27.4.10

Misericórdia, justiça e a comunidade GLBT (2)

Há muitos comentários desde que Jennifer Knapp falou à revista CristianityToday. Como era esperado, a resposta da comunidade cristã foi híbrida. Algumas pessoas ficaram completamente enfurecidas, enquanto outras aplaudiram sua honestidade e transparência. Qual, em sua opinião, é a melhor resposta que a igreja deve dar a Jennifer e a outros como ela?

Embora a reportagem devesse ser sobre a retomada da carreira de Knapp e seu novo álbum, foi a homossexualidade que se tornou notícia. Ao invés de falar sobre o álbum, parece que todas as conversas eram sobre sua sexualidade, o que, como ela mesmo diz, é um aspecto de sua vida privada. O fato de ela ser lésbica afeta minha maneira de vê-la como criação de Deus? Não. O fato de ela ser gay significa que sua música é algo menos artística ou agradável? Não. Sua música não pode mais ser tocada em determinadas estações de rádio porque ela é lésbica? Claro que não. Como artista, eu quero apoiar seu novo álbum e sua decisão de ser alguém que continua tentar entender o que significa a vida cristã. Para mim, é sempre uma alegria ver outros artistas continuarem a fazer arte mesmo depois de anos em silêncio.

Quanto às igrejas e os cristãos, penso que esta é uma grande oportunidade de validar sua experiência. Obviamente Knapp, e outros que são gays, tiveram grandes lutas e foram expostos a muita hostilidade por parte da comunidade cristã. Este é um momento para que as igrejas digam: “Estamos com você, enquanto você tenta entender o que significa ser cristã e ao mesmo tempo ser lésbica.”

Quando homens e mulheres gays entram em nossas igrejas, devemos nos alegrar. A maioria das igrejas fechou suas portas para estes homens e mulheres. O fato de eles terem demonstrado graça e continuarem querendo conhecer a Cristo deveria ser um motivo de alegria.

Há uma diferença entre a concordar e apoiar; estar junto não significa que concordamos com tudo. Podemos estar ao lado de pessoas sem que tenhamos de concordar com suas ações ou opiniões. Estou com meus amigos não-cristãos, mesmo que eu não concorde com determinadas idéias políticas ou suas vidas particulares. Do mesmo modo, devemos estar junto com Jennifer Knapp e outros que tiveram experiências semelhantes.

O tópico da homossexualidade é algo incrivelmente sensível na igreja… como as igrejas devem começar a conversar sobre esta questão e como dar respostas?

Neste momento, a homossexualidade é um tópico que pode dividir igrejas. Então, quando começamos a dialogar sobre essa questão, devemos lembrar que será algo confuso. Mas ser confuso é algo bom. Contudo, esse assunto não deveria nos dividir. É o poder do evangelho que aproxima pessoas tão diferentes, pessoas confusas, para juntos adorarem a Cristo.

Paulo exorta a igreja em Corinto a terem o mesmo pensamento e o mesmo propósito. Ordena que não haja nenhuma divisão entre cristãos. Isto não significa que temos de concordar teologicamente com essa questão, mas que devemos permanecer unidos como irmãs e irmãos em Cristo.

Estar unidos no pensamento e no propósito significa que nós amamos a Deus com todo o coração, alma e mente, e amamos nossos próximos (todos eles) como a nós mesmos. Devemos entender que se ficamos divididos nessas questões e tratamos mal nossos irmãos e irmãs em Cristo, o mundo olhará para nós e dirá que não quer nada com Cristo. Dessa maneira manchamos o santo nome de Deus.

O fato de que as igrejas estão começando a dialogar sobre essa questão é uma grande conquista; devemos nos alegrar. Mas desafio igrejas a serem pacientes e cheias da benevolência e misericórdia. Aprendam a escutar histórias e teologias de outras pessoas, mesmo os que se opõem à sua opinião, para que possamos ser pessoas sábias. (continua)

fonte: Tim Schraeder
tradução: Jarbas Aragão

4 comentários:

André L. disse...

Como eu retwitei... excelente, sensato e ponderado. Por um povo "cristão" mais paciente, amoroso e misericordioso.

Anônimo disse...

1 Coríntios 6:10
Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.

Ever.TON disse...

Como disse o André:
"Por um povo 'cristão' mais paciente, amoroso e misericordioso."
[[acrescento]] Sempre lembrando onde estamos firmados e o que a Bíblia diz sobre o assunto (pois como cristãos refletimos sobre a Bíblia nossa vida). E que ser amoroso não é relativisar tudo, mas agir com verdade.

Achei muito legal o texto. Concordo. Devemos abraçar,beijar, conviver, sorrir, chorar com todas as pessoas isso é bonito!
Somos seres humanos vivenciando a experiência humana. A maior aventura existente.

Legal que o texto deixa claro que ainda que não concordemos com a atitude de alguém podemos viver juntos dando suporte um ao outro na caminhado com o Senhor.
Compartilho da mesma visão.

Quezia disse...

Quando li este texto lembrei do pastor que parou de cortar o cabelo com um cara otimo porque descobriu que ele era gay. E por estas e por outras que acho muito dificil entender o cristianismo deste povo (e olha que nasci e cresci, numa destas comunidades, que tinha muito de vale e pouco de bencao) ;-)

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