25.12.06

Logorréia (1)

O "dado concreto" é que "nunca na história deste país" um presidente esteve tão "convencido" de que não existe "mágica na economia", seu governo está fazendo uma "revolução na educação" e o "século 21 será da América Latina" -e tudo isso é "extraordinário".

Os termos e as expressões acima são algumas das mais comuns nas 1.127 falas oficiais, a maioria delas de improviso, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez até o último dia 15 em seu mandato.

Em discursos, pronunciamentos ou declarações, ele recorreu a elas centenas de vezes para embasar sua retórica, diante de platéias tão distintas quanto sem-terra e banqueiros, seja em lançamentos de obras ou balanços de programas.

A média de Lula é próxima a um discurso a cada dia útil da semana. Já houve casos em que o petista falou ao microfone por quatro vezes num intervalo de 12 horas. Neles, adotou artifícios retóricos, amparou-se largamente nas metáforas, principalmente nas futebolísticas, e demonstrou habilidade oratória e espontaneidade ao deixar seu linguajar acessível a todas as classes sociais.

Mas a quantidade de improvisos e de discursos longos, alguns deles com mais de 40 minutos, também acarreta inconvenientes ao presidente, como gafes, inflação de ações e de promessas de governo e descontrole nos ataques à mídia e à oposição.

Na semana passada, por exemplo, Lula causou reação negativa em políticos, acadêmicos e personalidades ao dizer que pessoas com mais de 60 anos que permanecem de esquerda têm problemas.

fonte: Folha de S.Paulo

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