Tentamos demonstrar a nós mesmos que temos a situação controlada e podemos tomar as nossas próprias decisões. Esta auto-estima tem muitos atrativos. Oferece-nos uma sensação de poder, permite-nos decidir depressa, dá-nos a satisfação de sermos patrões de nós próprios e promete muitas outras alegrias e recompensas.
No entanto, o lado obscuro dessa auto-estima é a solidão, o isolamento e o medo constante de não sermos capazes de nos realizar na vida.
Eu tive a experiência tanto da recompensa como da punição do individualismo. Como professor universitário, eu era um professor produtivo e popular e consegui subir todos os degraus da promoção acadêmica, mas, no fim da ascensão, senti-me bastante só. Apesar de todos os elogios que ia recebendo ao falar de comunidade, tinha a sensação de não pertencer realmente a ninguém.
Enquanto demonstrava convincentemente a importância da oração, eu próprio perdi a capacidade de ter calma suficiente para orar. Enquanto encorajava a partilha da mútua vulnerabilidade como uma maneira de crescer no Espírito, vi-me mesmo bastante cauteloso até defensivo quando a minha reputação estava em questão. O ponto de força da vida acadêmica é a competição - mesmo para aqueles que pregam a compaixão - pelo menos quando não querem perder os seus empregos!
Para fazer da compaixão o eixo da vida, para ser aberto e sensível aos outros, para fazer da vida comunitária o centro e para deixar que a oração seja o respiro da nossa vida... requere-se uma vontade férrea de abater as inúmeras barreiras que erigimos entre nós e os outros para manter um isolamento que nos transmite segurança. Esta é uma batalha espiritual árdua e que dura toda a vida; porque, enquanto, por um lado, se derrubam barreiras, por outro constroem-se outras.
Depois de ter deixado a universidade e de ter escolhido uma vida comunitária, cheguei à conclusão de que, mesmo em comunidade, há numerosas maneiras de jogar os jogos de controle do individualismo. Com efeito, a verdadeira conversão exige muito mais do que uma mudança de lugar. Exige uma mudança de coração.
Henri Nouwen
dica da Judith Almeida
25.12.09
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário