De acordo com o autor do estudo, o especialista em psicologia evolutiva da London School of Economics, Satoshi Kanazawa, “homens inteligentes estão mais propensos a valorizar a exclusividade sexual do que homens menos inteligentes”.
Kanazawa analisou duas grandes pesquisas americanas a National Longitudinal Study of Adolescent Health e a General Social Surveys, que mediam atitudes sociais e QI de milhares de adolescentes e adultos.
Embora muitos ateus recebam com gosto algumas “pesquisas” que indiquem que eles são melhores em alguma coisa, eu vejo este cenário sob um prisma um pouco mais crítico. É realmente gostoso para o ego saber que sua posição ideológica denotaria uma maior inteligência. Mas os argumentos me pareceram bem fracos. Usando uma pesquisa qualquer, com uma diferença mínima, um psicólogo evolucionista “acha” que existe uma correlação entre determinados fatores, diz que estes são mais inteligentes do que aqueles e pronto: todos os blogs e a mídia acrítica se dão o trabalho de republicar com entusiasmos este novo “achado” científico. As coisas não são tão verdadeiras assim. Vamos aos fatos.
Primeiramente, os testes de QI não são tão precisos quanto gostaríamos. Há críticas bem fundamentadas sobre influências que deturpam um teste de QI. Embora valores discrepantes de QI realmente indiquem uma maior ou menor capacidade intelectual, valores menores podem ser desconsiderados. Ou você realmente se acharia mais inteligente se tivesse 6 pontos a mais de QI que uma outra pessoa? Pois esta simplória diferença é aquela encontrada pelo pesquisados em sua “brilhante” descoberta ao dizer que ateus são mais inteligente que crentes: irrisórios 6 pontos de QI!
Quanto ao fato de que pessoas mais inteligentes seriam menos propensas à traição, temos uma diferença de apenas 9 pontos. Neste caso, temos explicações diversas que poderiam clarear esta diferença. Chega a ser cômico, mas bem dentro do real. Uma psicóloga propõe, simplesmente, que homens mais inteligentes deixam menos rastros de suas traições e, assim, são descobertos menos que outros menos preparados.A questão humana é bem mais complexa do que nos simplificar a máquinas impulsivas ou reativas à doses de hormônios. Como aponta bem outra psicóloga, as relações humanas são compostas de diversos fatores que não podem ser reduzidos a questões meramente físicas ou estruturais do cérebro. Assim como conseguimos resistir à tentação de comer e beber, por maior que seja nossa vontade, também conseguimos manter a fidelidade em um relacionamento a despeito do que nosso corpo pedir.
A questão sobre ateísmo, ao menos na pesquisa deste psicólogo, chega a ser risível. Teorizar que ateus são mais inteligentes do que os crentes por causa de 6 pontos de QI (que por si só já é contestável) obtidos de uma pesquisa estatística me soa, inclusive, irresponsável. Pior ainda é ver sites, blogs e discussões acaloradas sobre bases tão frágeis e suspeitas. Felizmente, eu não estou sozinho no meu repúdio a este “racismo científico” que Kanazawa espalha pelo mundo.O biólogo PZ Myers não apenas desqualifica totalmente a “pseudo-pesquisa” de Kanazawa como também nos mostra um pouquinho sobre este patético aspirante a pesquisador. Satoshi Kanazawa acha interessante que a resposta aos atentados de 11 de Setembro fosse um maciço bombardeio de armas atômicas sobre o Oriente-Médio (e o critério?). Em outra pérola, Kanazawa afirma que países pobres, como os africanos, não conseguem melhorar sua taxa de mortalidade e expectativa de vida por causa de um baixo QI (e as guerras? A exploração?). Agora você sabe quem é o “brilhante” pesquisador por trás desta cômica descoberta… evolutiva!
2 comentários:
Hummm... a pesquisa até poderia estar certa se referenciasse o Brasil, país onde QI alto é sinônimo de sucesso na política e nos negócios.
P.S.: QI = Quem Indica...
Quando recebi a notícia da superioridade dos ateus em relação a crentes fiquei chocado com a pretensão do pesquisador, visivelmente político-ideológica. Escrevi um e-mail para o amigo que havia me enviado e publiquei no meu blog também: http://andrevhs.blogspot.com/2010/03/monkey-business-science.html
Um abraço.
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