18.1.10

Fazer tudo ao mesmo tempo é ineficiente

Novos estudos apontam os limites e os riscos para as empresas da busca pelo profissional multitarefa

Em muitos escritórios modernos, a suposta capacidade de realizar várias tarefas simultâneas é vista como uma habilidade fundamental, um sinal de eficiência dos funcionários. Auxiliados – e pressionados – por múltiplos canais de comunicação, os profissionais devem ser capazes de responder a multidemandas o tempo todo. Mas, há algum tempo, neurocientistas e psicólogos debatem se realmente existem pessoas capazes de realizar várias tarefas ao mesmo tempo de forma eficiente. Mais: está aumentando também a discussão sobre as consequências dos ambientes profissionais em que a realização de muitas tarefas simultâneas é parte da rotina.

Em um trabalho recente, um trio de pesquisadores da Universidade de Stanford resolveu verificar se pessoas acostumadas com multitarefas são realmente mais eficientes. Os testes envolveram 100 alunos. Metade do grupo foi recrutada entre estudantes notoriamente acostumados a realizar tarefas simultâneas, enquanto a outra metade era de pessoas habituadas a realizar uma coisa por vez.

“Procuramos no que [os primeiros] eram melhores, e não achamos nada”, diz Eyal Ophir, coordenador do estudo. Ao contrário, conta ele. O que os testes revelaram: os do primeiro grupo não eram melhores para filtrar informações irrelevantes ou organizar suas memórias e, na verdade, tinham mais dificuldade de se concentrar quando tinham de pular de uma atividade para outra.

O resultado do trabalho se soma ao de vários outros que apontam para problemas com a ideia das multitarefas. Um estudo da Universidade da Califórnia, por exemplo, afirma que interrupções dos trabalhadores podem custar até 25 minutos de produtividade – o tempo médio que a pessoa leva para estabelecer o mesmo nível de atenção anterior à distração. Segundo uma estimativa feita pela Basex, consultoria de pesquisa, o ambiente multitarefas estaria gerando perdas de produtividade da ordem de US$ 650 bilhões por ano apenas nos Estados Unidos. Tais perdas estariam vinculadas ao agravamento de antigos problemas, como a dispersão, a hiperatividade e a procrastinação.

Embora seja difícil estabelecer uma relação inequívoca, para alguns especialistas, ao aumentar os problemas de déficit de atenção os ambientes multitarefas também estariam impulsionando o uso de medicamentos para combater essa condição. Prescrito normalmente para crianças diagnosticadas com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o uso do remédio Ritalina seria um sinal de que cada vez mais adultos estariam sofrendo com o problema. Leia +.

fonte: Época Negócios

Um comentário:

Thais Valentino disse...

Fabuloso...e um tapa na cara para mim, que faço 10 milhóes de coisas ao mesmo tempo, e acabo não fazendo nada....

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