21.3.10

Pelas barbas do profeta

Adereços ridículos, eunucos conformados – assim é a série bíblica da Record


FALTOU GILETE
O pobre Gorgulho, com o barbão postiço: humor involuntário


Na minissérie A História de Ester, no ar há três semanas, os bispos da Record extraem um elemento insuspeito das Escrituras: o humor involuntário. Ba-sea-da no livro bíblico que narra a paixão da judia Ester por um rei persa em 400 a.C., a produção de 5 milhões de reais tem batalhas que emulam as do filme americano 300. O embate que ressalta na tela, contudo, é outro: saber qual ator ostenta a barba postiça mais ridícula.

Na opinião desta revista, os veteranos Paulo Figueiredo e Paulo Gorgulho levam de barbada. O primeiro (o nobre Memucã) tem o rosto e a cabeça cobertos por copiosos pelos brancos, além de um adereço carnavalesco na testa. Já Gorgulho (o vilão Hamã) surge com cabelo e barba em tons e texturas distintos entre si. Para completar, a série tem um núcleo de eunucos carecões. Talvez por fidelidade ao nome bíblico – Hegai –, o principal deles (André di Mauro) usa lápis nos olhos e se esmera nos "uis". Ao minimizar o drama de um recém-castrado, pontificou: "No começo, é difícil. Mas, com o tempo, ele supera". É uma frase insuperável.

fonte: Veja

em contraponto à Vênus platinada, temos os bispos c/ platinado queimado.

3 comentários:

Charles A. Müller disse...

Acho que Veja não pesquisou antes de fazer a crítica. Se olharmos ilustrações do Império Persa (até mesmo googando um pouco ou consultando a Wikipedia) veremos os nobres com longas barbas, muitos tecidos finos e jóias (guerreiros usavam até pedras preciosas nas barbas). Já os eunucos tinham o cabelo raspado (era um símbolo da condição social de escravo). No filme "300", o imperador Xerxes I (vivido por Rodrigo Santoro) aparece de cabeça raspada, com um comportamento afetado. Este filme é adaptação dos quadrinhos de Frank Miller que por sua vez se inspirou nos relatos de Heródoto, logo é uma perspectiva dos gregos (inimigos dos persas), naturalmente faziam uma imagem negativa do opositor.
Já a série da Record se baseia na perspectiva judaica (do livro bíblico de Ester, embora concilie com referências gregas) e os judeus foram favorecidos com o governo persa, assim Xerxes (chamado na Bíblia de Assuero) aparece barbado. Só exageraram ao "suavizar" o temperamento do monarca, historicamente conhecimento por sua tirania e violência. Como se trata de uma adaptação livre, a autora não precisou seguir exatamente as referências bíblicas, acrescentando alguns elementos (usou até Shakespeare para os personagens Aridai e Ana), o que é comum em obras de ficção (em "300" isto também ocorre), sem descaracterizar a essência. Atores até poderiam deixar suas barbas crescerem para dar mais realismo, mas a produção deve ter optado pelas postiças, por uma questão de prazos ou praticidade.
No livro de Ester o nome Deus não é citado explicitamente, mas traz uma mensagem especialmente bela de amor (em meio a guerra), de fé (e fidelidade), perseverança e vitória. É caso de Hamã, que foi condenado à forca que ele mesmo fez para o homem de Deus chamado Mardoqueu (ops, escapou um spoiler).
A Record já havia produzido uma série com este tema, mas esta nova versão (com orçamento de R$ 5 milhões, valor alto para 10 capítulos de novela) foi mais precisa nos detalhes.

Anônimo disse...

CONCORDO TOTALMENTE COM O CHARLES. O PERSONAEM HEGAI, VIVIDO POR ANDRÉ DI MAURO, RETRATA O BOM HUMOR. NA ÉPOCA EM QUE A MINISSERIE É AMIENTADA, TODOS OS HOMENS USAVAM BARBAS E CABELOS LONGOS, OS EUNUCOS TINHAM A CABEÇA RASPADA.
A HISTÓRIA DE ESTER ESTÁ ÓTIMA DE VER!

Dio disse...

Que os protagonistas históricos usavam barba niguém nega. Mas duvido que tais barbas - naturais - fossem tão caricatas qunto essas falsas usadas pelos atores.

Mais uma vez fica a impressão de que tudo que é feito por"evangélicos" sempre é nivelado por baixo...

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