21.3.10

Sentimentos de um filho

Pedi permissão ao Leonardo, nosso filho, para postar uma das cartas que ele escreveu ao pai. Eis aí:

Meu pai

Amor alegria, paz e euforia, sonhos e emoção
Cabiam juntos em um único coração
Alguém que pôde amar sem medida a todos
Alguém que pôde sarar as feridas
Que alegrava quem estava perto
Que segurava a mão sem um motivo certo

All-is-on. Seu nome já o definia. Mesmo cercado de problemas se mantinha alegre e sereno. Vou sentir falta de, no fim do dia, ouvir-lo entrar pela porta e perguntar: “E aí, filhote? Como foi teu dia?”. Vou sentir falta de ser acordado em qualquer hora para receber um abraço apertado e ouvir ele dizer: “Te amo, filhotinho!”. Vou sentir falta da euforia e da ansiedade dele em me mostrar mais uma música que tinha acabado de compor, fato tão rotineiro, que já nem despertava tanto interesse. Vou sentir falta de ficar bravo com ele por mudar as notas das músicas na hora do louvor. Vou sentir falta de me envergonhar por ele parar, que nem um bobo, pra me ver e ouvir cantar. Vou sentir falta daquele sorriso orgulhoso quando compus uma música e fui até ele mostrar.

Sem ele, toda a minha vida fica incompleta, sem o parceiro para cantar um dueto de pai e filho.

Estou sem o cara, que até para me repreender dava um sorriso e dizia que me amava. Sem o cara que eu fazia chorar todo segundo domingo de agosto com uma carta. Sem o cara que as vezes deixava de pagar uma conta, pra que eu pudesse ter uma noite com os amigos.

Ele era assim: amor acima de tudo. Amava tanto que chegava a ser ingênuo e pisado pelos outros. Aquele tipo de pessoa que sempre te dava uma segunda chance (2ª,3ª,4ª...). Aquele cara que para ver a família feliz, movia montanhas.

Ele é uma pessoa que jamais será esquecida, porque o seu reflexo está na minha vida e eu garanto, que mesmo longe, ele será amado por várias gerações. Meu filho vai sentir orgulho do vovô Allison, e vai cantar suas canções, porque uma vida como essa não merece acabar apenas na memória dos que conviveram com ele.

Ele é o meu maior orgulho, e por conta da herança genética e artística que recebi dele, às vezes ouvia e ouço de algumas pessoas: “Negão, tu é foda!” E eu falava e vou continuar falando: “Foda é meu pai, eu sou fodinha!”.

Leonardo Diéb Ambrósio [via Alma grande]

2 comentários:

Will disse...

Chorei!!!

Anônimo disse...

Como não chorar? E não 'apenas' chorar, mas se olhar e perceber no profundo o que de real estamos construindo... ou não.
Obrigado pela partilha, Pava!
Deus abençoe e acalante os que sentem a falta do grande Allison.

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