19.12.09

Em nome de Deus

Em seu novo livro, a escritora inglesa Karen Armstrong rebate os papas do novo ateísmo, que condenaram à morte as religiões

Ao ver Buda meditando, sentado sob uma árvore, um brâmane ficou fascinado com sua serenidade e autodisciplina. “Você é Deus?”, perguntou-lhe o monge, ao ver sua concentração transformar-se numa extraordinária paz interior. “Não”, foi a resposta. “Apenas descobri um novo potencial na natureza humana, que nos torna capazes de viver em paz e harmonia neste mundo de tantos conflitos e sofrimentos.” O segredo, disse Buda, era não tanto crer, mas, sobretudo, praticar a meditação com afinco. “Desse modo, cada um atinge o máximo de sua capacidade, ativa partes adormecidas de sua mente, neutraliza o próprio ego e se torna um ser humano plenamente iluminado.” Por fim, ao despedir-se do sacerdote curioso, Buda disse: “Lembre-se de mim como alguém que despertou”.

É com esse episódio singelo que a escritora de origem irlandesa Karen Armstrong conclui seu mais novo livro, The case for God (em tradução livre, Uma defesa para Deus). É um fecho fiel tanto à vida de Karen quanto à essência de seu livro. Ex-freira católica durante os trepidantes anos 1960, portadora de epilepsia, Karen perdeu a fé – para resgatá-la, décadas adiante, sob uma nova ótica, semelhante à de Buda. Para ela, o encontro de Deus deriva menos de uma crença e mais do esforço pessoal. Autora de mais de 20 títulos sobre religião, entre eles aclamadas biografias de Maomé e de Buda e uma história da própria Bíblia, Karen nunca mais retornou formalmente à Igreja Católica ou a qualquer outra. “Sou uma monoteísta free-lance”, diz ela.

Com lançamento no Brasil previsto para o final de 2010, The case for God faz parte de uma nova leva de livros que defendem a religião de ataques recentes. Fazem parte dessa leva God is back (Deus voltou), escrito por John Micklethwait e Adrian Wooldridge, jornalistas da revista The Economist, e Reason, faith and revolution: reflections on God debate (Razão, fé e revolução: reflexões sobre o debate a respeito de Deus) , do crítico literário inglês Terry Eagleton. Todos esses trabalhos partem de uma mesma constatação: mesmo sob o fogo cerrado do racionalismo ateu, a devoção a Deus e às religiões continua a se fortalecer no mundo todo.

fonte: Época

Li e recomendei A Bíblia, da Karen Armstrong. Qq tipo de embate conduzido c/ boa argumentação é bem-vindo. Infelizmente, ñ é o caso da maioria dos cristãos. Bem + fácil literalmente mandar os oponentes p/ o inferno. Um eufemismo p/ "pqp", of course.

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