15.12.09

Stanley Jordan faz show para 17 pessoas em SP

O professor de guitarra Felipe Cavalcanti, de 28 anos, passou boa parte do domingo em ônibus e trens. Mais precisamente, uma hora e meia para ir (e provavelmente outra hora e meia para voltar) do Morumbi até Guaianases, no extremo leste de São Paulo - e tudo isso debaixo de uma insistente garoa. Tudo isso para ver o americano Stanley Jordan, um dos maiores guitarristas de jazz do planeta.

Jordan foi a principal atração da mais recente edição da Quebrada Cultural. O evento, inspirado na Virada Cultural que acontece na região central, leva diversas atrações culturais à periferia paulistana, sempre com entrada gratuita. Neste final de semana, o festival aconteceu em dois locais: além de Guaianases, na zona leste, também no Grajaú, no extremo sul da capital paulista.

Era de se esperar que a presença de um dos maiores guitarristas do mundo, num show gratuito e numa área carente de atrações culturais, atraísse um grande público. Mas não foi isso que aconteceu na Praça de Eventos de Guaianases, nome imponente que batiza uma espécie de estacionamento às margens do Ribeirão Itaquera: pouco antes de sua apresentação começar, havia exatamente 17 pessoas na plateia. Isso mesmo, 17.

Augusto Gomes
Público de 17 pessoas espera Stanley Jordan tocar

Felipe Cavalcanti era uma delas. Junto com os amigos Kátia Arteiro e Carlos Alberto, atravessou a cidade inteira só para ver o guitarrista. Eram parte da metade do público que claramente era fã de Jordan. A outra metade era formada por curiosos. "A gente queria que tivesse mais gente aqui. Mas quem está aqui, está de coração", afirmou o mestre de cerimônia da festa, pouco antes do show começar.

O professor de violão Wilson Sarmento, de 54 anos, tinha algumas explicações para o pequeno público. "Isso aqui foi muito mal divulgado. Eu mesmo só fiquei sabendo por acaso, quando procurava informações sobre um outro show", conta. Ele também teve dificuldades para encontrar o local da apresentação. "A sinalização está péssima. E olha que eu conheço bem essa região", criticou.

Uma integrante da organização do evento, que preferiu não se identificar, também apontou a divulgação insuficiente como principal culpada pelo fracasso de público. Outro fator importante, segundo ela, foi trazer um artista desconhecido da população da região. "Eu sei que isso pode parecer preconceituoso, mas o pessoal aqui só quer saber de pagode e rap. Aqui ninguém sabe quem é esse cara", disse.

O diagnóstico poderia fazer algum sentido se Stanley Jordan fosse a única atração da Quebrada Cultural. Mas, antes dele, apresentaram-se cantoras como Vanessa Jackson (vencedora da primeira edição do reality show Fama) e Quelynah (uma das estrelas da minissérie Antonia), e mesmo assim a plateia não passava das 50 pessoas.

Jordan, é importante dizer, comportou-se como se tocasse para um estádio lotado. É verdade que, às vezes, dava olhares desanimados para o horizonte. Mas mostrou um profissionalismo exemplar ao ajustar o som até que ele estivesse de acordo com sua vontade. O que levou cerca de 40 minutos e irritou produção e parte do público, mas fez com que sua guitarra fosse ouvida com clareza pelas 17 pessoas que ali estavam.

Ele tocou junto com dois brasileiros: Dudu Lima, baixista que o acompanha há algum tempo, e Ivan Conti (vulgo Mamão), um dos maiores bateristas do Brasil. O show durou pouco mais de uma hora, e teve como pontos altos as impressionantes versões de "Insensatez" e "Eleanor Rigby". Uma bela amostra da técnica única de Jordan, que toca as cordas de sua guitarra como se fossem as teclas de um piano.

No final, um sorriso tímido e nada de bis. Para os poucos e insistentes fãs, ficou a lembrança de um grande show e a expectativa de um longo caminho de volta para casa.

fonte: iG
dica do Moisés Gomes

18 comentários:

Guará Matos disse...

Me desculpe o cara que faz parte da equeipe da orgnização, apesar de que o tabalho de marketing deve ter sido uma merda (Santo Lula), mas esse é o resultado de um povo sem cultura, que não sabe nada além do óbvio.
Abraços.

Robson Lelles disse...

O Stanley Jordan fez um show na Lona Cultural de Vista Alegre aqui no Rio no dia 12/12/2009.
Espero que o público não tenha ficado desconfiado com o tamanho da esmola e tenha comparecido.
Como na igreja, no mesmo horário, tínhamos o Grupo Prisma Brasil, preferi assisti-los e não me arrependo de maneira alguma - mas que eu fiquei dividido, ah, isso fiquei!
Muito mal divulgada a presença de jordan entre nós!

Alexandre de Sá disse...

Tomara que a gente ultrapasse os 17 comentários!
=)

Imagino se fosse uma campanha de "milagres e prodígios"... Também imagino um após tolo...

Teria perto de 1700 numa boa!

JEAN DIAS disse...

Meu Deus, inacreditável. Quase ninguém pra ver o maior Guitarrista do jazz de todos os tempos tocar. Realmente a divulgação deste evento foi péssima.

Chicco Salerno disse...

Me fez lembrar do Clodovil Hernandes e sua célebre frase a respeito das 'bundas cantantes'...

No Brasil das bundas cantantes, dos panetones recheados de maracutaias, país onde 'o povo está na merda', só podia dar no que deu este evento.

Fosse a Geisy Arruda ou qualquer outra loira falsa e um grupelho de metidos a tocadores de pagode, teria enchido o local e sem lá grandes propagandas.

Somos um país de analfabetos funcionais culturais conduzido por uma 'zelite' que é um deserto de idéias e que, há muito, sepultou os ideais.

Profundamente lamentável, triste e constrangedor.

Meire disse...

Estou envergonhada!
Isso é fruto de um conjunto de fatores: divulgação mal feita, local distante e falta de educação do povo brasileiro.
Imagino que nem essa menina da organização do evento, sabe da grandeza desse músico.
Se fosse no domingo da final do Brasileirão, a culpa ia ser do Flamengo...

João Carlos disse...

Fico ferrado da vida com este tipo de coisa. Com divulgação, pessoas de outras cidades e até estados se deslocariam para apreciar um show de um cabra do porte do Stanley Jordan...

Aqui no Recreio dos Bandeirantes rolou algo parecido (tirada as devidas proporções): Petrobrás nas Ondas do Rock, um festival de novas bandas e competições de long board.

No primeiro dia, 4 bandas novas e no máximo 50 pessoas assistindo. Se fossem as bundas cantantes, algum 'cantor' de funk ou pagode, certamente estaria lotado.

Well, cada um tem o que merece né?

afonsomfneto@hotmail.com disse...

Com o fotógrafo seriam 18 pessoas? E com o segurança ao lado esquerdo do palco 19?

afonsomfneto@hotmail.com disse...

Não sei onde ouvi essa mas: Um leão no mar não é nada, um tubarão na terra menos ainda. Cada um deve saber onde é sua " praia ", e outra, quando é de graça....Um grande violinista famoso dos EUA, e muito bem sucedido, aceitou o desafio de tocar no metrô de Nova York, ninguem lhe deu atenção, chegaram a uma conclusão: Você tem o local certo para brilhar, e ser reconhecido! O Senhor Jesus mesmo sabia os lugares em que seria bem rcebido ou não. Ele optava pelos que o honravam

Walter Cruz disse...

Talvez devessemos encarar esse show como uma parábola do evangelho ;) Nem sempre onde tem número tem qualidade.

Mas enfimm, isso é muito crentino da minha parte! Se eu morasse em São Paulo eu tinha ido. Ah, eu tinha.

Alexandre de Sá disse...

Ultrapassamos os 10 comentários...
Precisamos passar de 17...
=)

Márcio Rocha disse...

Olha o que milhares de pessoas perderam.:

http://www.youtube.com/watch?v=HjXN3OLgoqs

acho que o pava já postou esse vídeo do jordan por aqui, mas vale a pena ver de novo

abçs a todos!

Luís Delcides disse...

Realmente, a Assessoria de Imprensa da secretaria de Cultura de SP funciona muito mal! Sou prova disso, faz 3 semanas que não recebo nada desa autarquia, acredito que se eles tivessem enviado "releases" os veículos publicariam com certeza! Colaboro para dois veículos e tenho um blog sobre música, uma pena o mal funcionamento do Departamento de Imprensa da Secretaria municipal de Cultura!

Parabéns,

Cristina Danuta disse...

Bom, para quem quiser e puder ir, o Stanley Jordan está no Rio e fará mais duas apresentações (a primeira foi ontem). Uma será hoje e outra sexta-feira. Para mais informações segue o link: http://rioshow.oglobo.globo.com/eventos/stanley-jordan-1093.aspx

Detalhe: é de graça! =)

Abraços

Pavarini disse...

tb vivemos esse tipo de dificuldade, luis.

todas as semanas garimpamos eventos gratuitos em sampa p/ dar a dica na newsletter cult# sp e nem sempre conseguimos achar lances legais.

abraço

Cristina Danuta disse...

Em tempo: Os eventos aqui no Rio não são de graça. Mas em Jacarepaguá está mais em conta (inteira R$25,00)
http://jbonline.terra.com.br/pextra/2009/12/04/e04124627.asp

Sorry. =)

Rodrigo disse...

Fiquei depressivo depois dessa notícia...

Ps.: prefirir Prisma a Stanley Jordan?
Eu heim isso sim deveria der pecado...

Robson Lelles disse...

Rodrigo:

Posso GARANTIR que assistir ao Prisma Brasil na igreja em pleno sábado, tendo como alternativa um show do Stanley Jordan na Lona Cultural de Vista Alegre foi uma escolha dificílima, mas se eu contar a história toda, você (e todo mundo) vai entender como DEUS se move na vida de cada um. Lá vai:

Acabo de mudar de igreja.

Por quatro anos congreguei e trabalhei duro para o crescimento de uma congregação cuja proposta doutrinária em princípio parecia libertária e espiritual, mas que à medida que eu avançava na convivência com a liderança acabou se revelando piramidal e financeira, se é que me entende.

Pois bem: certa vez propus-me cantar o hino "Instrumento de Tua Paz", que é mais conhecido como "A Oração de São Francisco", mas que na verdade não foi escrita senão décadas depois de sua morte. O frade que encontrou o texto num banco de uma igreja é que atribuiu a Francisco de Assis a autoria, em função do estilo, beleza e leveza do poema. No entanto, este poema foi escrito numa época em que a igreja ainda era uma só, séculos antes da Reforma Protestante.

Fui fortemente recomendado a não prosseguir no intento, pois eu "causaria um choque cultural na igreja". Calei-me, frustrado e prossegui até o ponto que decidi não mais caminhar com a liderança e finalmente me transferi para uma congregação mais próxima de casa, mas da mesma denominação.

Pois bem, irmão Rodrigo: tente adivinhar qual foi a música que abriu a participação do Prisma Brasil naquele culto? Exatamente.

Ali eu fui liberto de mais uma falsa doutrina, que me acompanhou por anos. O choque foi tão forte que não me contive e chorei, por entender o que estava acontecendo ali. Andei confiando mais na palavra de homens do que na palavra que DEUS colocara em meu coração, mas Ele me tratou e me curou.

Stanley Jordan certamente teria me alegrado e me dado a oportunidade de aprender mais alguns truques na guitarra, mas não teria curado aquela ferida que há tanto tempo me debilitava.

DEUS está sempre me surpreendendo e eu até que gosto disso - mais até que um show do Stanley Jordan, que toca muito!

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