Em termos gerais, há três classes de pessoas nesse mundo. A primeira classe é o Povo; possivelmente integra a classe mais ampla e de maior valor. Devemos a essa classe as cadeiras em que nos sentamos, as roupas que vestimos, as casas em que moramos e, de fato (quando chegamos a pensar nisso), provavelmente nós mesmos fazemos parte dessa classe. A segunda classe pode-se denominar, por conveniência, a dos Poetas. Em geral, são um mal para suas famílias, mas um bem para a humanidade. A terceira classe é a dos Professores e Intelectuais, algumas vezes descritos como os pensadores; e estes são uma praga e desolação para suas famílias e também para a humanidade.
É claro que nessa classificação, às vezes, há sobreposições, como em qualquer outra classificação. Algumas boas pessoas são quase poetas e alguns maus poetas são quase professores. Porém essa divisão segue a linha de um segmento real da psicologia. Eu não a ofereço às pressas. Tem sido fruto de mais de dezoito minutos de reflexão séria e de investigação.
A classe que se denomina Povo (a que você e eu, com tanto orgulho, nos sentimos ligados), tem uma série de casuais e, no entanto, profundas suposições chamadas “senso-comum”, como a que diz que as crianças são encantadoras, ou que o anoitecer é melancólico e sentimental, ou que um homem lutando contra três é um belo espetáculo. Porém, esses sentimentos não são imperfeitos, nem sequer são simples.
O encanto das crianças é muito sutil; é até complexo, ao ponto de ser quase contraditório. Em seu sentido mais simples, é uma mistura de alegria e impotência. O anoitecer desperta um sentimento que até mesmo na canção mais vulgar ou no mais desprezível casal de namorados, pode tornar-se um sentimento agradável. É estranhamente equilibrado entre tristeza e prazer. Também poderíamos descrever como um prazer que proporciona tristeza.
O surto de cavalheirismo pelo qual todos nós admiramos o homem que luta contra a injustiça não é muito fácil de se definir separadamente; significa muitas coisas: compaixão, surpresa, drama, desejo de justiça, deleite de experimentar o desconhecido. As idéias do povo são realmente idéias muito sutis, mas ele não as expressa de maneiras sutil. Na verdade, não as expressam de modo algum, exceto naquelas ocasiões (agora muito raras) em que são dadas à insurreição ou ao derramamento de sangue.
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Reproduzo aqui o próprio comentário do Agnon: Nesse ensaio, Chesterton classifica as pessoas em três tipos: o povo, os poetas e os intelectuais. Aqui, como sempre, ele levantará sua espada em defesa do senso-comum, elogiará os verdadeiros poetas e golpeará a arrogância dos intelectuais.
23.4.10
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