora. Inclusive, num sistema cinicamente autossustentável. É um negócio muito bom, imbatível.

Agora, vejam que ironia: Lula fica promovendo essa vagabundização do ensino superior, quando deveria estimular muito mais aquilo que ele próprio fez, por necessidade, e que hoje trata como exótico: sua formação técnica, que lhe garantiu o sustento, pelo menos enquanto precisou trabalhar para viver. Profissionalizou-se.

Para os estudantes, meio perdidos, da Uniban, um diploma de curso técnico do Senac, certamente, terá muito mais utilidade no futuro do que o certificado de conclusão da “universidade” que só vão ganhar depois de pagar a última prestação para o dono do negócio.

Stalimir Vieira, no Propaganda & Marketing.

o texto que faltava s/ o caso.

5 comentários:

Simplesmente Tininha disse...

Sábias palavras...
Texto espetacular...
Sinceramente, esse caso já deu o que tinha que dar e nada vai mudar! Ela já conquistou o seu lugar ao "sol" ou seria mídia????
Quanto as faculdades....

jose alves da silva disse...

Confesso que não esperava ler no militantes um texto tão hipocrita, preconceituoso e imbecil como o que acabei de ler, espero sinceramente que quem o postou não concorde com as sandices ali ditas.

Desculpem a forma inicial mais entendo que só assim, pensamentos como o, desse cidadão que eu gostaria de saber, se tem e onde conseguiu formação superior, mais que o nome já diz muito Stalim ir. Fiz graduação em uma universidade particular, cinco anos de direito e passei no primeiro exame da OAB que fiz deixando pra tras alguns que fizeram direito na UNB, portanto, jogar na vala comum as universidades e dizer que é local para a vagabundinização dos marginais e de um preconceito sem precedente, dizer que quem gosta de funck não pode frequentar a universidade é de uma imbecilidade sem tamanho e por ultimo e não menos imbecil é dizer que pobre só pode fazer curso tecnico profissionalizante.
Até o s i nimigos hoje reconhece a capacidade do Presidente Lula, imagina quantos lulas iremos formar e é disso que as elites tem medo e cidadãos como o SR Stalin tem pavor, não pela incompetência dos pobres mais da incapacidade de concorrencia dos que se acham simpelesmente por ter por 500 anos garantido a suas gerações reserva do mercado academico.
Espero que este texto chegue as mão do SR STALIN

Beatriz disse...

Texto brilhante, denuncia a má qualidade de um ensino presumidamente universitário mas que não passa de mero comércio.
Algumas observações:
1) obviamente o texto não fala de todas as universidades particulares, só das medíocres
2) sou arquiteta, mas antes de cursar a faculdade fiz um excelente curso técnico.
3) sempre estudei em escola pública, e sou de um tempo em que tinha que se estudar muito pra entrar numa universidade federal, e estudar muito mais pra sair dela graduado. Preguiçoso e acomodado não se criava. Agora é só pagar que passa. Nesse atual padrão de 'instituições universitárias' raciocínio ficou absoleto. Seleção de candidatos pra quê? Basta aprovação de cadastro...
4) Jovens bem intencionados são iludidos nessas instituições de que estão sendo bem preparados pro futuro. O mercado de trabalho é cruel e exige mais que diplomas. Conhecimento e raciocínio ainda são características profissionais inegociáveis.
5) O comentarista anterior realmente ficou bastante indignado, mas talvez tenha faltado a ele uma interpretação de texto mais exata. Não há preconceito com as pessoas, e sim críticas ao sistema que as vitimiza. Quero acreditar também que os erros de concordância e gramática que ele cometeu foram meros lapsos induzidos pela paixão do argumento, afinal diploma e título não lhe faltam...

Unknown disse...

A prova da OAB tem redação? A redação (caso exista) tem caráter eliminatório? Não vamos generalizar... Mas... chega de doutor(?) que maltrata o idioma pátrio.

Thom

Anônimo disse...

Texto muito ruim.

O cidadão não entende nada sobre ensino superior no Brasil. Não merece nem comentário. Este é nível de discussão de sala de xerox de universidade pública.

Paulo

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