Nascido e criado no pequeno condado inglês de Buckinghamshire, Wade foi criado na Igreja Anglicana, mas diz que sua religião não influenciou a obra. Wade conta que escreveu o livro como jornalista e, portanto, tentou evitar a inclusão de qualquer experiência pessoal.
Como fez no livro de 2006 Before the Dawn (Antes do Amanhecer em tradução literal), no qual tenta reconstruir a ancestralidade do homem desde a dispersão pela África, há 50 mil anos, Wade usa descobertas recentes da arqueologia para tentar provar que o fato de ter uma religião – seguindo o chamado instinto da fé – está na base do sucesso dos seres humanos como espécie.
Nesta entrevista a ÉPOCA, Wade conta como chegou a essa conclusão e explica como a religião beneficiou a humanidade.
ÉPOCA – O senhor se baseia em evidências arqueológicas que provariam que o comportamento religioso do ser humano existe há milhares de anos. Quais são as principais evidências?Nicholas Wade – Há uma série de evidências descritas no livro, como arenas para danças religiosas de 7 mil anos, templos de 1,5 mil anos. Essas evidências são persuasivas e mostram que a religiosidade é universal. Isso sugere que esse comportamento é muito antigo e já estava presente na população humana ancestral antes de ela se dispersar na África, 50 mil anos atrás.
Wade – A religiosidade conferiu uma vantagem muito significativa a alguns grupos de humanos. Ela permitiu que determinados grupos permanecessem juntos, criassem uma ligação emocional e buscassem um objetivo comum. Uma vez que todos estivessem comprometidos com esse objetivo, eles poderiam chegar a um acordo sobre como se comportar em relação ao outro, definindo padrões morais, poderiam decidir como se defender contra inimigos. Era uma vantagem poderosa, e a seleção natural permitiu que os grupos com comportamento religioso sobrevivessem e florescessem.
ÉPOCA – Então a religião e a moralidade evoluíram em conjunto?
Wade – São instintos diferentes. Nós vemos indícios de um comportamento pré-moral em animais, como por exemplo nos chimpanzés. Dois machos podem brigar, mas depois fazem as pazes e essa reconciliação traz benefícios ao grupo. A religião e a religiosidade funcionam de forma diferente. Uma coisa é saber o que é certo e outra é realmente fazer o que é certo. A religião força o comportamento moral. Leia +.
fonte: Época
2 comentários:
“...todos temos o mesmo instinto religioso. E este instinto não é uma religião...”
Esta observação de Wade pode ser melhor entendida no “poema dos coraítas” (Salmo 42), onde o autor declara:
“Como a corça anseia por águas correntes, A MINHA ALMA ANSEIA POR TI, Ó DEUS. A MINHA ALMA TEM SEDE DE DEUS, do Deus vivo”.
E eu que pensava que essa idéia era original minha...
Ainda bem que não.
Já levei muita pancada por defender essa tese em debates onde haviam ateus.
Acredito piamente que toda a humanidade nasce com o instinto de procurar o Criador. Alguns seguem essa tendência, outros tentam ignorar... pra mim, são variantes gênicas.
Têm razão, afinal, os calvinistas por acreditarem que alguns são "predestinados". É a genética.
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