A escolha de Plínio Soares de Arruda Sampaio (histórico militante leigo da ação popular católica) para ser o pré-candidato à Presidência da República pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), durante conferência nacional realizada sábado, 10/4, no Rio de Janeiro, significa o ingresso de mais um representante da esquerda cristã, ao lado da evangélica Marina Silva (PV), na disputa pelo comando do governo federal. Plínio, que completa 80 anos em julho deste ano, é um intelectual e ativista político que militou em movimentos leigos da igreja. É um respeitado intelectual de esquerda católica e um defensor da Teologia da Libertação entre o laicato. A representante do PV também não nega suas origens libertárias. No evento em SP, além de elogiar os candidatos paulistas e o pré-candidato carioca Fernando Gabeira, Marina ressaltou ter aprendido muito com o ex-bispo católico e teólogo da libertação, Leonardo Boff (“meu grande amigo”).
No domingo, 11, Marina discursou durante o lançamento da pré-candidatura de Fábio Feldmann ao Governo do Estado e Ricardo Young ao Senado pelo Partido Verde, e se declarou feliz com “o movimento que estamos fazendo até aqui”, referindo-se à mudança de partido e sua candidatura em nível nacional: “o Brasil é mais que um plebiscito em torno do passado e de biografias”. O Brasil precisa de um processo político e um debate “em torno dos desafios que temos pela frente”. Segundo a pré-candidata, é preciso estar unido em torno de propostas e projetos, não de personalidades. “Não basta dizer que temos que estar unidos. Vai estar unido em torno do quê? Precisa estar unido, não em torno de quem, mas em torno dos desafios do Brasil. As ideias de Plínio podem ser lidas na tese que propôs ao PSOL.
Marina falou sobre a tragédia no Rio de Janeiro e criticou as autoridades: “há 20 anos que cientistas e ambientalistas estão dizendo que as chuvas demorariam mais a chegar e, quando chegassem, viriam de forma torrencial. Sempre dissemos que os mais humildes seriam os mais atingidos. Hoje chegamos ao extremo dos eventos e da omissão”.
O atual candidato do PSOL à Presidência foi candidato ao Governo de SP em 2006, ficando em quarto lugar, com 1,29% dos votos (93.000). Ele e Marina têm poucos chances de vitória nas eleições deste ano. Mas as ideias de Marina (como nesta entrevista detalhada da pré-candidata do PV) e as teses do PSOL, apresentadas para discussão na conferência que o nome de Plínio nacionalmente, trazem uma visão de Brasil bem diferente daquilo que habitualmente recebemos na grande mídia e pode servirm, ao menos, de reflexão e contra-ponto para comparação. Vale a leitura.
Lenildo Medeiros, na Agência Soma.
Esperemos que na pauta da campanha o debate "evangélicos X católicos" passe longe.
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