11.4.10

Mais Drummond e eu

“Carrego comigo, há dezena de anos... o pequeno embrulho...” Este “pequeno embrulho” é um exemplar do Novo Testamento & Salmos da Trinitariana, que eu sempre levo na bolsa para ofertar a alguém que ainda não conheça a Bíblia. Foi lendo um destes (presenteado por um amigo gideão) que encontrei Jesus e a Ele me entreguei, em 1978.

Vamos usar mais algumas palavras de Drummond, adaptando-as ao Senhor: “Perder-Te seria perder a mim próprio... Não estou vazio, não estou sozinho, pois anda comigo” o meu Salvador.

Às vezes sinto medo de morrer, não do que me espera do outro lado, pois confio em Jesus, mas porque acho que vou sentir muita falta de ar, na hora da morte. Houve um tempo (nos anos 60) em que tive bronquite asmática, quando trabalhava com produtos químicos (resorcina e anidrido ftálico). Logo que parei de me expor aos gases químicos, fiquei totalmente curada. (Deus me deu uma tremenda capacidade de recuperação física).

Desde aquele tempo, comparo a morte à falta de ar e observo as palavras do poeta: “No poço mais ermo e quedo... Desta hora tenho medo”. E por falar em medo, ele prossegue: “Fomos educados para o medo. Cheiramos flores do medo. Vestimos panos do medo... Vem harmonia do medo, vem o terror das estradas... Faremos casas de medo, duros tijolos de medo... O medo com suas [formas] físicas, tanto pode ser [de] carcereiros, edifícios, escritores... Ele povoa a cidade... dançando o baile do medo”.

Drummond diz muitas verdades, como esta: “Os lírios não nascem da lei”. Até parece Paulo falando da Lei de Moisés, conforme Gálatas 3:10-11: “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé”.

Aqui se entende que, se um crente evangélico entrega o dízimo e deixa de cumprir todos os 613 mandamentos da Lei de Moisés, é amaldiçoado. Algum pastor tem a coragem de admitir (e pregar) isto? Claro que não! Se ele o fizesse, como iria faturar à custa da ignorância dos crentes?

Voltando ao Drummond: “Mas não sou as coisas e me revolto”. Eu também me revolto, quando vejo pastores malaquianos transformando os crentes em coisas - em vítimas de sua ganância - como esse impostor Mike Murdock, que está arrancando uma grana violenta dos leigos pentecostais, prometendo que se eles plantarem uma semente de 1.000 reais, poderão colher frutos centuplicados. Um tipo como este deveria ser proibido de entrar no Brasil e também deveriam ser encarcerados os jacarés espirituais que trabalham para ele, usando a TV para isso.

Continuo afirmando que ver as novelas da Globo é muito menos perigoso do que ver e ouvir esses marreteiros carismáticos. “É tempo de muletas”. Os cristãos que não conhecem bem a Palavra de Deus costumam se apoiar nas muletas carcomidas pelo cupim doutrinário desses líderes da prosperidade... Leia +.

Mary Schultze [via Vigiai.net]


“Tempo de cinco sentidos num só”... Eles usam apenas o sentido da audição das pobres ovelhas, a fim de conduzi-las aos currais do engodo, de onde elas saem surdas à verdade que liberta da mentira religiosa, aderindo à operação do erro e caindo na apostasia dos tempos finais. Murdock é um desses enganadores. Os crentes “se quedam mudos, sentam-se... últimos servos do negócio”, do negócio que enriquece os vendilhões da Palavra.

“Para cada hora e dor... há fortes bálsamos”. Sim, bálsamos que emergem dos Salmos, untando com o óleo sagrado do Espírito Santo nossas feridas diárias. Ele nos “declina de toda responsabilidade” de aceitar o sofrimento, como se fôssemos cristãos estóicos. Os médicos e medicamentos são por Deus permitidos e devem ser usados para o nosso conforto. Não devemos aceitar a falsa doutrina da Palavra da Fé, a qual ensina que “um cristão não pode ficar doente, nem deve usar medicamentos”. Eles adoecem, sofrem e morrem, sob o jugo de suas próprias mentiras.

Conheço uma excelente médica brasileira, formada em Portugal, que entrou nesse engodo e deu baixa no seu registro no CRM. Quando descobriu as mentiras da “apóstola” nacional, teve o maior trabalho para reaver o seu registro, além de ter-se endividado horrivelmente, dando dinheiro à igreja da “apóstola”. Ela afundou em depressão. Vi o seu drama, fiz tudo para ajudá-la e, felizmente, hoje ela está de volta a uma igreja batista (de onde jamais deveria ter saído), cujo pastor é um Psicólogo, e já se encontra saudavelmente reabilitada na fé e na profissão.

Sentados em tronos de ouro maciço, os líderes da prosperidade se encharcam de analgésicos (e até de whisky), enquanto proíbem os medicamentos, pregando abstinência de tudo. Alguns até costumam cair na “fanerose” de suas mentiras... ou melhor, de suas bebedeiras. Benny Hinn é um desses. Esses jacarés do engodo obrigam os cristãos a suportar o barulho e a confusão de suas “sinagogas”, a fim de os entorpecerem...

Viver naturalmente, longe do engodo das falsas doutrinas carismáticas, é obrigação de todo cristão que se preza, orando no recôndito do seu quarto, conforme lemos nas Lamentações de Jeremias 3:25,26,28 “Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR... Assente-se solitário e fique em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele”.

A hora mais triste de nossa vida é aquela que nos “colhe sozinhos”, quando perdemos a fé e os amigos desaparecem. Os mais jovens imaginam que jamais terão os problemas da terceira idade, com um colesterol elevado, diabetes, osteoporose... Por isso, devemos indagar ao mais arrogante:“Amigo, não sabes que existe o amanhã?” Quando ele chegar, você vai se lembrar que “nos áureos tempos que eram de cobre”, ficar “farto da cidade será bem difícil e continuar menino”. É verdade: “Na roda do tempo, devolve-se a infância a troco de nada”.

Minha avó me chamava Dadita e implicava comigo. Eu a classificava exatamente como hoje me classifica a neta Luísa, de “avó terrorista”, só que o termo era mais respeitoso: “vovó durona”. “Eu pávida escutava, não compreendia... pobre de mim não via” o quanto ela me amava! Naqueles dias da infância no Crato, “vi outros enigmas à feição de flores...” que ainda se dispersam nas brumas do tempo. “Irredutível no canto, superior à poesia... rola o milhão de palavras” , que minha avó dizia. Minha infância faleceu de um mal chamado “Cronose”, muito pior do que a “Tuberculose”, com um tipo de vírus que se esconde por longos anos, nos enfraquece, nos arqueia o corpo e nos liquida de vez. “Tudo foi breve e definitivo”. Hoje, tenho gravados alguns trechos da história linda que foi minha infância, à qual eu gostaria de voltar, para amenizar a saudade cortante que agora me envolve inteira.

Na poesia “eu me sinto bem e aí me sepulto”, vestindo uma longa túnica de crepe azul celeste, coberta de águas marinhas. Pois, a vida que agora tenho é “paz no cansaço”, num “tempo eludido e domado”.

“Ó, que saudades que eu tenho” / da minha infância, no Crato,
onde tudo era barato, / principalmente o pequi,
e nem se usava dinheiro / para comprar buriti...

Mary Schultze [via Vigiai.net]

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