O pudor, ao proteger e manter escondida a nossa intimidade (é este o seu objeto), aumenta o caráter livre da manifestação externa do que somos e possuímos. O íntimo é doado livremente por que é possuído previamente. O pudico é mais senhor de si, valoriza mais a possibilidade de doar a sua interioridade. Na verdade, cuida mais dela quanto mais rica é. O pudor é, pois, o amor à própria intimidade, a inclinação a manter latente aquilo que não deve ser mostrado, a calar o que não deve ser dito, a guardar o dom e o segredo verdadeiros que não devem ser comunicados senão àquele a quem se ama. Amar, não o esqueçamos, é doar a própria intimidade. Por isso, diante do amado somos, deveríamos ser, sempre transparentes e autênticos.
Ricardo Yepes Stork (19953-1996). Foi Professor de Filosofia na Universidade de Navarra (Espanha) e autor de diversos livros, entre eles Fundamentos de Antropologia. Leia o texto completo aqui.
fonte: blog do Mauricio Serafim
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