8.2.10

Bombril, o renascimento

"Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima."
(Paulo Vanzolini)

A marca não é uma das mais importantes propriedades de empresas e pessoas; é a única. Assim, e por decorrência, o único seguro de vida profissional e empresarial de qualidade que empresas e pessoas podem ter, e ser, é uma marca de qualidade. Exemplos desse axioma se repetem permanentemente no horizonte de nossas observações, mas, neste momento, o da Bombril é um dos mais emblemáticos e reverenciados. A marca Bombril salvou a empresa que leva o nome Bombril.

Fundada no ano de 1948, por Roberto Sampaio Ferreira, tornou-se rapidamente designação genérica da lã de aço; incorporando à sua personalidade suas 1.001 utilidades, emprestando sua chancela a um dos programas de maior audiência dos anos 50, o “Cirquinho Bombril”, decolou feito um foguete. A qualidade de seu produto, a consistência de sua distribuição e a simpatia decorrente de seu marketing superior praticamente a tornou detentora de quase toda a categoria por ela mesma criada.

Como se isso não bastasse, e numa das mais importantes contribuições da propaganda para uma marca na história do marketing brasileiro, 30 anos depois, 1978, Washington Olivetto e Francesc Petit criam, Andrés Bucowinsky dirige e Carlos Moreno interpreta, e vive, o garoto Bombril. A marca dá um novo e descomunal salto de qualidade e se credencia para ampliar o espectro de sua abrangência.

Em 1981 morre o fundador e os filhos assumem a empresa. Nove anos depois, e com a empresa supervalorizada, os filhos vendem 2/3 das ações ao Grupo Ferruzzi; em 1991, a Cragnotti & Partners passa a deter 100% da empresa.

Em pouco tempo estava envolvida em fraudes financeiras, desvios de dinheiro, mais de 500 títulos protestados e 12 pedidos de falência. Após uma longa briga na Justiça, Ronaldo Ferreira com 51% das ações retoma o controle e o comando da empresa. E inicia o processo de recuperação no dia 18 de julho de 2006. Na ocasião a companhia ostentava um patrimônio líquido negativo de R$ 794 milhões, e nos três anos e meio da nova gestão de Ronaldo, esse número já caiu para próximo de R$ 200 milhões. O faturamento fechou 2009 acima dos R$ 1,1 bilhão, o lucro retornou de forma vigorosa, e desde então a empresa vem crescendo a uma taxa de 14% ao ano.

Depois desses três anos e meio Ronaldo diz que a Bombril volta a reluzir e está mais que pronta para a retomada do sucesso: “Perdi 20 anos fora da empresa e mais três dentro, quando a gente apanhou muito. Neste ano de 2009, começamos a auferir os bons resultados, mas 2010 será o grande ano... acredito demais nessa empresa e na marca...”. (Revista Distribuição).

A Bombril é hoje o grande exemplo de como uma marca pode sustentar e possibilitar a recuperação de uma empresa, por pior que seja a sua situação, e por mais fundo que tenha mergulhado. Claro, desde que existam pessoas com garra, determinação e comprometimento, que, em apoiando-se à marca, produzam o milagre da ressurreição; ou, se preferirem, do renascimento.

Francisco Madia, no Propaganda & Marketing.

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