O fenômeno Record (1)

As Rádios e TV Guaíba, de Porto Alegre, passaram oficialmente ao comando da Record, que também comprou o jornal Correio do Povo, o mais antigo e com maior número de assinantes da capital gaúcha.

No Correio do Povo, a transferência da direção só deve acontecer no dia 30/03, e até agora nem repórteres nem colunistas se manifestaram a respeito da venda. No dia da posse, o novo presidente afirmou que não haveria mudanças estruturais no veículo.

A nova aquisição contribui para a manutenção da Record como a segunda maior audiência do país no horário nobre, perdendo apenas para a Globo. Atualmente, a rede da Igreja Universal já cobre 98% do território nacional, e conseguiu inclusive superar a proposta financeira da emissora carioca para a transmissão dos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres. Com um acordo estimado em US$ 60 milhões com o Comitê Olímpico Internacional (COI), o grupo terá exclusividade nas transmissões, incluindo internet, TV paga, satélite e telefones.

Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, José Carlos Torves, a venda da Guaíba e do Correio do Povo movimentará o mercado editorial gaúcho e contribuirá para melhorias nos programas. “A disputa pela audiência deve melhorar a qualidade da produção jornalística local e influenciar para novas contratações em um mercado há muito tempo estabilizado”, aponta.

De acordo com Torves, que conversou pessoalmente com o diretor jornalístico da Record, Douglas Tavolaro, a emissora não utilizará os canais comprados para transmitir programas religiosos, e está disposta a lutar pelos telespectadores da Globo nacional e regionalmente. “Essa concorrência deve melhorar inclusive a programação da RBS, que não vai querer perder público.”

Entre as mudanças anunciadas por Tavolaro a Torves estão a ampliação do grupo de trabalho no jornalismo e a reformulação do setor esportivo. “Considerando que praticamente toda a programação de TV era terceirizada na Guaíba, o que se espera são novas contratações e investimentos para a produção local.” Na opinião de Torves, a afiliada gaúcha da Globo não deverá perder a liderança em curto prazo, mas, “após assistirmos as eras de Assis Chateaubriand e da Globo, vem aí o fenômeno Record”.

fonte: Comunique-se