7.11.09

O tempo é nosso amigo

Ele não traz só rugas, papadas e bunda caída

Quem já teve oportunidade de namorar a mesma mulher com intervalo de alguns anos sabe: as pessoas melhoram. As duas pessoas. O sexo fica mais intenso, as conversas ganham outra densidade, a vida torna-se mais simples e o convívio, mais confortável. Aquilo que na juventude é problema chega ao futuro resolvido. Ou incorporado. É como se as pessoas parassem de ensaiar e se aproximassem, afinal, do seu papel verdadeiro na vida. Relaxam e desfrutam.

Lembro de uma conversa recente, com uma amiga mais jovem, que se queixava de dificuldades no terreno do prazer. As coisas não acontecem com ela de acordo com o moderno manual do orgasmo feliz. O que fazer? Antes, minha resposta automática seria “análise”. Vai lá, discute e paga, com o tempo melhora. Hoje, embora eu acredite em psicanálise, acho que o segredo está na parte final da frase: com o tempo melhora.

O prazer é resultado da experiência repetida e da segurança adquirida. E essas coisas crescem... com o tempo. A psicanálise apressa processos, com sorte inicia transformações que de outra forma não teriam lugar, mas apenas a passagem do tempo, com seu enorme e complexo efeito sobre nós, é realmente capaz de simplificar coisas que na juventude parecem totalmente misteriosas ou inacessíveis. Como sexo e prazer.

Por que falar disso? Porque eu tenho a impressão de que as pessoas, homens e mulheres, estão vendo o tempo sob uma única dimensão: a do envelhecimento. Tempo virou sinônimo de bunda caída, papada e rugas. Tempo traz barriga, careca e Viagra. Tempo só nos enfeia e nos debilita. No fim da linha, nos mata. É o inimigo. Um pesadelo que se mede em tic-tacs do relógio, do qual se foge permanentemente. Mas será mesmo isso?

Acho que não. Assim como o prazer, que cresce com o tempo, outras dimensões fundamentais da existência se tornam melhores à medida que o tempo passa. Sem pensar muito, me lembro de uma, importantíssima: a capacidade de lidar com as pessoas e com as situações. A falta de traquejo social dos jovens é um fardo horrível. Ela produz angústias e equívocos em quantidades astronômicas. Ainda bem que passa. Leia +.

Ivan Martins

Um comentário:

Cristina Danuta disse...

Adorei o texto do Ivan. Eu também sou da opinião de que com o passar do tempo vamos ficando melhores. Existe até uma frase que diz que existem pessoas que são como o vinho tinto: com o tempo, melhoram.

Volta e meia me pego pensando "ah, se aos vinte eu tivesse a cabeça que tenho hoje. Teria feito tanta coisa diferente, teria me preocupado menos ou até nem teria me procupado com certas coisas". Mas tenho a ligeira impressão de que quando chegar aos quarenta, vou pensar a mesma coisa a respeito dos trinta de agora...rs

A vida é uma grande sala de aula e a gente pode fazer do tempo amigo ou inimigo, basta escolher.

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