17.1.10

Coragem de calar

Diante das tragédias, sobretudo aquelas que nos tocam, oscilamos entre explicar e chorar.

Explicar quase sempre é culpar.

Chorar é para quem sente a dor do outro, mesmo que distante, como sendo a sua. Nem todos choram. Só os que não bastam em si mesmos.

Depois do choro, que venha o silêncio. Não o silêncio não dos indiferentes, mas dos que se importam.

É o silêncio de quem está ocupado, fazendo o que podem para colher as lágrimas, alimentar, vestir ou ou levantar os que sofrem.

É o silêncio dos que têm coragem de calar diante do que não devem explicar.

Israel Belo de Azevedo

Fonte: PRAZER DA PALAVRA

4 comentários:

Meire disse...

Como postei em meu blog: Lágrimas não são suficientes, mas acho que são necessárias.

Claudinha ੴ disse...

Muita coragem mesmo, diante de tanto a fazer e pouco poder. Calar para ouvir o coração e para não ser injusto. Texto muito bem escolhido.

REINALDO RODRIGUES disse...

Nada me deixa mais indignado do que ler discussões idiotas teorizando acerca do que Deus poderia ou não poderia, ou se permitiu ou não permitiu acerca dessas catastrofes naturais que tanto nos tem surpreendido, concordo com o Israel, o melhos é o silêncio da boca enquanto as mãos trabalham na ajuda, conforto e orações, é muito pobre ficar enfiado em seus gabinetes a centenas de kilometros desses eventos formando teorias teológicas para explicar o que não se explica, ou preparando sermões cheios de emoção e pesar, protegidos pelas polpudas contas bancárias mantidas pelo fieis escravos do evangelho mediocre que leva a grande maioria dos "crentes" a apenas orar como se Deus não soubesse ou não pudesse fazer algo em favor seja de quem for.

Moisés Lourenço Gomes disse...

Deus na boca de muita gente, parece um cadáver na mesa do IML; dissecação e fedor.

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