7.2.10

Os 4 rabinos

"O cuidado com que se deve penetrar no universo psíquico..."

"Uma noite quatro rabinos receberam a visita de um anjo que os acordou e os levou para a Sétima Abóbada do Sétimo Céu. Ali eles contemplaram a sagrada Roda de Ezequiel.

Em algum ponto da descida do Pardes, Paraíso, para a Terra, um rabino, depois de ver tanto esplendor, enlouqueceu e passou a perambular espumando de raiva até o final dos seus dias. O segundo rabino teve uma atitude extremamente cínica. "Ah, eu só sonhei com a Roda de Ezequiel, só isso. Nada aconteceu de verdade." O terceiro rabino falava incessantemente no que havia visto, demostrando sua total obsessão. Ele pregava e não parava de falar do projeto da Roda e no que tudo aquilo significava... e dessa forma ele se perdeu e traiu sua fé. O quarto rabino, que era poeta, pegou um papel e uma flauta, sentou-se junto à janela e começou a compor uma canção atrás da outra elogiando a pompa do anoitecer, sua filha no berço e todas as estrelas do céu. E daí em diante ele passou a viver melhor."

"Numa vesão talmúdica dessa história intitulada 'Os quatro que entram no Paraíso', os quatro rabinos entram no Pardes, Paraíso, para escutar os mistérios celestes e três deles enlouquecem de uma forma ou de outra quando põem os olhos na Shekhinah - a antiga divindade feminina."

"A história recomenda que a melhor atitude para vivenciar o inconsciente profundo é a do fascínio sem exagero ou retraído, sem excessos de admiração ou de cinismo; com coragem, sim, mas sem imprudência. (...) significa viver aquilo que percebermos, seja o que for encontrado nos campos elísios da psique, nas ilhas dos mortos, nos desertos de ossos de La Loba, na vertente da montanha (...) onde quer que La Loba sopre sobre nós, nos transformando. Nossa função é a de mostrar que recebemos esse sopro - demostrá-lo, divulgá-lo, cantá-lo, vivenciar no mundo aqui em cima o que recebemos através de percepções repentinas da história, do corpo, dos sonhos e das viagens de todos os tipos."

Clarissa Pinkola Estés, no excelente Lobas que correm.

Um comentário:

afonsomfneto@hotmail.com disse...

'Shekhinah' era uma antiga divindade feminina ?
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Até onde sabemos Shekhinah é designando, no judaísmo, a face ( ou uma das) da revelação divina aos homens, a "Divina Presença".
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Ainda que seja considerada uma designção, ou vocábulo "feminino" não significa, em hipótese alguma, NEM FORÇANDO que seja uma divindade feminina
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O vocábulo "shechiná" não aparece na Bíblia Judaica nem no Novo Testamento, sendo uma palavra derivada da raiz hebraica cujo significado é "habitar", "fazer morada".
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Shekhinah tem o mesmo significado que a palavra grega “Parousia também uma palavra feminina (literalmente: “presença”). É usado em uma maneira similar para “a presença Divina”.
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E semelhante a Shekhinah, Parousia NÃO é divindade feminina
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