Freud já dizia: o centro da neurose é o complexo de Édipo - e isso é família e ponto. Está suposto que o pai é bom sujeito, que escuta o que você fala e sabe mais. Tudo chanchada. A maioria é ignorante.
Quando me dizem "pai do céu", tenho arrepios! Jeová é um horror de autoridade. A mãe é o inverso. No Brasil, boa parte das mulheres trabalha e fica naquele lamento: "Deveria estar com meus filhos". Não, minha filha! Fique longe, é ótimo para ele.
O mal do mundo é o apego, a mãe que tem o filho como objetivo de vida, pelo qual ela sacrifica tudo. Todo mundo pensa que ela não vai cobrar porque é mãe. Ela cobra ferozmente, com choradeira e vitimização. Ninguém faz nada de graça, nem mãe.
Metade dos drogados do mundo é conseqüência de atritos familiares, porque os costumes mudam, mas o pai e a mãe não mudam, estão fora do mundo.
José Angelo Gaiarsa, 86 anos de idade e 50 de psicanalista, em entrevista à Revista da Folha.
16.10.06
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2 comentários:
"Ninguém faz nada de graça, nem mãe"
Juro que queria ouvir os comntarios das maes sobre isso. Concordo com o cara.
"O mal do mundo é o apego, a mãe que tem o filho como objetivo de vida, pelo qual ela sacrifica tudo. Todo mundo pensa que ela não vai cobrar porque é mãe. Ela cobra ferozmente, com choradeira e vitimização. Ninguém faz nada de graça, nem mãe".
Como mãe que sou, vou tentar responder a sua questão.
Já fiz muito isso que ele falou. E também, já fui muito cobrada por meus filhos. Cobrada na atenção, no carinho, no dinheiro e em bens que nem sempre pude ou posso lhes conceder. A vida é uma cobrança eterna. Porque quando não nos cobram nada, cobramos de nós mesmo. Cobramos comportamentos mais condizentes com o evangelho, cobramos melhor desempenho em nosso trabalho, em nossos relacionamentos.
Mas, tenho aprendido por lição, que ser cristão não é cobrar aquilo que pessoas não podem nos dar. Sobretudo, nossos filhos. Aprendi que meus filhos, apesar do exemplo que penso ter lhes dado de integridade, vêem muitos defeitos em mim, e nem não me acham, nem eu mesma, tão íntegra assim. Aprendi que eles têm direito de cometer seus próprios erros, tem o direito de acertar e errar através de seus próprios pensamentos e ações. Aprendi que não evitamos quedas alheias, nem mesmo as próprias. Antes, com elas aprendemos a ser melhores. Sabe como aprendi isso? Errando. Aprendi dentro de igrejas bitoladas, que massacram seus fiéis com imposições descabidas e anti-bíblicas, que mais afugentam do que unem. Fiquei muito bitolada por isso, e não me ajudou em nada, desaprendi muita coisa. Sabe quem me fez ver as bitoladas impostas pela igreja? Meus filhos!
Então querido, a vida é uma sucessão de erros e acertos, mas se formos sensíveis, aprenderemos com ambos, se estivermos prontos a mudar, mudaremos diante da adversidade e da alegria.
Perfeito não o seremos aqui, mas podemos nos esforçar para sermos melhores enquanto é possível.
Kesia
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