20.1.10

Quando nós somos os parasitas

O que você faz quando um vírus ou uma bactéria infecta seu corpo e começa a causar algum tipo de doença? Você reage. Tomando remédios ou por ação natural do corpo, que fará o que puder para se ver livre do parasita. Você pode se livrar deles ou vencê-los por um tempo, mas eles são seres tão nocivos que aprenderam a migrar para outros órgãos, a ficar quietos e esperar uma nova chance para atacar e também a passar do seu para outros corpos. Se não fizermos nada, eles são capazes de nos matar, matar nossos familiares, nossos vizinhos, milhares de pessoas.

Mas, por um instante, imagine-se no lugar deles. São seres vivos, agrupados em comunidade, se multiplicam, querem comer, querem viver. Você acha correto que lhes tiremos esses direitos? Sim, claro! Ou nós ou eles. Ou acabamos com eles ou eles acabam conosco.

Então qual o motivo de nos sentirmos tão afetados, tão chocados, tão comovidos quando o grande corpo que chamamos de Terra tenta se livrar de seus parasitas? De nós, os parasitas da Terra. Não é correto que ela nos negue o direito de viver, de nos multiplicarmos, de comer e destruir tudo que vemos pela frente para que possa se salvar? Sim, claro! Ou ela ou nós. Ou ela acaba conosco ou nós acabamos com ela.

Terremotos, tsunamis, alagamentos, altas temperaturas… Você nunca passou por isso? Não estou perguntando se você já esteve no Haiti, na indonésia, em São Paulo ou no Rio, estou perguntando se você não já teve tremores, suores, espirros, diarreias, febre, durante o processo de expulsão de algum parasita. Você nunca passou por isso?

Depois da descoberta de um tumor, você certamente já ouviu que “os exames dirão se é maligno ou não”. Se não for, melhor nem mexer. Vai ficar ali quietinho, vivendo harmoniosamente com você. Não será a causa de doenças, muito menos de sua morte. Há tumores benignos, assim como há humanos benignos. Mas quase nunca esperamos os exames. Tiramos logo e só depois vamos saber se era maligno ou não. A Terra faz o mesmo. Manda uma onda ou um terremoto, destroi uma ilha inteira, mata milhares, não se importando com quem é bom ou mau. E também não se lamenta por isso. Ela queria o mesmo que nós: ficar livre dos parasitas. Afinal, parasita bom é parasita morto, concorda?

Pode ser que você nunca tenha pensado nisso, mas saiba que você nunca esteve só. Mesmo que você seja mais ignorante que eu, já deve teve ter ouvido falar em flora intestinal. São bactérias vivendo em seu intestino e que o ajudam a digerir e até a se proteger de outras bactérias que poderiam lhe causar algum mal. Sim, há bactérias que sabem viver em paz e harmonia com o corpo que habitam. Na maioria das vezes, os homens não são tão evoluídos assim e não conseguem ter esse comportamento, mas isso talvez se deva ao amadurecimento da espécie, afinal, as bactérias são muito mais antigas que os humanos. A gente chega lá.

Temos grande dificuldade em viver em harmonia. Temos grande dificuldade em aprender com as próprias experiências. Temos grande dificuldade em aprender com nossos erros. Não aprendemos com as religiões, que tentam nos ensinar que assim como é no macrocosmo é no microcosmo; como é acima, é abaixo; “assim na terra como no céu”; que há um retorno de nossas ações. Não aprendemos com as ciências, que tentam nos ensinar que os recursos do planeta não são infinitos; que se poluirmos, vamos beber água poluída e respirar ar poluído; que vamos torrar se continuarmos superaquecendo o lugar onde vivemos. Parece que não aprendemos com nada, de forma alguma. As bactérias aprendem; nós, não.

Exagero meu. Claro que aprendemos algo. E foi com as bactérias. Há poucos dias, me chamou atenção a seguinte notícia: Astrônomos dizem que planetas habitáveis devem ser encontrados em até cinco anos. Durante milênios, não conseguimos conhecer todos os tipos de vida que há na Terra, desconhecemos por completo muitos lugares, não conhecemos a cura de várias doenças, não sabemos dividir os alimentos e deixamos milhares de pessoas morrerem de fome todos os dias, não sabemos o que fazer com o lixo que produzimos, não sabemos nem viver em paz dentro de nossas próprias casas, mas gastamos milhões procurando um outro planeta habitável.

Para quê? Para fazermos como as bactérias: migrarmos para outro corpo quando este entrar em colapso e não pudermos tirar mais nada dele. Matamos um e buscamos outro para continuarmos nossas vidas miseráveis e inúteis.

Somos o pior tipo de câncer que existe. Crescemos sem controle, sem respeitar limites, invadimos todos os lugares, destruímos tudo e ainda programamos uma metástase, buscando um novo lugar para onde possamos nos transferir e continuar com nosso estúpido comportamento.

Não preciso acreditar em karma, em planos e castigos divinos ou em previsões científicas. Eu acredito no óbvio, naquilo que consigo enxergar. Somos parasitas. Seremos exterminados pelo corpo hospedeiro ou morreremos com ele. Algo diferente, só se evoluirmos com uma rapidez jamais experimentada por qualquer espécie sobre a Terra. E nisso, infelizmente, eu também não acredito.

Fonte: SEMPRE ALGO A DIZER

2 comentários:

Anônimo disse...

Onde eu assino?
Bjooo...

Ederley disse...

Como disse o anjo no livro do Apocalipse: Bem feito aos homens Senhor, que recaia a Tua ira sobre os que destroem a terra.

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